domingo, janeiro 29, 2017

O PIRUETAS NÃO CONHECE A LEI DE PARETO?

 O PIRUETAS NÃO CONHECE A LEI DE PARETO?

"Há quem se deleite com o triunfo da táctica sobre a substância, do golpe sobre a coerência, da necessidade de um posto de uma liderança partidária sobre o que interessa verdadeiramente aos trabalhadores e às empresas" (Dr. Vieira da Silva) 


Perante os factos…creio que ninguém foi surpreendido pela aprovação do “projecto do PCP e BE”, que cessa a vigência da redução da TSU e que foi aprovado com os votos a favor do BE, PCP,PEV e do PSD com a abstenção do CDS e PAN e os votos contra do PS, e por isso me apetece dizer que o “piruetas” – qualificação dada no debate a Passos Coelho – não conhece, o que também não admira – a Lei de Pareto.
Ao longo do debate, o PSD de Passos Coelho nunca conseguiu descolar da ideia de que a razão maior da birra contra a aprovação da baixa da TSU esconderia na verdade uma oposição ao aumento do salário mínimo, aliás o que ficou bem vincado que o PSD de Passos Coelho “ não está tanto contra esta medida mas contra o aumento do salário mínimo”. Nada disto enobrece ou contribuiu para uma democracia saudável. Este é o problema do PSD. Enredou-se numa teia de factos alternativos num tempo da já insuportável ideia da pós-verdade. Corre agora o risco de cair num mundo distópico, em que a verdade de ontem pode ou não ser a verdade de hoje. Depende das oportunidades e das conveniências Nada disto é normal…!
Quem ontem, teve a paciência necessária para acompanhar nas televisões em direto o debate parlamentar em que se discutiu se a TSU das entidades patronais ou dito de outro modo “dos patrões”, deve ou não baixar, para compensar a subida do salário mínimo (remunerações mínimas garantidas e não o impropriamente classificado como “salário mínimo”- fico na duvida se os “senhores políticos e jornalistas sabem isso?”) de 530 para 557 euros. Só os pode ter visto, mas não ouvido e muito menos escutado. Os dedos em riste, as expressões faciais vincadas, os sorrisos irónicos ou cínicos, os aplausos entusiasmados “aos chefes”. Foi isto o culminar de quatro semanas de troca de argumentos, de cambalhotas políticas e acrobacias retóricas. Os entendidos chamam a isto debate político. Olhando para as bancadas do Parlamento, assim, sem som, diria que é um teatro. Um teatro absurdo, se tivermos em conta que, na sua origem, está, afinal, se é ou não possível pagar mais um euro por dia a cerca de 650 mil trabalhadores. E já agora quanto terá custado está “sessão parlamentar – para lamentar- ao País e aos portugueses?
E a este propósito ficou claro que os “spindoctors” de Passos Coelho não conhecem, ou com a pressa toda não se lembraram dos conceitos transmitidos pela  Lei de Pareto (também conhecido como princípio 80-20).  A lei baseia-se na verdade no Princípio 80/20, descoberto em 1897 pelo economista italiano Vilfredo Pareto (1848-1923), segundo o qual 80% do que uma pessoa realiza no trabalho vêm de 20% do tempo gasto nesta realização, e num estudo sobre a distribuição da riqueza em diversas sociedades, Pareto notou em todas elas que uns poucos detinham uma grande parte da riqueza (20% da população detém 80% da riqueza), ao passo que cerca de metade da população detinha um valor muito reduzido (50% detêm 5%). Logo, 80% do esforço consumido para todas as finalidades práticas são irrelevantes. Para aqueles que já ouviram falar sobre a lei de Pareto e no seu impacto na gestão de tempo, gestão empresarial, economia, desenvolvimento pessoal, entre outros, e também agora   fomos confrontados com disciplinas na área das ciências sociais e neste caso concreto com a “gestão das expectativas da acção politica”.
É que para mim o que esteve em causa neste simulacro de debate politico foi tão só aquela fatia de eleitores que se exprimem, em cada momento, através do voto e de acordo com os seus interesses, cerca de 20% dos “eleitores considerados de direita e que “praticam o voto volante” e o objectivo do Partido Socialista foi dar espaço para que na comunicação social, em particular nas televisões, passasse a imagem do PSD a votar contra uma solução acordada em concertação social que favorecia as empresas. O Governo quis assim capitalizar politicamente a “fotografia” de Passos Coelho e os outros deputados do PSD a levantarem-se no hemiciclo de São Bento e a votar ao lado dos do BE, PCP e PEV e deste modo conseguir capitalizar esse voto. Isto é enquanto o Governo fez os seus cálculos, olhou para aquilo que têm sido as posições do PSD, que sempre afirma que “o interesse do país prevalece sobre o interesse do partido”, conseguir demonstrar que neste caso, o interesse de Passos Coelho com os seus deputados prevaleceu sobre o interesse do País! Muito estranha, a visão de Passos Coelho sobre a política e a sociedade. A sua raiva latente, que leva ao triunfo do populismo e da demagogia às raias do absurdo, tem saltado para a rejeição cada vez maior não só dos cidadãos, mas também do jornalismo e dos comentadores, e, por isso como disse Sá Carneiro, “A política sem risco é uma chatice, sem ética é uma vergonha”.


sábado, janeiro 28, 2017

NÃO LIXEM MAIS OS ADULTOS MAIS VELHOS!

NÃO LIXEM MAIS OS ADULTOS MAIS VELHOS!

"Yo soy yo y mi circunstancia". Liberdade e destino. A vida é isto, o que não é pouco. José Ortega y Gasset:

Há dias li num lado qualquer, que num estudo que foi publicado no Journal of Clinical Psychiatry os autores tentam demonstrar “que as pessoas mais velhas têm uma menor expectativa em relação à realidade e parecem ser melhores na regulação emocional e complexo processo de tomada de decisão e resolução de problemas do que os adultos mais jovens”.
Todos temos bem presente entre os compromissos assumidos pelo primeiro ministro Dr. António Costa, antes das eleições, consta a anulação das medidas de “saque das pensões e reformas”. A mesma proposta preliminar de orçamento para o próximo ano prevê que o regime desapareça em 2018. "A partir de 2018, o subsídio de Natal é pago integralmente, nos termos da lei “ Trata-se de uma intenção que terá de ser confirmada no próximo ano, embora seja reposta em 2017 o valor das reformas e pensões, cessando deste modo o surripio de parte das mesmas, levadas a efeito pelo desgoverno de Passos Coelho, o que determina por fim ao famigerado corte nas reformas e pensões.
Como sabemos as pensões acima de 842€ estão congeladas há 9 anos. Passaram pelo corte brutal que foi unilateralmente aplicado por Passos Coelho/Portas e que foi resultante do grande aumento de impostos desse desgoverno da muito má memória. Para além de acima de 1000€ passaram pelo "roubo", pelo “saque” da Contribuição Extraordinária de Solidariedade instituída pelo mesmo desgoverno.
Na realidade perdemos um subsídio de férias e um de Natal. Passámos depois a receber o subsidio de Natal em duodécimos para mascarar essa grande subida dos impostos e finalmente, em 2017, tínhamos a expectativa de não sofrer qualquer corte na pensão ou reforma, apesar de a mesma estar ao nível de 2008!
 Na verdade não pode ser considerada uma surpresa ao verificarmos que em Janeiro de 2017, para além de se continuar a aplicar uma “sobretaxa” juntamos um “rombo” de 50% no duodécimo do subsidio de Natal, que vai fazer falta a muita gente que, mensalmente, sente as dificuldades de um menor poder de comprar, bem sei que o mesmo vai ser recuperado em Novembro de 2017 e a sobretaxa cessa em Dezembro de 2017, o que não se podendo “acusar” o governo de incumprimento dos compromissos assumidos, pois cumpre em 2017, mas não deixa de “frustrar” as expectativas dos cidadãos mais velhos e abrangidos pelas pensões e reformas. Ou será que estas medidas só deveriam avançar quando fossem repostos os escalões do IRS?
Para concluir e mais uma vez estamos perante uma realidade politica, que não atentou às consequências e nos efeitos na redução das expectativas que foram geradas, reconhecendo que alguns afirmarão que “ que não será por aqui que o gato vai às filhoses”, mas não esquecendo queduo-duodécimos pagos a 50% farão encolher o rendimento mensal de 86% dos pensionistas,” o que nos leva a poder afirmar que  os políticos não sabem ou não percebem o que é que são “expectativas dos cidadãos” e a sua gestão para a aplicação de uma justa politica e participação dos cidadãos!


quinta-feira, janeiro 19, 2017

TSU ou os políticos da Pós-Verdade!

Vivemos num mundo de pró-mentira. A mentira é da “indústria, dos políticos, dos agiotas financeiros, da imprensa, dos jornalistas etc”

Diz a ciência que somos todos mentirosos. E o pior é que a mentira, que antes tinha perna curta, consta que agora, até compensa. A investigadora norte americana Bella DePaulo, que durante mais de duas décadas estudou a desonestidade, chegou à conclusão que as pessoas mentem todos os dias. Pelo menos uma vez por dia. Num dos estudos que realizou verificou que, mesmo quando alguém tentava passar uma semana inteira sem mentir, isso revelava-se muito difícil. E, nos políticos é  uma coisa inata que faz parte do seu dia a dia.
A mentira tornou-se norma na política, nos media e na publicidade. Mas também nas vidas correntes onde cada um, a cada momento, joga o papel mais conveniente e vantajoso. As redes sociais, onde se exageram as qualidades e se disfarçam os defeitos, só vieram confirmar o que já se sabia. A mentira é fácil e simples, enquanto a verdade é complexa e aborrecida.
 Tudo isto a propósito da “discussão” sobre a Taxa Social Única (TSU) é um encargo das empresas que incide sobre o salário mensal de cada trabalhador e que é encaminhado para a Segurança Social, na situação especifica com incidência sobre “o trabalhador que tem de estar vinculado à empresa por contrato de trabalho, a tempo completo ou a tempo parcial, celebrado em data anterior a 1 de Janeiro de 2017 e ter recebido, de Outubro a Dezembro de 2016, um salário entre os 530 euros (valor do salário mínimo em 2016) e os 557 euros (valor do salário mínimo em 2017) e não ter qualquer outro tipo de remuneração. Excepção feita a quem recebeu até 700 euros por trabalho suplementar e/ou trabalho nocturno.”
Como todos políticos “deviam explicar e saber” o valor da Taxa Social Única em Portugal é “ sobre o salário do trabalhador: 11% e  sobre as empresas com base no do trabalhador: 23,75%. No entanto até Janeiro de 2017 as empresas gozam de um desconto de 0,75 pontos percentuais sobre a taxa de 23,75%, no caso dos trabalhadores beneficiados com a subida da retribuição mensal mínima garantida.
Ora o actual governo aprovou com base num acordo no Conselho de Concertação Social uma redução, apenas para as situações atrás descritas e para o ano de 2017 uma redução de 1,25%, ficando apenas e só naquelas situações uma taxa reduzida para as empresas no valor de 22,5%.
Se isto é assim tão simples qual a razão desta discussão toda? A resposta numa palavra – MENTIRA- ou seja o “tempo da mentirinha dos políticos” que por interesses políticos pessoais em detrimento do interesse global da sociedade, omitem, falseiam para atingir os seus fins!
Deixamos aqui os números: De acordo com o INE existem em Portugal cerca de 630 mil trabalhadores abrangidos pelas remunerações mínimas garantidas (rmg), logo potencialmente beneficiadores desta redução, que já existiu até Janeiro de 2017 e assim feitas as contas, podemos concluir, resumidamente que há como previsão um ganho de mais de 10 milhões de euros para a Segurança Social, sendo que a um aumento do rendimento mínimo garantido de cerca de 5,09%, vai corresponder a um aumento de cerca de 8,92% do valor total arrecadado pela Segurança Social, que haverá ainda que considerar o que a mesma deixa de suportar com o pagamento dos diversos subsídios de desemprego, social ou outros.
  INCIDÊNCIA DA TSU (Taxa Social Única) s/ RMG  
   
  Nº Trabalhadores salário mínimo 630.000  
  remunerações mínimas 2016 530 333.900.000,00 €  
  remunerações mínimas 2017 557 350.910.000,00 €  
  TSU 2016 23,75 79.301.250,00 €  
  TSU 2016 23,00 76.797.000,00 €  
  TSU 2017 22,50 78.954.750,00 €  
  TSU Trabalhadores 2016 11,0 36.729.000,00 €  
  TSU Trabalhadores 2017 11,0 38.600.100,00 €  
  TOTAL  
        TSU 2016   113.526.000,00   
           TSU2017 117.554.850,00   
   
  Criação +5% postos trabalho 661.500 31.500  
  remunerações totais 557 17.545.500,00   
  TSU empregadores   23,75% 4.167.056,25   
  TSU trabalhadores  11,00% 1.930.005,00 €  
   
  TOTAL previsão TSU 2017 (rmg)   123.651.911,25 €  
  Aumento TSU 2017 8,92%  
  Aumento rmg 2017 5,09%  
         
  
A palavra do ano 2016 foi ‘pós-verdade’. Confesso que ainda não percebi bem o que significa e ela já foi interpretada das mais diversas maneiras: como um sinónimo de mentira, como uma indiferença pela verdade nos debates políticos, como a formação da opinião pública independentemente de factos… Talvez o melhor seja usar a definição do Dicionário de Oxford, que, precisamente, a escolheu como palavra do ano e iniciou a moda de a usar recorrentemente. Segundo a vetusta instituição, “pós- -verdade’ ocorre quando há ‘circunstâncias nas quais os factos objectivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos a emoções e convicções pessoais” Ora, dito assim, o que tem isto de novo?

É por isso que eu acho que o termo não é muito correto. Devia antes dizer-se que  “Vivemos num mundo de pró-mentira. A mentira é da “indústria, dos políticos, dos agiotas financeiros, da imprensa, dos jornalistas etc”

domingo, janeiro 15, 2017

“Soares é fixe , o resto que se lixe "

 “Soares é fixe , o resto que se lixe "

Não acredito na eternidade, na imortalidade, na alma. O que fica de mim é um rodapé num livro de História”. (Mário Soares)

Aqui no “nosso canto”, eu soarista me confesso,  o assunto foi, evidentemente, o falecimento do homem que mais contribuiu para o nosso modelo político actual. A morte esperada trouxe à pedra todos os sentimentos dos portugueses sobre os acontecimentos pós 25 de Abril e também a eterna avaliação da descolonização. Houve comentários lamentáveis de ódio e ressentimento, mas sobretudo agradecimentos e louvores por uma figura cuja estatura é indiscutível.
Alguém relembrou que a filosofia de Mário Soares bem se resume nestas suas palavras: "Há uma certeza que sempre tive: a verdade não pertence em exclusivo a ninguém e não há nada que substitua a tolerância"
 Nós entendemos que se Mário Soares partiu, deixou no entanto um legado de liberdade, democracia e respeito. Estes três pilares da nossa sociedade estão para lá da partidocracia, que vive apenas da conjuntura, e devem merecer o respeito de todos cidadãos que se revêm numa democracia pluralista. E esses são pontos cardeais da bússola da cidadania. É no respeito pela pessoa humana, nos seus direitos, na liberdade individual e na força das convicções que devemos balizar comportamentos e pautar acções.  
Podemos ou não concordar (e foram muitos os que ao longo dos anos, fora e dentro do PS, manifestaram infindáveis discordâncias com as propostas e os caminhos seguidos por Soares). Podemos ou não considerar erradas as ideias defendidas (e ainda hoje, à esquerda e à direita, há quem expresse essa divergência). Podemos ou não considerar que, ao ser um homem de roturas, só podia ser acidentado o caminho por si trilhado, ao ponto de a determinação em chegar ser muitas vezes mais importante que o modo como chegar. Como escreve Daniel Oliveira no Expresso Diário, “o seu percurso, as suas lealdades, até as suas convicções foram muitas vezes sinuosas, tendo apenas a democracia como único valor constante, o que não foi pouco”. Nesta senda, também Sousa Tavares, no seu habitual registo, aconselha “alguns energúmenos que andam nas redes sociais a insultar a memória de Mário Soares que, independentemente das ideias políticas, leiam a imprensa estrangeira”, lembrando que é graças ao histórico socialista que estas mesmas pessoas “têm o direito” de escrever o que pensam.
Apesar de tudo temos que reconhecer que a  geração que tem hoje 40/50 anos não esteve à altura do legado do 25 de Abril. Falhou. Vai deixar aos filhos um país menos esperançoso. O adeus a Mário Soares serve para constatar essa dolorosa verdade. Repare-se que dizemos “obrigado” a Soares mais pelos seus primeiros 40 anos de percurso político do que pelos 30 anos que decorreram após a sua primeira presidência. É verdade que temos de agradecer ao Presidente Soares a onda “fixe” que libertou em vésperas da integração europeia. Mas o Soares presidente era já um homem de um tempo novo, um tempo de normalidade democrática que não quis ou não foi capaz de temperar. O lugar do sonho depressa foi ocupado por uma geração oca, deslumbrada com o novo-riquismo do dinheiro a crédito, sem densidade de vida nem de ideias, apenas ávida de facilitismo e propensa à cumplicidade venal com os amigos das negociatas 
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Agradecer a Soares pelo país que nos deixou é festejar a democracia sólida ou o Estado social eficaz. O país é hoje muito melhor, mas as suas injustiças, a dívida, o Estado capturado pelos interesses, a pobreza e o desemprego são a prova de que ficámos a meio caminho. Podíamos e devíamos ter andado mais. Dizer obrigado a Soares é um acto óbvio de reconhecimento pelo que nos deixou – a democracia liberal, o Estado social, a Europa. Mas pedir-lhe desculpa pelo muito que se falhou não é apenas uma forma de homenagear essa geração extraordinária de portugueses da qual Soares foi o mais completo representante: é também uma manifestação da vontade de recuperar os seus ideais e a sua energia, ranger os dentes, saber resistir às dificuldades sem propaganda nem demagogia e olhar com coragem para o futuro
Finalmente apetece-me deixar aqui esta citação “Vi amigos de esquerda e de Direita de olhos fixos na urna, mudos e gratos. Democratas, todos. Pessoas como Soares, com virtudes e defeitos, vergando -se perante a memória de alguém que esteve sempre do inequívoco lado da Liberdade. Vi homens fardados bater a continência a chorar, e  mulheres de avental a gritar " Soares é fixe , o resto que se lixe ".porque há despedidas que são o início de um caminho. E conseguir em vida (e na morte ) inspirar caminhadas de outros , é só para os maiores e os mais fixes.”(Rita Ferro Rodrigues)


Armindo Bento (economista aposentado)

sábado, janeiro 07, 2017

PARA QUE NÃO HAJA EQUÍVOCOS!

PARA QUE NÃO HAJA EQUÍVOCOS!

O meu corpo não se adapta a nenhum colchão, nem o meu espírito a nenhum sono” (Miguel Torga, Diário XI) “Não é bem a vida que faz falta – só aquilo que a faz viver” (Vergílio Ferreira, “Para sempre”).
Não será nenhuma novidade a afirmação de que “ as pessoas muitas vezes se precipitam a formar opiniões”. Já todos formámos opiniões apressadas e fomos demasiado lentos a mudar de opinião, é por isso, que a sabedoria popular nos ensina que precisamos de saber ir mais devagar e pensar sempre um pouco mais, antes de se extrair qualquer conclusão!
Isto tudo vem a propósito de que ao iniciar 2017, quero deixar bem claro que, sendo verdade que já “estive vida politica” e também já tive uma “agenda”, mas deixei de estar e a ela não vou voltar. Hoje em dia não tenho qualquer intervenção politica e sobretudo, não tendo “agenda”, nem clara, nem oculta. Participo nas chamadas redes sociais, facebook, twitter, e de tempos a tempos com alguns “escritos” num jornal local e num blogue,  como forma de contextualizar, emitir opinião e exercer o meu direito de cidadania, com sentido de responsabilidade e de respeito pela a opinião de terceiros, com a plena consciência que quando não sabemos ouvir os outros, não podemos esperar que nos oiçam.
Há aqueles que pensam, na generalidade os políticos, que o passar do tempo é uma “ponte” de amnésia, que tudo faz esquecer e tudo torna relativo, sem importância, dentro do velho principio que o que esquecemos não existe, em contraponto lembro-me sempre daquele velho lema: perdoar sim, esquecer nunca!
Parece-me que me posso considerar um “leitor” assíduo da mais diversa produção da “chamada informação” disponível nos mais diversos meios, seja ela escrita, televisiva, radiofónica ou nas redes sociais, por isso parece-me que conheço as  chamadas “regras do jogo”, pelo menos as mais básicas – como se manipula a noticia, como se fabrica a mentira, agora diz-se “pós-verdade”, como se inventam casos, como se silencia um escândalo, como se projecta este ou aquele politico, como se faz um “frete” a este ou aquele amigo de certo e determinado grupo de pressão.
Todos devíamos saber, muito poucos sabem, que hoje “fazer informação” livre e isenta fica muito caro. E, sejamos sérios a quem interessa a verdade? Já Oscar Wilde, com o seu sarcasmo imbatível bem nos avisava: “ se disseres a verdade, vais ver que, mais tarde ou mais cedo, vais ser descoberto!” É, por isso que acredito que criamos as nossas próprias circunstâncias através das escolhas que fazemos na nossa vida, sendo que, também há quem diga que se soubéssemos tudo sobre o presente, poderíamos prever tudo sobre o futuro, ou parafraseando um celebre juiz do Supremo Tribunal dos Estados Unidos (Learned Hand) “o espírito da liberdade é essencialmente o espírito que não tem muita certeza de que está certo.”

 Armindo Bento (economista aposentado)

terça-feira, janeiro 03, 2017

UM EQUIVOCO QUE NÃO POSSO DEIXAR PASSAR!


UM EQUIVOCO QUE NÃO POSSO DEIXAR PASSAR!


A propósito da “interpelação” de alguns “comentaristas” que “passam aqui pelo meu local”  quero ao iniciar 2017, deixar bem claro que, sendo verdade que já “estive na vida politica” e também já tive uma “agenda”, mas deixei de estar e a ela não vou voltar.
Hoje em dia não tenho qualquer intervenção politica e sobretudo, não tendo “agenda”, nem clara, nem oculta. Participo nas chamadas redes sociais, facebook, twitter, e de tempos a tempos com alguns “escritos” num jornal local e num blogue,  como forma de contextualizar, emitir opinião e exercer o meu direito de cidadania, com sentido de responsabilidade e de respeito pela a opinião de terceiros, com a plena consciência que “quando não sabemos ouvir os outros, não podemos esperar que nos oiçam”.

Precisamos de aprender a relativizar as preocupações, angústias, dramas e outros conflitos menores e não “fazer” das nossas discussões, opiniões e outros pensamentos um campo de batalha, transportada do “futebol” e que, na maior parte das vezes, por uma irracionalidade decorrente do enviesamento da realidade determinada pelo “cor clubista”.
Pior ainda, defendem-se como se fosse a mais importante coisa da vida e “agridem” os que, pelo mesmo tipo de razões, exprimem perspectivas contrárias!

Temos plena consciência que nunca o Mundo teve tanta informação e, paradoxalmente, nunca houve tantos ignorantes. A internet dá informação, não dá conhecimento, mas a fúria e a raiva das multidões sem rosto tem oprimido a razão, a irracionalidade está a destruir a moderação e a sã convivência que deveria presidir ao relacionamento dos cidadãos e no exercício da cidadania.

Maus políticos, maus gestores, maus jornalistas, maus comentadores estão a levar as democracias para o seu “hara-kiri” à vista de todos. Um editorial, hoje, vale menos que um post, um comentador televisivo tem menos influência e notoriedade que alguns que escrevem com verdade nas redes sociais. Mas a culpa é de quem promove a mentira e de quem escreve ou fala uma montanha de “pós-verdades”. De quem na sua mediocridade tece uma teia de protecção aos medíocres da sua igualha que, assim, vão sobrevivendo numa sociedade que nada tem a ver com a do século XX e que clama contra as fraudes e os vendedores de banha da cobra, que proliferam  nas redes sociais onde tem tido um campo fértil para a instalação e difusão da pós-verdade   que nos faz perder a verdade.”
 Faz sentido reflectirmos sobre onde fica a verdade quando em vez de factos o que temos são” interpretações”, que nestes tempos de modernidades que correm entre a verdade e a mentira, ou mais rebuscadamente entre a inverdade e a verdade ou ainda entre a verdade e a pos-verdade ouvimos frequentemente como um instrumento de argumentação – o insulto!

Mas também é evidente que há um grande número de pessoas que parecem desinteressadas da verdade como valor absoluto, preferindo ir pelo caminho das crenças ou convicções e a maior parte das vezes, a opinião sobrepõe-se à essência dos factos.

Como já certamente é do conhecimento de alguns foi a revista “The Economist “quem este ano fez ressurgir e disparar esta expressão pós-verdade ao assentar num editorial que “Donald Trump é o máximo expoente da política da pós-verdade” ao conseguir fazer valer “confiança em afirmações que são sentidas como verdadeiras mas que não estão conformes com a realidade”. A mentira tem-se imposto à verdade. E uma comunidade mentirosa e pouco escrupulosa, onde a opacidade se sobrepõe à transparência, é o lugar onde grassam o pior das emoções e sentimentos humanos.
É lamentável, é triste e até desolador sentir a facilidade com que, em especial a partir de 2011 na discussão politica, técnica, futebolística, religiosa etc, se vai directo ao carácter da cada um, à mingua de argumentos, como algo “normal” em todos os instrumentos de difusão da informação, em especial nos meios televisivos tornando-se endémico nas redes sociais, os políticos gritarem ao máximo, insinuar sem substância, afrontar sem nexo, denegrir como forma de abuso do poder.

Como nota final de esclarecimento  quero deixar bem claro que nada tenho contra, nem a favor do cidadão Passos Coelho, mas tenho tudo contra o politico que foi primeiro ministro deste País, Passos Coelho, não só porque a nível pessoal me saqueou, fanou, surripiou cerca de 30% dos meus rendimentos do trabalho de mais de 42 anos de descontos sociais, configurando-se como uma prática de “abuso do poder” e “abuso de confiança”, como as suas desastrosas politicas “serão um sério contributo” para a destruição de Portugal, enquanto País independente, ao “expulsar” mais de 500 mil jovens portugueses activos, ao empobrecer os portugueses e Portugal  e ao provocar as insolvências de muitas actividades empresariais, práticas politicas que se podem tipificar, salvo melhores conhecimentos nesta matéria,  como “indícios de atentado ao estado de direito, administração danosa de bens públicos, omissão negligente” etc.

Por último “Hoje fico-me pelo espanto que diariamente ainda consigo sentir: Como é que este rapaz chegou a primeiro-ministro? ( Daniel Oliveira)