“Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam." (José Saramago)
Amanhã vamos regressar a um passado de “confinados” com a promessa que só assim teremos futuro. Mas não podemos deixar de aqui relembrar que, talvez, estas medidas não fossem necessariamente tão rígidas se, todos cumpríssemos as regras de saúde. Ou não será assim?
Há um provérbio sueco que diz que :“O medo
atribui a pequenas coisas grandes sombras”, nestes tempos de inverno da
nossa existência, nesta altura de vida, em que para alguns, ou para todos, que
se diz “de certa idade”, todos, podemos tentar esconder, temos medo, pois não há
sentimento mais fácil de detectar de que o medo. Não são precisas palavras, o
medo lê-se no corpo, e lê-se com toda clareza no corpo daqueles , “de certa
idade”, a realidade é que ninguém deve saber o que é ficar com medo de acabar por ter sido vítima de comportamentos
negligentes de outros ou dele próprio. Ter e sentir o medo e a ansiedade são úteis para cumprir o
isolamento e vão ser bloqueadores na hora de voltar a sair. A ideia de que
daqui a uns tempos tudo será igual ao que era, é completamente falsa, devemos ter a noção que a
reabertura da vida é uma experiência nova.
Aqui no meu canto, onde estou agora e assim de
repente surgiu-me um ideia: “e se pudesse escrever uma frase que todos
entendessem? A realidade é que essa frase não seria minha, mas de alguém que
uma vez me disse ‘a minha estatística é viver.’ Para nos explicar o
tamanho das coisas importantes e às vezes também é preciso pensarmos nos outros, pois vivemos em
sociedade, e temos o dever de respeitar e acautelar a saúde de quem nos rodeia.
É preciso respeitar todos aqueles que para podermos viver, tem que trabalhar,
por isso cumpre-nos o dever de ficar em
casa e tomar todas as precauções cumprindo as regras de saúde, e não , por
incúria, por bravata, por desatenção ou por falso sentido de segurança, não medir as consequências de violar as regras.
Lembro-me de já ter lido, em qualquer lado, esta frase :”Não queiras ser a
pessoa que vai contribuir para que um médico tenha de decidir quem vai ficar
com o último ventilador”. Temos de ter consciência disso, a nossa estatística
tem de ser viver, e de gostarmos tanto dessa estatística que vamos cumprir
todas as regras de saúde. Como escreveu uma amiga minha: ”Com os dias a
passar, com os cabelos a esbranquiçar, com as rugas a dar "o ar da sua
graça", num caminho que me vai ensinando...há tempo, espaço e uma
aprendizagem que me chama a atenção para cuidar de mim, olhar para mim e fazer
por mim, sem esquecer os outros.”
Na "Viagem do Elefante", um último
livro de José Saramago, vem escrito: "Sempre chegamos ao sítio aonde
nos esperam". Será esta a verdade? Será que, há um certo lugar, num
certo momento, onde existe alguém à nossa espera, independentemente das voltas
que possamos dar para lá chegar e do tempo que demoraremos a fazê-lo?
Como tudo na vida há os mais e os menos “crédulos”,
a vida está, provavelmente e com frequência, a enviar-nos mensagens que, no
fim, acabamos por ouvir e reconhecer como nossas. “Acho que nada acontece
por acaso, sabe? Que no fundo as coisas têm seu plano secreto, embora nós não
entendamos.”(Carlos Ruiz Zafón)
Há , também, quem diga que temos duas certezas nesta vida, quando nascemos e
morremos. Neste intervalo temos que viver o momento, porque a vida é feita
desses momentos. E de momento em momento lá chegaremos ao sítio aonde nos
esperam. Mas temos sempre que “dar uma ajudazinha”. Por isso, pensemos bem, se
assim não fosse, seria então a vida feita somente de acasos e coincidências sem
verdadeiro significado? Como escreveu Richard Bach: ”Nada acontece por
acaso. Não existe a sorte. Há um significado por detrás de cada pequeno acto.
Talvez não possa ser visto com clareza imediatamente, mas sê-lo-á antes que se
passe muito tempo.”
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