“Um homem que não se alimenta de seus sonhos, envelhece cedo.” (WilliamShakespeare)
Não sei se é ou não cultural ou se é de não sermos um país habituado a grandes feitos, até porque temos uma imprensa que apenas “opina” sobre o que é negativo, ou se será de outra coisa qualquer, mas noto nos portugueses uma curiosa inclinação para procurar grandes significados em coisas que não são assim tão grandes. Como disse Maya Angelou activista dos direitos civis que resumiu seu objectivo constante de luta e reivindicação: “A minha missão na vida não é apenas sobreviver, mas prosperar; faça isso com uma certa paixão, uma certa compaixão, um pouco de humor e um pouco de estilo ”.
Não deixa de ser realmente estranho que muitos de
nós se irritem tanto com os mais velhos quando todos envelhecemos, todos os
dias. O que parece é que não temos “estômago”
para ver o nosso futuro “eu”…. para aqueles que lá chegam! Mas se olharmos para
a nova realidade, não precisamos de assustar-nos assim tanto, pois parece-me
que para tanto basta-nos ter a sensação de não ser tão obcecados pela idade -
todas as entrevistas a celebridades falam da idade - mas, na verdade, a nossa
idade cronológica - o número de anos que vivemos - tem cada vez menos relação
com nossa idade biológica - quão saudáveis e enérgicos somos. Não é a velhice
que está a ficar mais longa, é a meia-idade. E precisamos ser muito, muito mais
ambiciosos sobre o que isso significa nas nossas vidas.” Qual seria a nossa idade se
não soubéssemos quantos anos temos? (Confúcio)
Ainda bem que há coisas que, por vezes, doem, e
não só nestes tempos de grandes riscos e incertezas, sem elas não teríamos
forma de identificar os problemas. É a dor que nos faz ir ao médico e, tantas
vezes, diagnosticar uma doença a tempo de ser curada. É a dor que nos mostra
que aquela relação já não é para nós. É a dor que nos faz querer mudar de
carreira. É a dor que nos faz mudar para hábitos mais saudáveis. E é quando a
abraçamos e aceitamos que ela começa a doer menos. No fundo, o objectivo da dor
nunca foi fazer-nos sofrer, mas sim libertar-nos do sofrimento. “E deixai
que vos diga uma coisa que me está muito a peito: aproveitai a oportunidade de
partilhar e gozar de um bom «face a face» com todos, mas sobretudo com os
vossos avós, com os idosos da vossa comunidade. Talvez algum de vós já me tenha
ouvido dizê-lo, mas penso que é um antídoto contra todos aqueles que vos querem
encerrar no presente, afogando-vos e sufocando-vos com pressões e exigências
duma suposta felicidade, onde parece que o mundo está para acabar e é preciso
fazer e viver tudo imediatamente. Com o passar do tempo, isto gera muita
ansiedade, insatisfação e resignação. Amigos, passai tempo com os vossos
idosos, com os vossos anciãos; escutai as suas longas histórias, que às vezes
parecem fantasiosas, mas na realidade estão cheias duma preciosa experiência,
de símbolos eloquentes e sabedoria escondida que é preciso descobrir e
valorizar. São estas histórias que requerem tempo. (cf. Francisco, Exort.
ap. pós-sinodal Christus vivit, 195).
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