quinta-feira, abril 26, 2012

 JÁ NEM DÁ PARA NOS SENTIRMOS INDIGNADOS! FOMOS CLARAMENTE SAQUEADOS!


Tenho esse costume, há quem lhe chame “hábito” de começar a ler os jornais a partir da sua última página. A razão para este comportamento, que até pode parecer estranho para muita gente, reside no facto, ou numa percepção, certa ou errada, de que as últimas noticias, entendidas como as mais recentes, “moram” precisamente nesta última página – o certo é que muitos leitores de jornais tem este hábito, se o motivo será o mesmo ou não isso já depende de cada um . Por mim funciona como um “desejo”, um “querer” de ter acesso “ás ultimas novidades”, sendo de facto já “velhas” e do dia anterior, nos tempos da “internet”, mas não será por isso que vou deixar de ler o jornal a partir da sua última página.
Um dos “defeitos dessa última página” é que todas as “noticias” são resumidas e pode parecer que, se trata de uma maneira “falaciosamente” imposta para esconder a verdade e a realidade de muitas das situações descritas ou será resultado de se querer dar mais informação em pouco espaço? Fica a dúvida.
Pude hoje ler uma “pequena noticia” que “os dados do Banco de Portugal, mostram que os investidores estrangeiros têm um peso de apenas 6% no stock de dívida portuguesa de curto prazo. Em Dezembro de 2007, primeiro mês para o qual a instituição tem dados disponíveis (e antes da crise financeira e da dívida), esse peso era de 86%”.  Por outras palavras será que isto quer dizer que nestes últimos 3 anos foi a banca portuguesa que “gerou esta crise do nosso País, aproveitando, com a conivência dos políticos para nos sacar – tradução de roubar” os portugueses?
Já não dá para a indignação, para todos aqueles que foi roubado  por estes partidários do liberalismo económico que nunca aceitaram os direitos sociais consagrados nas democracias europeias dos últimos 70 anos e na Constituição da República Portuguesa e que, desta vez estão mesmo decididos a levar até ao fim a sua destruição, prolongado esta “pretensa crise económica”, até ao ponto em que, lhes seja possível convencer a maior parte dos cidadãos de que não há outro remédio, nem alternativa ao empobrecimento geral das pessoas – como li “algures” é completamente sinistro”, neste ambiente, ver as comemorações do 25 de Abril e os discursos dos políticos na Assembleia da Republica.
A verdade é que o PSD não cumpriu a reforma da administração pública conforme havia prometido ao eleitorado. Teve uma entrada de rompante, mas cedo esta se desvaneceu. Não teve a coragem política para fazer as reformas enquanto esteve em estado de graça governativo, por isso também não as vai fazer agora, até ao final da legislatura. O tão desejado abaixamento na despesa corrente primária, a verificar-se na execução orçamental actual, só será feito através de medidas temporárias e de oportunidade, tais como o congelamento de salários e o não pagamento dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos. Passo Coelho joga as cartas que pensa ter. Ao aproximar-se a data de discussão do próximo orçamento, iniciou a estratégia de apertar o cerco aos portugueses pressionando cada vez mais e manipulando através da imprensa,  revelador do baixíssimo nível a que chegou a vida política nacional. Numa altura em que todos deviam dar as mãos e arregaçar as mangas, vão dar tudo a perder. Para eles, para os irresponsáveis, será sempre mais fácil a desresponsabilização pessoal e corporativista feita à custa do adversário.
Mas os portugueses desta vez, não vão desculpar quem os está a colocar em tão difícil situação de pobreza, desemprego, fome e miséria, e não vão deixar apagar da sua memória quem em função de uma agenda ideológica e submissão os interesses de “abutres financeiros”  quer destruir tudo o que o 25 de Abril permitiu construir para beneficiar a população de Portugal.
Não temos dúvidas que a nossa esperança assenta na vitória de François Hollande nas eleições francesas ao considerar “a necessidade a Europa de voltar atrás e dar prioridade à educação, à saúde, investigação e às grandes infraestruturas”, isto é “preciso contrabalançar a austeridade em curso com medidas de apoio ao crescimento para evitar o agravamento da recessão”.
Será que ainda, para os portugueses há esperança? “Já não se crê na honestidade dos homens públicos. O povo está na miséria. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. O tédio invadiu as almas. A ruína económica cresce. O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. O Estado tem que ser considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo” (Eça de Queiroz)