“NENHUM HOMEM É UMA ILHA”. (John Donne)
A este propósito, sendo agora o “tempo do
regresso às aulas”, li que uma “das
futuras medidas do governo para o próximo ano lectivo; a partir de um certo ano
de escolaridade, (penso que ainda a definir), os alunos deverão ter a
responsabilidade de desinfectar ao fim do dia a mesa de trabalho de forma a que
desempenhem um papel activo no
impedimento da propagação do vírus, não substituindo o papel do auxiliar de
educação, mas sim, de ajudar a minorar uma questão que a todos diz respeito.”
Sobre isto acabei de ler o seguinte comentário a
esta notícia;
"Filho meu não vai limpar
nada porque não tem essa obrigação, as auxiliares que limpem porque ele não é
empregado de ninguém".
Apetece-me contar-vos uma história que será de
memória comum a muitos de nós.
“No tempo
dos meus pais, dos vossos pais, no meu tempo, as crianças que podiam ir à
escola (poucas, porque na aldeia a abundância era inexistente), muitas delas
iam descalças. Depois de terem acordado com as galinhas e de ajudarem os pais
na lida da casa, de alimentarem o porco e os patos, as galinhas que viviam no pequeno quintal, depois de
ajudarem a mãe a dar o pequeno almoço aos irmãos mais novos, depois e só
depois, descalços, iam por terra batida para a escola e em bandos como pardais,
sem vigilância parental. Os pais tinham que ir bem cedo para os campos guardar
gado, cavar de sol a sol. Já tinham a responsabilidade de cuidar, mas também a
liberdade de usarem as asas.
A
mochila dos Pokémons, Frozens, Patrulha Pata e o caraças era um cinto das
calças que apertava os manuais escolares que imaculados e religiosamente
poupados que nem peças de colecção, serviriam mais tarde para os irmãos mais
novos. As crianças já tinham
responsabilidades de dar valor ao que tinham.
Na
sala de aula tinham a responsabilidade de se portarem bem, de cuidarem do
escasso material escolar disponível, de respeitarem a professora. Caso não
acontecesse, estava prometida uma galheta pelas trombas o as mãos ardiam com
aquela régua de madeira com nozes.
Tinham
a responsabilidade de respeitar.
Muitas
dessas crianças só tinham uma muda de roupa e sabiam que teriam que a poupar,
não havia dinheiro para mais, a família era pobre e essa consciência já estava
bem definida.
Hoje
em dia alguns pais não querem que os filhos tenham responsabilidades
(julgam os mesmos demasiado
"preciosos" para que o simples acto de limpar uma mesa seja somente a
obrigação de alguns).
São
estes burgueses de cocó armados ao pingarelho que acham que os filhos são
pequenos príncipes (mesmo que tenham 18 anos). Os outros, são os serviçais.
Um
dia os "príncipes" serão os futuros cagões que perante a velhice dos
pais, simplesmente desaparecem, porque não têm estofo para lidar com
responsabilidades.
Se
acho que antigamente tudo era bom? Não acho.
Se
acho que antigamente é que era bom? Não acho.
Se
acho que os pais de antigamente pecavam pelo exagero? Também acho.
Se
acho que antigamente se respeitava mais o próximo? Ah... isso acho.
Não
sou ninguém para opinar sobre como devem criar os vossos filhos, mas isto é só
bom senso, gente!
Nada
mais que isso. Bom senso.
Vou
repetir; bom senso.
Porra
pá, só vão pedir aos vossos filhos que passem um pano por cima de uma
superfície plana que poderá estar contaminada e que, no pior dos cenários,
poderá levar ao falecimento de alguém. É
assim tão descabido?
E já
agora de ganhar cinco dedos de testa, ide. "
Desconheço autoria deste texto in facebook “Tocaprender Centro de Estudo e Ocupação de Tempos
Livres “( O texto não é meu... mas concordo plenamente... )