sábado, outubro 29, 2016

SERIA “BURLESCO” SE NÃO FOSSE GRAVE!

SERIA “BURLESCO” SE NÃO FOSSE GRAVE!

Nunca será possível ultrapassar por lei a falta de ética das pessoas. Se alguém não é sério, é uma questão de tempo para isso surgir”. (Dr. Rui Rio ex-presidente da Camara Municipal do Porto)

Num País, como Portugal, onde a imprensa se diz “ livre” e o direito à liberdade de expressão é um valor que tem consagração na Constituição, somos levados a pensar que “vivemos no melhor dos mundos” com condições de exercício de cidadania claros e transparentes, sem ter a “sensação” de que uma prática insidiosa de propaganda politica é introduzida sistematicamente de forma dissimulada, diariamente, e quase sem excepções no chamado “jornalismo”, em “obediência” a suas estratégicas de clara manipulação, quer no tocante a falta de pluralidade de opinião nos painéis consultados, induzindo o público na errada percepção de que há apenas uma solução para um determinado problema; quer a nível opinativo, com opiniões enviesadas que são apresentadas como factos objectivos.
Aliás, cada vez é menos compreensível porque não é seguida a prática de outros países, onde este problema, que enfraquece a nossa democracia, e cuja responsabilidade não pode ser só assacada à classe politica, mas também à comunicação social e à justiça, é controlado através da declaração pública de interesses. Isto é, por cá isso não se passa, e os espaços de informação estão repletos de opinadores que são apoiantes de determinados partidos – muitas vezes, são até filiados nesses partidos –, mas não declaram a sua sensibilidade política.

 Segundo julgamos saber os deputados na Assembleia da República, tem em preparação um “novo pacote da transparência na vida pública”, sendo que na vida pública não se pode considerar apenas os políticos, mas também, “os magistrados, os detentores dos órgãos de comunicação social e os editores desses órgãos, e aqueles que condicionam o que sai, como sai e se saia quem deve ser exigido a respectiva declaração de interesses.

 Num país onde ainda há imenso a fazer pela literacia política e económica dos cidadãos, este tipo de propaganda política, disfarçada de jornalismo independente, é uma das maiores ameaças à nossa liberdade e formação intelectual. Isto é uma receita para o desastre, para a descredibilização do jornalismo. Nos jornais, os “opinadores televisivos” insistem na esquizofrénica teoria de que os trabalhadores devem ter menos direitos laborais e salários mais baixos, pois isso é para seu bem. Nos indicadores económicos, verificamos que a desigualdade distributiva – o fosso entre mais ricos e mais pobres – e o nível de vida dos portugueses têm vindo progressivamente a agravar-se. Se cortar direitos e salários fosse solução para a situação económica do país, Portugal estaria agora a viver uma prosperidade fulgurante. E, no entanto, sabemos que esta política trouxe apenas mais dívida pública, mais desemprego e mais pobreza. Paradoxalmente, hoje sabemos claramente que entre os economistas, tanto em Portugal como no estrangeiro, cada vez é mais forte o consenso em volta da constatação de que a austeridade foi um erro colossal, tendo causado estagnação crónica em alguns países e agravado ainda mais as contas públicas noutros, com impactos gravíssimos nos indicadores da actividade social e económica desses Estados

Mas cá, estranhamente ou talvez não, os zés e os camilos deste país insistem: “isto estava a correr bem e era preciso cortar ainda mais.” E, quando são contestados, lançam a carta da vítima, alegam que estão a ser pressionados e dizem que a Esquerda lida mal com a liberdade. Os tipos que usam o seu papel privilegiado no jornalismo económico português para fazer propaganda pela Direita são os mesmos tipos que alegam que a Esquerda lida mal com a liberdade. Isto é um pouco como a equipa de futebol que não têm capacidade para ganhar um jogo, a queixar-se de que perdeu o jogo por má arbitragem.

Vide nas Redes Sociais
Publicação  de um artigo de Camilo Lourenço e o vídeo com as declarações de José Gomes Ferreira podem ser consultados aqui:

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