“Preso por ter cão e por não o ter cão”(proverbio português)
Este é um bem conhecido provérbio português que é usado quando alguém é acusado ou criticado, de qualquer modo, haja o que houver, faça ele ou deixe de fazer alguma coisa. Vem isto a propósito dos que andam agora a querer zurzir no governo, dizem por ter sido demasiado brando nas medidas restritivas tomadas durante a época natalícia e que justificam os atuais, mais 10 mil novos casos diários de contágios e mortes acima dos 150. É uma completa hipocrisia! Pois nessa altura toda a gente queria mais e mais “alivio das medidas”. Podemos imaginar o sururu que se levantaria se o confinamento agora imposto tivesse sido obrigatório nessa quadra natalicia? Quantos políticos da oposição bradariam contra a falta de sensibilidade do primeiro-ministro para com os portugueses culturalmente formatados para celebrar a data na companhia de tantos familiares e amigos quantos em volta de si gostam de congregar? Correu mal? Pois correu! Mas alguém, para além dos urubus do costume, especialistas na previsão dos mais infaustos apocalipses, prediziam a dimensão do que agora se comprova? Houve algum político a propor que se tomassem as medidas que, agora, muitos se apressam a considerar que deveriam ter sido impostas? A verdade é esta: na vontade de tudo maldizer, os que se opõem ao governo querem-no sempre prender por ter cão ou por o não ter.
“Não consigo encontrar esperança neste momento. A grande desvantagem de ser velho é perceber que pouco ou nada muda” (John Le Carré)Se comer e dormir é meio sustento, como nos diz a
sabedoria popular, a interação social surge agora como o mais recente elemento
de uma tríade essencial para a vida do Homem. Porque, de facto, a pandemia veio
activar o medo, desencadeando uma resposta emocional automatizada face a uma
ameaça eminente e que, se não for devidamente erradicada – tal como se procura
fazer com o vírus – as consequências podem ser, sem sombra de dúvida,
devastadoras. “Ninguém vai bater mais forte do que a vida. Não importa como
você bate e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando; o quanto pode
suportar e seguir em frente. Assim é a vida.” ( Frase do filme Rocky Balboa)
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