Os cães vivem muito pouco, para o amor que lhes
ganhamos “ (José saramago)
Olhar esse animal que nos olha do outro lado do
espelho do mundo mas todavia próximo de nós, significa pensar o que significa
viver, falar, morrer, ser, ser feliz, estar no mundo e com o mundo. O animal
que nos olha olhando-nos no desamparo da nossa solidão e nudez, para lá do bem
e do mal, bem pode ser este cão de José Saramago. Deixou-nos com um pensamento
basilar: “Há uma coisa em que as vitórias e as derrotas se parecem: É que, nem
umas nem outras são definitivas”( José Saramago ).
Quantas vezes já ouvimos um dono a falar do seu
cão, do cão da família, do seu cão que pensa que é um membro da família, tudo
muito simples e até engraçado, sem
sabermos explicar o porquê? Não é que tal explicação tenha qualquer interesse,
a realidade é que um dos benefícios inesperados de ter um cão é a forma como
eles afectam a nossa vida, o nosso modo de sentir e viver a vida, pondo uma certa beleza no
mundo, como imortais na vivência pessoal dos que sabem ver e também sentir.
Como deixou escrito Cora Coralina : “Embora não
possamos acrescentar dias à nossa vida, podemos acrescentar vida aos nossos
dias.”
Como é agradável ao sentir aqueles benefícios
mais fantásticos dos cães que é a sua
extraordinária capacidade de nos fazerem sentir calmos, o que tem um efeito
brilhante na nossa saúde. Acariciar o nosso animal de estimação por apenas
alguns minutos pode fazer o nosso cérebro libertar substâncias químicas que nos
fazem sentir bem e, em alguns casos, até reduzir a nossa pressão arterial .
Tudo isto é óptimo para a nossa saúde em geral. A
nossa pressão arterial tem um grande efeito no nosso bem-estar. Por isso, da
próxima vez que sentir algum “stresse,” ou simplesmente precisar de parar,
dedique algum tempo a mimar o seu animal de companhia. Ambos beneficiarão
disso! Como disse Milan Kundera “Os cães
são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o
descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é
voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz.”
Como muito bem
sabemos o nosso cão vai faz-nos sair de
casa e experimentar coisas que nunca tínhamos considerado, nomeadamente o
aumento de forma significativa da nossa actividade física regular, sem que se
apercebamos disso, mas para além disto o que torna o nosso passeio diário do nosso cão muito mais
interessante, é conhecer novas pessoas .
É pouco provável que
na nossa azáfama diária possamos parar para falar com um estranho que se cruza
connosco na rua, mas ao contrário todos sabemos que tal não acontece quando
passeamos o nosso cão e como é fácil falar com outras pessoas, enquanto o nosso
cão procura fazer novos amigos. Na verdade temos algo em
comum: os nossos cães são sociáveis e amigáveis. “Não sei se a vida é curta
ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não
tocarmos o coração das pessoas”. (Cora Coralina)
Por vezes não temos
motivação para fazer uma caminhada
sozinhos, mas quando sabemos que o nosso cão precisa de fazer exercício, não
pensamos duas vezes. Todos os passeios nos parques e aventuras no campo ou praia são momentos extra de exercício físico.
Um dos maiores benefícios de ter um cão é a forma como eles nos encorajam a ser
mais activos, o que suporta tanto a nossa saúde como a deles.
É quase impossível
sentir-se sozinho ao lado do seu cão e por uma boa razão. A maioria dos
cães é muito sociável e adora ter companhia, seja canina ou humana. Quando o
seu cão o recebe cheio de alegria, quando chega a casa, ou lhe mostra que quer
dar o seu passeio preferido, sabe que terá sempre um amigo ao seu lado.
Parece que os nossos cães estão sempre prontos
para nos animar e nós também queremos que eles sejam o mais felizes possível.
As relações maravilhosas que temos com os nossos cães são um testemunho das
suas personalidade, lealdades e felicidade. Eles são de facto os melhores
companheiros do mundo!
Aqui
fica um poema de Manuel Alegre para o seu cão Kurika: “Como nós eras altivo/fiel
mas como nós desobediente./Gostavas de estar connosco a sós/mas não cativo/e
sempre presente-ausente/como nós. Cão que não querias ser cão/e não lambias a
mão/e não respondias à voz./Cão como nós.”
“
São precisamente as perguntas para as quais não há resposta, que marcam os
limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras de nossa
existência. (A
alma e o corpo, de A insustentável leveza do Ser-Milan Kundera)
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