“De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e, é um sono sem sonhos em que estamos despertos”. (Fernando Pessoa)
Como disse Fernando
Pessoa “Ano Novo de
tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre começando... A
certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos
antes de terminar... Portanto devemos: Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da
procura, um encontro..”
Tenho de reconhecer que entendo que há quem diga
que a “ fé move montanhas”, mas respeito
todos aquelas(es) que assim não pensam. Porque assim penso, na realidade nem
que todas as estrelas estejam ao nosso alcance, para as coisas que não podem
ser mudadas resta-nos somente a paciência, porém, preferir a derrota prévia à
dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer qualquer tipo de
“sucesso” na nossa vida. Para os nossos erros haja sempre perdão; para os
nossos fracassos, haja sempre uma segunda oportunidade; para os amores
considerados impossíveis, (nada é impossível nesta vida….) precisamos sempre de
tempo, sendo verdade que o tempo é bem escasso na nossa vida, embora muito
raramente ou tarde demais chegamos a essa conclusão. Alguém disse que de “nada adiantava cercar um coração vazio ou economizar na sua alma”.(Sarah Westphal)
Há também quem diga que a Vida não cabe numa
qualquer Teoria, seja ela qual for – estamos bem certos disso. No entanto, cada
vez que dizemos “ a vida”…. Somos levados a pensar nas quantas maravilhosas
teorias que os filósofos arquitectaram na severidade das suas e de nas “escuras
bibliotecas”, nos quantos belos poemas os poetas rimaram na pobreza das suas
vidas, ou em quantos fechados dogmas os teólogos não entenderam na solidão das
celas. Nisto, ou então na conta do sapateiro, na degradação moral do século, ou
na triste pequenez de tudo, a começar por nós.
Estou naqueles dias,
a que chamo “ entre os meus dias” e a pensar em como estou e me sinto orgulhoso
de todos meus e as minhas amigas/amigos todos os dias. Estou deveras
impressionado com eles, é deles que vêm esta minha “parca inspiração”. Fico até
impressionado com qualquer pessoa que escolha prestar atenção e analisar a sua
postura na vida de todos os dias que “denomino saúde emocional”, seja por
recurso a meios de terapia ou por outras vias. Reconhecer que somos
humanos e, por isso sujeitos ao erro, mas também a reconhecê-lo, nunca deve ser
algo que possamos vir a sentir e pelo qual somos feitos (existimos e vivemos)
para nos sentirmos envergonhados.
No contexto de uma vida feliz, uma mesa
desarrumada ou um armário cheio de roupa que já não usamos é, de facto um
problema, mas que consideramos “trivial” - e por isso cheguei a uma conclusão que
ao obter mais controlo sobre as nossas coisas, sobre o que nos move no dia a
dia, faz-nos sentir mais no controlo das nossas vidas. Ao livrar-nos de coisas
que não usamos, já não precisamos ou já não sentimos nada, assim como as coisas
que não funcionam, não se encaixam ou não combinam, nós libertamos a nossa
mente (e as nossas prateleiras) pelo que realmente valorizamos na nossa vida.
À medida que o tempo passa, percebemos cada vez
mais que NUNCA somos capazes de ser essas tantas coisas, que por vezes
gostávamos de ser - não porque não nos esforçamos o suficiente, mas porque
somos apenas humanos. A vida não tem a ver com ultrapassar o que é
difícil, apenas abrindo espaço para o que é bom, ou alcançando um estado de
completa felicidade. Em vez disso, a vida é aprender que podemos realmente,
realmente, criar espaço para tudo isso: para a dor e a alegria, para a confiança
e a dúvida, para a facilidade e o desafio. É tudo valioso, tudo importa, e tudo
tem algo a ensinar-nos quando deixamos essa “fase da vergonha” e permitimos o
que dói apenas estar lá sem qualquer tipo de “pseudo auto-julgamento”. "Sonhar mesmo que seja impossível/Lutar mesmo que o inimigo seja
invencível/Suportar a dor, mesmo que seja insuportável/Correr, mesmo onde o
bravo não ouse ir/Transformar no bem o que é mal,/mesmo que o caminho seja de
mil milhas/Amar o puro e o inocente,/mesmo que seja insistente/Persistir, mesmo
quando/o corpo não mais resista/E, afinal, tocar aquela estrela,/mesmo que seja
impossível." (Fernando
Pessoa)
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