segunda-feira, abril 17, 2017

VOLTAR À NORMALIDADE DO DIA A DIA!


Agora que aos poucos o nosso País retoma a normalidade não podemos nem devemos esquecer o que se passou neste nosso País entre 2011 e 2015 em que fomos vitimas de um dos lados mais execráveis da política económica que nos foi imposta por Passos Coelho e que, em certos aspectos “algo doentio” a forma como esse primeiro-ministro ia adoptando uma agenda económica, que não tinha sido apresentada aos eleitores. Passos Coelho não arranjou argumentos de natureza económica para justificar as suas medidas de austeridade extremas, optou por uma estratégia que visava quebrar a auto-estima dos portugueses.
Há grandes semelhanças entre a forma como o governo de Passos Coelho tratou os portugueses e o que se passa com as mulheres que são vítimas de violência doméstica. Nestas situações o abusador tenta quebrar a auto-estima da vítima incutindo-lhe um sentimento de culpa, que a condiciona na resposta. Muitas vítimas de violência doméstica sentem-se culpadas, chegam até a pensar que são vítimas de violência por culpa própria, acabam por se sujeitar e na maior parte dos casos são incapazes de quebrar esse círculo vicioso.
O argumento usado por Passos Coelho e alguns dos seus ideólogos foi o de que a austeridade foi consequência do excesso de consumo. Os portugueses tinham culpa e deviam espiar os seus pecados, eram culpados por gastar o que não tinham, por ter férias em excesso, por gozarem mais feriados do que os alemães. Durante meses fomos comparados com os alemães, de um lado os gandulos que gostam de consumir o que é dos outros, do outro um povo exemplar, trabalhador, poupadinho e amigo do patrão, era o próprio primeiro-ministro e os seus ideólogos que justificavam a suas medidas como castigo merecido.
“Não se tratava de uma política económica, era um castigo, uma auto-flagelação merecida por pecadores, os pobres e a classe média abusaram do crédito para consumirem acima do que podiam, tinham de expiar os seus pecados, a legislatura foi uma imensa semana santa, com um pecador convencido da culpa a assumir os seus pecados. O ministro das Finanças era o “bispo”, Passos Coelho o confessor que determinava o castigo que voltaria a abrir as portas do céu a um povo pecador.”
Aos poucos o País vai saindo do pesadelo que lhe foi imposto, da manipulação psicológica que lhe foi imposta, o cidadão comum deixou de sentir um peso na consciência por gozar férias ou por usar o cartão de crédito. Acabaram-se as intervenções idiotas de Gaspar, os discursos irritantes do agora rico Paulo Portas ou as baboseiras económicas da iletrada Maria Luís.  

Aos poucos o nosso País retoma a normalidade, pois  temos, como sempre tivemos, o Sol, fado e o futebol. E com algumas poucas virtudes e alguns defeitos, nomeadamente “dos nossos políticos”, contam-se pelos dedos de meia mão, aqueles que revelam colocar o primado da Lei democrática e da decência comunitária acima das paixões e da decadência. Que mais podemos querer?

sábado, abril 01, 2017

ATÉ QUANDO VAMOS FINGIR QUE NÃO PERCEBEMOS?


De acordo com a nossa percepção das coisas, a maior parte das pessoas sabem que na política há portuguesa há muito lugar para o combate trauliteiro e lugar nenhum para a sensatez e os compromissos no interesse público da generalidade dos cidadãos.
Ainda a propósito do sucesso politico na gestão das contas publicas em 2016, não me parece estranho que Passos Coelho tenha falta de memória, é que depois de ter prometido votar no PS se este respeitasse as metas do défice, de ter apelado à direita europeia que boicotasse o governo, de ter esperado a rejeição do OE pelo Eurogrupo, de ter exigido um plano B, de ter anunciado a vinda do diabo, não consegue aceitar os resultados! Mais parece um presidente de um clube desportivo mau perdedor, a dizer que houve um penalti por assinalar!!
Este e outros mais fazem parte daquele “grupo” de políticos, que “conseguiram capturar parte do poder politico” que gostam de navegar algures entre a ilusão e a irrealidade, o malabarismo e a irresponsabilidade, a propaganda e a manipulação e as inverdades e os factos alternativos, sem qualquer profissionalismo num reino de amadorismo, formando um grupo de políticos palavrosos e inconsequentes, na imitação de uma turma de liceais imprevisíveis, incoerentes e incapazes de perceber onde estão e ondem vivem.
Na verdade o que esta “gente” não quer aceitar é que o sucesso nesta redução do défice é extremamente positiva, e por várias razões: Demonstra à saciedade que existia alternativa ao “não havia alternativa”! Que essa alternativa não passava pela simples austeridade sempre sobre os mesmos, (reformados, pensionistas e os que vivem do salário), tidos por únicos responsáveis pelo descalabro das contas públicas. Porque se demonstra que os Bancos portugueses (melhor banqueiros) e internacionais, os verdadeiros grandes responsáveis tinham, não pés de barro, mas pés de areia e movediça… Que a paz social, as reversões e a confiança geral que, por si só, impulsionam a economia, são mais importantes que quaisquer discursos macroeconómicos, sempre discutíveis e dependentes de posicionamentos ideológicos já caducos.
Também é verdade que não basta ter descido em 2016. É preciso que a trajectória continue descendente, e o Governo assim promete e tem orçamentado. Porquê? Porque só assim se fundamenta sem quaisquer hesitações e suspeitas por parte das instituições europeias a sua sustentabilidade e a certeza de um caminho correcto para afirmação política deste Governo e desta solução governativa. E quando se fala em pelotões, como se de uma prova ciclista se tratasse, é bem melhor ir à frente, do que se ter que fazer um esforço de recuperação que pode ser inútil.
Por isso, neste momento, tendo-se alcançado aquilo que nunca se alcançou, tendo-se conseguido uma afirmação perante a CE que não existia, sendo possível apresentar argumentos, em suma, creio ser salutar continuar este caminho, para mim o caminho certo. Quem não estiver de acordo que objecte e apresente outro “Não são tempos para brincar, mas brinca-se!” Até quando vamos nadar a fingir que não vemos ou não percebemos?
Armindo Bento (Economista –aposentado)