WE ARE ABLE TO DO OUR BEST! “É das coisas, que os sonhos são feitos.” It is about things, that dreams are made." (William Shakespeare
domingo, dezembro 28, 2025
Na última terça-feira, depois do trabalho, parei no supermercado. Estava cansada, tensa e irritada. O carrinho que peguei rangia tão alto a cada passo que as pessoas se viravam para olhar. Pensei em trocá-lo, mas não troquei. Continuei empurrando assim mesmo.
No fim do corredor do pão, vi um senhor idoso tentando lidar com algumas latas. Uma caiu de suas mãos. Depois outra. Corri para ajudá-lo, principalmente porque todos os outros fingiam não ver.Quando lhe devolvi as latas, ele sorriu de leve e disse-me:
“As minhas mãos já não obedecem como antes.”
Reparei no casaco gasto, no boné desbotado, nos dedos inchados. No carrinho dele havia apenas produtos baratos — marcas próprias, nada além do essencial.
Algo nele me tocou.
Ele agradeceu novamente e acrescentou em voz baixa: “Minha filha trabalha em dois empregos. Meu filho mora longe. Digo a eles que estou bem… mas ultimamente esse ‘bem’ está muito longe da verdade.”
Minha garganta apertou-se…..
Perguntei se precisava de ajuda com o resto das compras. Ele balançou a cabeça. “Não quero incomodar ninguém.”
Seguimos caminhos diferentes.
No caixa, ele estava à minha frente. Contava o dinheiro devagar, pedindo desculpas à caixa:
“Desculpe… achei que seria suficiente.”
Não era. Começou a retirar algumas das compras — feijão, farinha, ovos — um por um. Dei um passo à frente e disse:
“Eu pago.”
Ele entrou em pânico.
“Não, não. Eu não aceito caridade.”
Então menti.
“Hoje há um desconto para idosos que posso aplicar com meu cartão de fidelidade. Se retirar esses itens, ele não funciona.”
Não era verdade, mas ele acreditou. Seus ombros relaxaram.
“Que Deus a abençoe”, sussurrou.
Lá fora, ele virou-se para mim.
“A senhora me lembra a minha filha. Ela também é muito boa… só não quero que ela se preocupe comigo.”
Perguntei se ela sabia que ele estava a passar dificuldades.
Ele desviou o olhar.
“Os pais não gostam de admitir isso. Queremos que nossos filhos vivam — não que se sintam culpados.”
Observei enquanto ele colocava as compras num carro velho com o para-choque rachado. Ele acenou e foi-se embora.
No caminho da minha casa, a culpa atingiu-me com força….senti-me sufocada.
Naquela manhã, o meu próprio pai havia me ligado. Eu não atendi — estava sem tempo e “ocupada demais”.
Ele deixou uma mensagem:
“Espero que esteja alimentando-se bem. Estou com saudades.”
Virei o carro e fui direto para a casa dos meus pais.
Meu pai abriu a porta de pantufas e com um suéter velho. Seu sorriso estava cansado, mas cheio de carinho.
“Oi, filha… que surpresa!”
O frigorifico estava quase vazio. Não porque faltasse comida — mas porque faltava energia.
Perguntei por que ele nunca me disse que se sentia sozinho. Ele deu de ombros.
“Não quero te incomodar. Tens a tua vida.”
Pensei no homem do supermercado.
No carrinho rangendo. Em todas as ligações perdidas.
Então preparei o jantar.
Comemos juntos à pequena mesa onde cresci.
Ele contou histórias antigas que eu havia esquecido.
Riu de piadas que não eram engraçadas.
Abraçou-me duas vezes antes de eu ir embora.
E percebi algo importante:
Os pais não ficam em silêncio porque deixam de amar.
Ficam em silêncio porque não querem nos sobrecarregar.
Diminuem suas necessidades.
Escondem a solidão.
Dizem “estou bem” mesmo quando estão despedaçando-se.
A nossa tarefa é ouvir além das palavras.
Estar presente antes que o frigorifico fique vazio.
Atender as ligações.
Visitar — mesmo quando estamos cansados.
Porque um dia, a cadeira à nossa frente estará vazia.
Então, se está a ler isto, ligue para os seus pais hoje.
Não porque eles pediram.
Mas porque nunca pedirão. Eles apenas não querem incomodar!
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