quarta-feira, março 09, 2011

Os avós não podem morrer!


Nem podem estar doentes. Cada vez mais avós estão a ser chamados para sustentação da família. À porta das escolas cada vez é maior o número de avós a levarem e a irem buscar os netos. O mesmo nas actividades desportivas e culturais. E as conversas são muito idênticas: não posso aceitar esse convite porque estou de serviço aos netos nesse dia.

Os avós não se queixam, antes pelo contrário. Mostram um sorriso grande embora muitas vezes as pernas não tenham a desenvoltura que seria desejável. É que os horários dos seus filhos, dos pais dos seus netos, não têm dimensão humana e para que haja pão ao fim do mês os avós têm de estar de serviço quando não são mesmo os seus pouco recursos monetários que ajudam no pagamento das contas. E os avós sorriem e vão acrescentando: pode ser que venham dias melhores.

Estes avós que começaram uma vida dura, que foram lutando, estrearam melhoria de horários, e a semana inglesa, o aumento do dias de férias, alguns até tiveram horários especiais para continuarem os estudos, o 13º mês e depois algum dinheiro mais nas férias, vêem agora os seus filhos angustiados trabalhando sem horários, falta de pagamento de trabalho extra, e muitas certezas da incerteza do amanhã. Vivem na angústia de não viverem o suficiente para ajudar os seus filhos e, principalmente, os seus netos.

As gerações na "prateleira"

Agora que estão na moda as chamadas “gerações”, que vai da gerações “jotas” até “ as gerações rasca” eu diria talvez “à rasca”, seria interessante a introdução da geração “na prateleira”. Esta expressão "ir para a prateleira" é, chamado, no Portugal ineficaz, improdutivo e a total desregularão laboral, sem meios de defesa dado o descrédito dos órgãos judiciais, desde o Ministério Público aos Tribunais, que se tornou corrosivo das vontades, das capacidades, da ética e dos valores.

Quando alguém se torna incómodo para um “politico no poder” é vulgar que o coloquem em sítio que se não exponha muito, isto é, ganhe bom dinheiro, mas não apareça muito em público, é a chamada “prateleira dourada ou a reforma choruda”.

Mas no nosso País quando um profissional faz carreira, com dedicação, capacidade de liderança e recusa ser “simples voz do dono”, o normal seria passar a desempenhar funções compatíveis com o seus conhecimentos, mas cá no burgo esse é o caminho para ir direitinho à prateleira - que não é dourada, como a da classe politico-partidária, mas tipificada como um atentado aos direitos e liberdades dos cidadãos - diz a Lei que ao “direito de valorização e dignificação profissional dos trabalhadores contrapõe-se o princípio da liberdade da iniciativa económica das empresas, também consagrado constitucionalmente, de tal forma que a existência de um dever de ocupação efectiva decorre, em primeira linha, de um princípio de igualdade entre os trabalhadores da mesma empresa; os trabalhadores devem estar sempre numa situação de igualdade quer quanto à ocupação quer quanto à execução do trabalho, e daí que a violação do dever de ocupação efectiva se deva reconduzir a um problema de boa fé”- só que isto são palavras moucas, porque a Lei não se cumpre, nem ninguém a faz cumprir.

Dar a volta por cima por vezes não se consegue senão a meia altura, e quando é assim revela até uma ainda maior capacidade de combater a adversidade e de lutar com todas as “armas” que nos permite o direito de cidadania, mas o que hoje assistimos são a “patetices de amadores candidatos a políticos” que são a consequência da falta de visão e de politicas, mas também são a consequência da falta de exigência do povo português. Nunca foi tão visível o empobrecimento intelectual da população jovem e dos políticos, já ninguém faz a perguntas que deve fazer e ninguém responde ao que deve responder. A nossa pouca exigência é o resultado desta indigência. E a nossa complacência para com a má governação é o resultado desta falta de atenção e inversão das prioridades. O País tornou-se como a televisão que tem: um jornaleco de escandaleiras, mentiras e inverdades – mas o povo não quer saber!