quarta-feira, setembro 30, 2009


Um Presidente vulnerável

É pressuposto o Presidente da República ser um cidadão lúcido e de bom senso. É o mínimo que se lhe pode exigir. Cavaco Silva já deu provas sobejas, ao longo da sua história política, de que pesa bem o que faz e o que diz. Nos últimos meses não parece que esteja à altura da lucidez e bom senso que se lhe exigem. A constatação não podia ser mais grave.

A comunicação do Senhor Presidente .Sou cidadão tenho direitos e deveres e sei pensar pela minha própria cabeça.

Vou tentar fazer uma descrição abreviada dos factos que estão por detrás desta situação, abstendo-me de fazer os comentários e as questões que se me colocam.

1. Cavaco Silva, o presidente da República, após o caso dos Açores e da sua misteriosa comunicação ao país, perde a confiança no governo e deixa cair a ideia de cooperação estratégica.

2. Em Abril de 2008, o homem de confiança do Presidente, e segundo o e-mail a mando do Presidente, marca um encontro com um jornalista do jornal Público e "planta uma inventona" uma notícia de suspeição de vigilância do governo à presidência, entregando um dossier sobre um assessor do 1ºministro e montando uma história de vigilância de forma consubstanciar as tais suspeitas.

3. A 23 de Abril de 2008, o jornalista do Público em contacta outro jornalista que está na Madeira, pede-lhe que investigue a situação e, para dar a entender que era o Alberto João Jardim, segundo o e-mail, mas chega a conclusão que a história não tem fundamento.

4. Em princípios de Agosto de 2009, surgem notícias, na comunicação social, que assessores de Belém colaboram com a elaboração do programa do PSD, de acordo com o site do próprio PSD e alguns deputados do Partido Socialista pedem esclarecimentos a Belém.

5. O Presidente fica incomodado com estas notícias e não percebe como vem a público essa participação dos assessores no programa do PSD, bastava ir ao próprio site, e permite que através das suas fontes anónimas que se volte ao assunto das suspeitas de vigilância.

6. A 18 de Agosto de 2009, sai uma notícia no Jornal Público que a Presidência suspeitava que está a ser vigiada pelo governo.

7. O Presidente não desmente a notícia e permite que o caso seja alimentado e aproveitado politicamente pelo PSD e pelo tema da asfixia democrática. Lembram-se da Dra Manuela Ferreira Leite?

8. O Público, no dia a seguir, faz uma notícia com as suspeitas que tinham sido levantadas pelo homem de confiança do Presidente quanto ao tal assessor na viajem à Madeira e que o próprio Público já tinha confirmado serem infundadas.

9. Em plena campanha eleitoral, Francisco Louça acusa que Fernando Lima, o tala homem da confiança de Cavaco, está por detrás das notícias das suspeitas,

10. O Provedor do Público escreve que o jornal Público deu, no caso das suspeitas de vigilância, notícias infundadas e põe em causa as fontes que os jornalistas invocam.

11. Um e-mail interno do Público é publicado no Diário de Notícias onde é revelado os pormenores de como, há 17 meses atrás, Fernando Lima tentou "plantar e inventar" uma notícia de suspeitas de vigilância à Presidência, para prejudicar o Governo e favorecer a Dra Manuela e o PSD.

12. O Director do Público acusa o SIS de interceptarem correspondência interna do seu jornal.

13. O Presidente recusa comentar o e-mail exposto no Diário de Notícias, mas dá a entender que há problemas de segurança.

14. Manuela Ferreira Leite usa as palavras do Director do Público e consubstancia a ideia de asfixia democrática com as suspeitas de escutas que o SIS faz aos jornais.

15. Na mesma noite, o director do Público, confrontado com os resultados públicos de uma auditoria interna aos sistemas informáticos, informa que o e-mail não foi interceptado por fontes externas e nega o envolvimento do SIS. Desmente-se a ele próprio…

16. O provedor do Público escreve novamente e insinua que o jornal Público tem uma agenda oculta para prejudicar o governo e beneficiar o PSD.

17. Um deputado do PS, com base no desmentido do próprio director do Público, exige um pedido de desculpas de alguns dirigentes do PSD que insinuaram que o SIS estava a mando do governo a fazer escutas à comunicação social.

18. Cavaco Silva afasta Fernando Lima da assessoria para a comunicação social.

19. Cavaco fala ao País e diz que nunca teve suspeitas de escutas e que Fernando Lima não fala pelo seu nome e que tudo o que se passou não foi mais do que uma manipulação do Partido Socialista para colar o Presidente ao PSD. E nada disse sobre a “inventona”…

20. Pela voz de Silva Pereira, o governo e o PS, desmentem ponto por ponto as acusações de manipulação do Presidente da República e sugere que o mal tem de ser resolvido pela raiz.

Tirem as vossa próprias conclusões........ mas para mim só há uma…
ESTE PRESIDENTE DA REPÚBLICA vai para a reforma…