quinta-feira, março 20, 2014

MENTIROSO COMPULSIVO!!!!

É do conhecimento da população, o vídeo "PEDRO PASSOS COELHO - BEST OF 2010 - 2011",  no entanto deixo aqui o mesmo para eventuais desconhecedores apenas como complemento ao assunto que aqui me traz.

http://www.youtube.com/watch?v=gNu5BBAdQec

Na recente chamada do Passos Coelho ao seu gabinete,  Ângela Merkel terá tratado de orientar o Passos Coelho (ou dar-lhe a directiva, que vai dar ao mesmo)  sobre a saída do resgate, que tudo indica, irá ser  aquela a que se convencionou chamar por "saída limpa". 
É claro que ao Primeiro Ministro convinha dar um ar de independência nacional e logo tratou de deixar claro que ele ainda não decidiu qual vai ser a "saída" como se tivesse voto na matéria.

Mais adiante no seu discurso, uma declaração em particular me chamou a atenção: "O desemprego está a baixar" disse o PM com ar sério. (para o Best of)
Mas se nós, portugueses, conhecemos o temperamento  do Passos Coelho, é preocupante ver  Ângela Merkel ouvir isto sem pestanejar, o que pode significar uma de duas coisas: Ou a Ângela Merkel não conhece o "Best of" do Coelho, o que sendo inadmissível para uma figura política com o seu poder,  é mau; Ou conhece-o muito bem, e assim sendo,  então é muito pior.

Ainda  a conferência de imprensa da Ângela Merkel e do Passos Coelho está fresca na memória, eis que sai hoje na imprensa um relatório da OCDE sobre Portugal muito negro. (Penso que este relatório deveria ser dado conhecimento público e não ficar escondido como sempre acontece quando os assuntos são incómodos para os governantes. Entre outras revelações preocupantes, há uma, impressionante pelos números, e preocupante pela omissão governamental: "2700 empregos são destruídos por semana".  (lembro as palavras do Passos Coelho na conferência de imprensa ao lado da Merkel sobre o desemprego estar a baixar)

http://www.ionline.pt/iopiniao/derrapagem-social/pag/-1  
E a propósito deste mesmo relatório, também quero lembrar as recentes palavras da Ministra das Finanças (antiga professora de Passos Coelho, perita em contratos SWAP  que terão consequências pesadíssimas para os contribuintes durante largos anos) 

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=3766511           
e perguntar à Ministra como ela concilia a sua afirmação "(...) procura interna fará crescer a economia(...)" com os 2700 empregos destruídos por semana anunciados pela OCDE?


Uma coisa é certa: O actual estado social é consequência do projecto tenebroso do Passos Coelho que afirmou "só saímos da crise, empobrecendo", ou seja, o Passos Coelho a mando da troika, publicamente faz questão em proclamar que o país já está a sair da crise, mas no íntimo está consciente do estado para onde está a atirar a população, pois foi esse o seu objectivo, empobrecer o povo, como ele próprio afirmou

segunda-feira, março 17, 2014

AINDA O MANIFESTO DOS SETENTA

Ao constarmos a forma violenta como o governo e a tralha neoliberal, e mesmo o senhor Presidente da República, reagiram a um simples manifesto não augura nada de bom para a saúde da nossa democracia.
O manifesto tocou noutra ferida do governo: os falsos e demagógicos apelos ao "consenso". Ficou provado que é possível encontrar consensos na sociedade portuguesa. O apelo à reestruturação da dívida reuniu pessoas de todos os quadrantes políticos, de Bagão Félix a Francisco Louçã, de João Cravinho a Carvalho da Silva. Até o incrédulo Jerónimo de Sousa, alinhou, ao dizer: "Este manifesto só pecou por chegar tarde, mas mais vale tarde do que nunca". Isto quer dizer que é possível alcançar consensos na sociedade portuguesa, mas não à volta das políticas suicidárias do governo. E, assim, se desmascarou o outro eixo do governo para enganar incautos e conseguir votos. Não é um consenso com o maior partido da oposição que o governo quer. Quer meter o país de cócoras à volta de um pensamento único - a austeridade e os interesses dos "mercados"

Por isso aqui fica algumas das REALIDADES A QUE FOI CONDUZIDO O NOSSO PAÍS PELO GOVERNO PASSOS/PORTAS

• A dívida pública portuguesa atingiu os 130% do PIB no final de 2013, o que coloca Portugal como o sexto país do inundo com maior peso de dívida (à frente estão Japão, Grécia, Líbano, Jamaica e Itália). A média da Zona Euro está nos 90%, já superior aos máximos registados no pós-Segunda Grande Guerra;

• A factura de juros da actual dívida ronda os 4,5% do PIB ao ano. Para cumprir o compromisso europeu mais básico, Portugal terá de caminhar para um excedente orçamental antes de juros na casa dos 4% do PIB nos próximos anos, e de 3% na década seguinte, valores nunca registados no Portugal democrático e difíceis de encontrar na Europa nas últimas décadas. Acresce que o envelhecimento populacional pressiona cada vez mais as contas e as perspectivas de crescimento não são animadoras;

• Todos, mesmo a troika, concordam que para a dívida pública ser sustentável, será central que a economia cresça próximo dos 4% em termos nominais (2% em termos reais), num momento em que decorre todo um debate internacional sobre a possibilidade de termos entrado numa fase de baixo crescimento permanente nas economias avançadas;

• Na frente privada, as empresas e as famílias devem cerca de 280% do PIB, do qual 165% está por conta das empresas, que ocupam o quarto lugar, no ranking da Zona Euro. Para manter o "stock" de dívida privada constante, seria necessário que o sector privado crescesse quase três vezes mais do que a taxa de juro, num contexto de bancos com prejuízos e custos de financiamento especialmente elevados;

• Finalmente, entre 1970 e 2008, mais de 80% dos casos de incumprimento em países de rendimento médio aconteceram com níveis de dívida externa (privada e pública) inferiores a 80% do PIB. Entre 1970 e 2000, a média da dívida externa nas economias avançadas foi de 55% do PIB. No final do ano passado, Portugal devia ao exterior mais de 250% do PIB - quase cinco vezes mais.


Perante estes valores, como digo, é muito mais estranho que se recuse debater o problema, do que existirem 70 pessoas que considerem que a situação é insustentável. Aliás, o risco de algum tipo de reestruturação é uma percepção generalizada entre especialistas em endividamento. E é mesmo muito fácil encontrar economistas da área financeira que as recomendam

quinta-feira, março 13, 2014

Miss Swaps (e o Governo) vista de fora

Miss Swaps (e o Governo) vista de fora


A Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu decidiu investigar a actuação da troika nos países resgatados. Liem Hoang Ngoc, eurodeputado francês, é o relator do relatório que avalia as operações da troika. Eis um excerto da entrevista que hoje dá aoDiário Económico:
    O eurodeputado Diogo Feio deu a entender que o Governo português não quis criticar a 'troika' devido à situação actual de Portugal - o programa de assistência financeira aproxima-se do fim e o pais está a negociar o próximo passo. Portugal não teve margem para responder de outra forma?
    - O meu colega Diogo Feio deu importantes contributos para o inquérito. A sua ajuda foi fundamental para consolidarmos as nossas críticas, quer à 'troika' quer aos programas implementados, e a prova de que este inquérito do Parlamento Europeu pode evitar os perigos do partidarismo. Discorda, contudo, da perspectiva da ministra Maria Luís Albuquerque que, genuinamente, não vê a 'troika' como um problema. Na sua resposta diz que a 'troika' é bem-vinda, pois constitui uma oportunidade para implementar a sua agenda política, isto é, cortar nos salários e na despesa pública. Da mesma forma que não levanta questões sobre a legitimidade democrática e a 'accountability' do programa de assistência, descartando a necessidade de um aval por parte do Parlamento.

    - Ficou admirado com esta perspectiva por parte da ministra das Finanças portuguesa?
    - A ministra das Finanças não é a única na Europa a defender esta posição. Os conservadores alemães também defendem esta linha de acção, assim como a maior parte dos deputados do Partido Popular Europeu. Um Governo diferente, com uma agenda política progressista e uma visão progressista da democracia, teria governado Portugal de outra maneira, tal como teria respondido ao nosso inquérito de uma forma totalmente diferente.

    Considera que o FMI e a Comissão Europeia tinham diferentes perspectivas sobre as medidas impostas aos países intervencionados?
    - Essa é uma das principais conclusões do nosso inquérito. O FMI não só tinha uma perspectiva diferente sobre a austeridade como a deu a conhecer aos restantes membros da 'troika' numa fase relativamente inicial, mais concretamente a 10 de Maio de 2010, no caso da Grécia. O FMI defendeu a reestruturação da dívida grega e o financiamento da assistência bancária na Irlanda através de fundos retirados aos proprietários dos bancos. Também propôs que a redução do défice fosse faseada ao longo do tempo, por forma a acautelar o crescimento, em todos os Estados- membro. A Comissão Europeia e o Banco Centrai Europeu [BCE] não subscreveram esta posição. O BCE opôs-se à reestruturação da dívida grega, rejeitou um 'bail in' na Irlanda e defendeu sempre uma austeridade particularmente dura. Na ausência de deliberações democráticas transparentes, acabou-se por implementar as políticas erradas.

UMA ALTERNATIVA AO SAQUE das REFORMAS E PENSÕES

UMA ALTERNATIVA AO SAQUE das REFORMAS E PENSÕES

Se não devemos ignorar a necessidade,  de receitas do Estado para cobrir o défice orçamental e para levar a cabo acções de impulso ao crescimento económico, também devemos ter a capacidade de não serem os reformados e pensionistas a suportar tais “desmandos” persecutórios deste Governo.
 Será que não seria uma alternativa, entre outras, a que consistiria em criar, em vez de “contribuição extraordinária de solidariedade” (que apenas abrange os aposentados, reformados e pensionistas), uma “contribuição solidária de mobilidade” que abrangeria muito mais pessoas: as que têm automóvel. E que poderia traduzir-se em acrescentar ao actual imposto de circulação um montante, por exemplo, entre 50 e 100 euros por automóvel, tendo em conta a cilindrada e a antiguidade da viatura, e a aplicação dum IVA de 30% sobre as viaturas com custo acima de 60 mil euros?
Deve haver em Portugal três, quatro, cinco milhões de automóveis. Não se vai a nenhuma cidade, vila ou aldeia que deles não esteja repleta. E, a despeito da crise, tem aumentado, nos últimos meses, o número de carros vendidos. Estrangeiros que visitam Portugal, principalmente dos países nórdicos, mais ricos do que nós, ficam admirados com a massa de automóveis que veem nas ruas. Ao mesmo tempo, tem vindo a diminuir a utilização dos transportes públicos; e não é somente por as pessoas ficarem em casa ou andarem mais a pé.
Quase toda a gente reconhece o erro que foi investir em mais e mais auto-estradas, em vez de se renovar e ampliar a rede ferroviária. Mesmo assim, os comboios entre Porto e Lisboa (ou entre Braga e Faro) e os suburbanos funcionam satisfatoriamente e são excelentes os metropolitanos de Lisboa e do Porto. Assim como se afigura razoável a rede de autocarros e de camionagem. Mais pessoas a irem em transporte público para o emprego auxiliaria a diminuir o défice das empresas do Estado e dos municípios e, com isso, a diminuir os encargos dos contribuintes. O produto desta “contribuição solidária de mobilidade” poderia, por conseguinte, compensar, talvez de longe o produto da dita “contribuição extraordinária de solidariedade”; e com mais justiça entre os cidadãos e mais eficiência económico-financeira.

Por que não encarar seriamente a hipótese? E por que insistir em manter e agravar o tratamento tributário dos aposentados, reformados e pensionistas, como, segundo parece, a que, nos próximos dias, se vai proceder?