“Se choras porque perdeste o Sol, as lágrimas não te deixarão ver as estrelas.“(Rabindranath Tagore)
Todos nós conhecemos palavras que se tornam estigmas, ou por condenações ou por simples atitudes, mas que se fixam como tabuletas na testa de quem subitamente é forçado a viver com elas. Conviver todos os dias com palavras e os seus significados, podem ainda deixar de fora a ideia, na premissa de que as palavras são todas iguais. Para muita surpresa nossa não o são. “Por vezes, acontece acordar com uma palavra mais na vida, e falamos dela como se fosse uma palavra mais, mas rapidamente a ilusão desaparece - como se na verdade alguma vez tivesse existido.”( Não Respire de Pedro Rolo Duarte)
Há quem diga que a maior riqueza duma pessoa é perder todos os preconceitos instalados
na vida. São as pessoas que tem que se acostumar e adaptar aos “novos modos de
viver” e aprender que não são esses “tempos” que se adaptam a nós, mas nós que temos que nos adaptar a eles. Temos que
saber reconhecer os acontecimentos de um conjunto de dolorosas
circunstâncias de uma pandemia, que a todos nos obrigou a soluções atípicas
para podermos continuar em frente com as nossas vidas. Ninguém sabe ao certo o
que nos espera nas próximas semanas e nos próximos meses. “Um dos efeitos do
medo é perturbar os sentidos e fazer que as coisas não pareçam o que são”.
Com esta frase do poeta castelhano Miguel de Cervantes não estou nem quero
realçar a palavra “medo” e defender que
devemos deixar de temer tal perigo. Nada disso. Já escrevi outras vezes e vou
repetir: ter medo é absolutamente normal. O que eu pretendo e quero é passar a mensagem de que devemos agir
e avançar apesar do “medo”. Precisamos reverter a influência negativa do temor
para alcançarmos resultados positivos. Como disse Augusto Cury: “Os
problemas nunca vão desaparecer, mesmo na mais bela existência. Problemas
existem para serem resolvidos, e não para perturbar-nos.”
Se algum dia renasceres para a vida como eu
renasci, e teres a consciência que será uma “nova oportunidade que te é dada
para viver a vida” aprende com o passado e não tentes copiar a vida de ninguém.
Faz as tuas escolhas, conscientes, responsáveis, mas ousadas e loucas como
sempre quiseste fazer. Na senda dos teus sonhos, vai fazendo o que sempre quiseste
fazer, faz a arte que inspira, escreve tudo o que transpira e embrenha-te no
que sentires que é de valor. Procura estar em paz contigo, ser uno, autêntico,
verdadeiro, tu és o teu melhor amigo e confia na vida e nas oportunidades que
ela te dá. Todos devemos ter prioridades na vida, no desejo, e no coração, mas
nunca devemos fazer coisas que nada têm
a ver com esse propósito. “Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa
e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade,
enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.”(Miguel
Torga)
Mas relembro que a vida não é formatada, a vida
não segue nenhum padrão, a vida acontece a cada um como tem de acontecer. Por
isso podemos afirmar, a todos os que querem realmente mudar, que não tenham
medo de o fazer, não é preciso muitos planos, tudo estudado ao pormenor sem
deixar espaço ao imprevisto, porque da surpresa vêm muitas vezes a oportunidade
e a alegria de poder fazer um dia aquilo que sempre sonhaste e não ousaste
acreditar. E termino nesta imensa solidão, que poderia dizer que, talvez com
lágrimas que podem ser de tristeza, de raiva, de instabilidade emocional ou de
alegria. As lágrimas são úteis para nos libertarmos ocitocina e endorfinas que
aliviam a dor física e emocional, como lembram Ana e Isabel Stilwell, numa das
suas crónicas. “Decididamente as minhas favoritas são as lágrimas de
alegria. Já reparaste que são as mais difíceis de explicar a uma criança? Hoje
em dia choro mais nas chegadas do que nas partidas, e nos filmes comovo-me
muito mais com a bondade do que com a crueldade e a violência. Deve ser da
idade!”