“O
homem vive de razão e sobrevive de sonhos.” (Miguel Unamuno)
Há momentos na nossa vida que sentimos que algo
não vai bem... talvez seja melhor parar um pouco, respirar, reflectir, ou
até mudar de direcção, dar um tempo a si
mesmo, repensar melhor, distrair-se, reinventar-se, conversar com um amigo,
absorver bons conselhos, decida-se, no entanto, não deixe a vida cair na
monotonia porque pode recomeçar quantas vezes for preciso, baseando-se nas
experiências passadas para mudar o rumo do seu viver. Bem sabemos que na realidade os limites são
complexos. Eles não são preto-e-branco, e não há maneira certa ou errada de
entendê-los. O que mais importa é que começamos a entrar em sintonia com nossa
própria voz interior, necessidades e desejos para que possamos nos mover de uma
forma que nos honre, mesmo quando isso signifique desapontar alguém. (o que
muitas vezes requer muito desaprender, praticar e fundamental autoconfiar em…)
"Felicidade, não em outro lugar, mas neste lugar ... não por mais uma
hora, mas nesta hora." - Walt Whitman
Talvez nunca tenha reparado ou experimentado que
depois de olhar para uma montanha, se fecharmos os olhos e imaginarmos a
paisagem no nosso íntimo, temos tendência para nos fixarmos nos pormenores
importantes; a massa da informação visual é interpretada e as características
mais evidentes da montanha identificadas: os picos de granito, os glaciares, a
neblina que paira acima da linha das árvores – pormenores que teríamos visto
antes, mas aos quais não tínhamos prestado atenção.
Como disse Allan Pease: “Somos diferentes
porque o nosso cérebro está “ligado”de maneira diferente. Isso faz-nos perceber
o mundo de maneiras diferentes e ter valores e prioridades diferentes. Não é
melhor nem pior – é apenas diferente. ”
Todos sabemos que temos diferentes maneiras de
ver o mundo... um certo dia, decidimos experimentar isso, e mostrar aos outros
o quanto diferente são os nossos pensamentos! E para nosso espanto, quando pensamos
que os nossos olhos já viram todos os encantos deste mundo, surge uma nova
amizade, mas mantenha sempre o seu espaço para seus sentimentos. O mundo pode ser
duro, então vamos tentar oferecer a nós mesmos e aos outros compaixão enquanto
navegamos nele. “Só se escreve com intensidade se vivermos intensamente. Não
se trata apenas de viver sentimentos mas de ser vivido por sentimentos. O bom
do caminho é haver volta. Para ida sem vinda. Basta o tempo.” (Mia Couto).
O luto é uma experiência que toca a todos nós,
mas cada um experimenta-o à sua maneira. Não é fácil acordar, manter rotinas e
adormecer sozinho, após tantos anos de uma boa e sã convivência conjugal. Há
memórias demasiado presentes e uma ausência que persiste nos gestos quotidianos
mais simples, apesar de todos os esforços para virar a página e prosseguir com
o que se entende por retorno à normalidade. Ninguém pode substituir o lugar
deixado vago no nosso coração. Mas restaurar o desejo de conduzir a nossa vida
é possível. Mesmo apesar dos sentimentos de revolta, tristeza e abatimento,
inevitavelmente associados à perda e dos projectos sonhados a dois. Todos
temos direito às nossas escolhas. Se for um desejo nosso o retomar a vida
acompanhado, a primeira coisa a ter em conta é não boicotar esse sentimento
genuíno (por exemplo, imaginar-se, aos olhos dos que lhe são próximos, como
"um viúvo alegre", que não sabe preservar o legado do bom, nem
gratidão pelo que a vida já lhe deu, ou
que soube construir).
“Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas
nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite”.
(Clarice Lispector)
Sem comentários:
Enviar um comentário