sábado, agosto 03, 2013

Liberdade de pensamento 2013

New post on Almeirim 2013

Dos Símbolos Escondidos

by Diogo Pascoal
Diogo Pascoal
Diogo Pascoal
Num dos últimos textos que por aqui se vão lendo, um raciocínio interessante despertou a minha atenção. Neste, um dos cronistas abordava nada mais nada menos, que a estratégia política de colocar os símbolos dos partidos num lugar de menor destaque numa tentativa de criar um movimento “independente” apenas apoiado pelos mesmos.
Implicitamente, falava-se por aqui nesta questão como uma manobra política destinada unicamente a maquilhar ou desviar a atenção dos eleitores, visto serem estes os partidos que apoiam no parlamento o governo de Portugal (o governo das medidas impopulares). Percebo, concordo e naturalmente aceito a ideia. Qualquer eleitor irá achar exactamente o mesmo. Ainda assim claro, pode ser criticável.
 Tomei a liberdade de pensar no assunto e acho que até há algo mais a acrescentar. Possivelmente, quem necessita de encontrar candidatos supostamente independentes para dar a cara por um projecto, revela uma falta de quadros competentes dentro das próprias estruturas.
Surgiu-me no entanto, nesta coisa dos símbolos e das siglas uma pequenina ideia que, permitam-me, é tão ou mais interessante. É que veja-se, há uma certa verdade venenosa na ideia de que há por aí gente que esconde símbolos (o senhor Dan Brown ia deliciar-se). E não sendo eu um admirador confesso da coligação, sou perfeitamente insuspeito ao partilhá-la.
Numa terra pequena como Almeirim, e já tive oportunidade de o afirmar antes, dificilmente temos um eleitorado esclarecido. A proximidade imposta pelos órgãos do poder local ao cidadão comum constitui uma barreira ao voto isento. Nós temos interesses, ponto. Queremos que a camioneta do Zé saia de cima do passeio, queremos que o cão do Zé saia do nosso passeio, queremos no final de contas um passeio!
Queremos um candeeiro à porta de casa, queremos um ecoponto ao pé de casa. Queremos muitas vezes criar envolvência com o poder local, na tentativa de manter o emprego ou de não arranjar problemas com os senhores que mandam (nunca percebi essa coisa do medo de perder o emprego - cheira a um passado cinzento que os meus livros de História dizem ter acabado). Acima de tudo queremos ser amigos dos senhores ou pelo menos parecê-lo.
Mas ter amigos tem um preço (no meu caso vai desde uns copos à noite até às explicações de matemática), e o preço a pagar por ser amigo do senhor dos favores é simples. Vestir a camisola e encarnar o personagem. E nada melhor para o fazer que ser embaixador desses senhores nas associações do concelho. Pois…volto ao mesmo assunto.
Por isso, no que toca a disfarçar símbolos, é esta a ideia que faltava e com a qual procuro contribuir. É que mais dissimulado que reduzir o tamanho das siglas e dos símbolos, é enfiá-lo pela goela de toda a gente escondendo-o no associativismo da terra. Pior que uma coligação que não mete medo a ninguém e não tem responsabilidades no estado de Almeirim, é um partido que sucessivamente tem abafado a democracia, tem criado um mecanismo e um polvo de amizades e interesses no qual os assadores de febras das tasquinhas funcionam como excelentes catalisadores. Em boa verdade, quem é que esconde símbolos aqui? Ou melhor, qual é o símbolo que tem sucessivamente apadrinhado e patrocinado de forma completamente descarada algumas das maiores vergonhas desta terra? Clubes altamente endividados com apoios municipais, obras completamente ridículas e desnecessárias feitas com fins eleitorais, tudo com o patrocínio de um só símbolo. E o melhor caros amigos, é que o símbolo não está lá mas todos o vêem e todos levam com ele! Isto sim, é arte e engenho político!
É bem verdade que parte da culpa reside numa oposição fraca e incapaz, de onde pelo que vemos ultimamente, todos acabam por sair para ser amigos dos senhores também.
É que os senhores do castelo de Kafka nunca foram vistos e mandavam. Aqui alguns mandam justamente por serem vistos em todo o lado.
A conclusão deste meu raciocínio caberá naturalmente a cada um. Agora uma coisa é certa, enquanto uns tentam esconder símbolos tornando-os pequeninos, há outros que o fazem da melhor forma, vinculando-o a todo o santo sítio.
Já dizia o provérbio: “Com papas e bolos se enganam os tolos”. Em Almeirim bastam as tasquinhas e meia dúzia de jogos de futebol.
Será com certeza uma campanha animada e à qual ninguém ficará indiferente. Com sorte, teremos até carros de campanha com bonitas sirenes.