“O que é sagrado na ciência é
a verdade.”( Simone Weil)
Nestes tempos, em que alguém disse “que estranha
e dolosamente, todas as catástrofes nos protegem de algo pior”, e leva-nos a
mudanças de comportamento, individuais e colectivas, sendo que na realidade se
nada se mudar na relação com a globalização e a natureza, as coisas podem vir a
ficar mesmo estranhas, em que o vírus do medo, da violência e da ignorância,
que tem-se propagado com força nestes
dias, a par do “covid19”, também este “vírus” pode estar a proteger-nos de algo
muito pior.
Temos a percepção que a ciência, e os cientistas,
nunca estiveram tão próximo das pessoas e a comunicação da ciência nunca foi tão
imediata, como nestes tempos, o problema, para além dos grandes desafios que
coloca é preciso assegurar a necessária massa critica de modo a garantir que os
dados estão correctos – o que nem sempre tem acontecido com alguns estudos. Para
além disto é a ciência escolhe o caminho da colaboração, mas, temos assistido que
algumas lideranças políticas escolhem a
confrontação, as guerras ideológicas e comerciais, o nacionalismo das vacinas,
para poderem dizer que “ganharam”. Fazem um jogo de soma nula, num caso de
saúde pública global, o que é irracional. E isso injecta mais incerteza num
mundo já de si incerto. Como disse o filósofo alemão Kant: “O mundo é governado
pela paixão, pela irracionalidade e por males periódicos.” Isto acontece hoje
como há 200 anos atrás. Estes são os tempos que temos que acordar todos para
uma nova realidade e que não se cometerão os mesmos erros – é por isso que
devemos conhecer a história e ao olharmos para o passado, no presente, não
cometermos os mesmos erros.
Como todos
devíamos saber a História de Portugal e dos portugueses está repleta de feitos
notáveis, mas também episódios lamentáveis! Nela há Figuras ímpares e de grande
valor humano, mas também personagens
pouco recomendáveis! Como todas as histórias dos países neste Mundo!
Mas somos de opinião que ao tentar reescrever a
história sob os olhares contemporâneos servirá apenas para o agudizar os
extremismos de vários quadrantes contribuindo para o triunfo da ignorância e da
“pobreza mental”!
Tudo isto a propósito da vandalização da estátua
do Padre António Vieira , "Imperador da língua portuguesa"
(nas palavras de Fernando Pessoa) e alguém que protegeu os índios sendo
perseguido pela Inquisição por tal revela somente uma absoluta ignorância pela
nossa história e desprezo pela nossa cultura! Relembramos que os escritores
Stefan Zweig e Walter Benjamin suicidaram-se, de certa maneira, por não
aguentarem mais o mundo em que viviam. Começa a ser muito difícil viver neste
novo mundo que, aos poucos, se está a revelar: um "Admirável Mundo
Novo" de ignorância, de fanatismo e de barbárie. A História ensinou-nos
que quando regimes e ideologias de cariz totalitário começam a vandalizar
estátuas depressa passam para a queima de livros e de pessoas, acabando nos Gulags
e Auschwitz! Ainda há bem pouco tempo o mundo se indignou contra
os jihadistas do Daesh que destruíram os Budas gigantes do Afeganistão e os
monumentos de Palmira, que degolaram os americanos e fazem "limpeza"
aos que não são da sua fé.
A nossa história é o nosso passado, as nossas raízes,
urge pois estudá-la para que os erros do passado não se repitam e para que os
valores da liberdade e da aceitação triunfem! E demonstrar a indignação para com
esta “gente”, que não sabe conhecer o aceitar seu passado, com os seus defeitos
e virtudes, estudá-lo e contextualizá-lo, preferindo destruí-lo e apagá-lo, é
pouco mais do que um bárbaro ignorante.
Esquece-se que qualquer movimento que pense o contrário, vindo a cavalo noutra
grande ideia, fará o mesmo auto-de-fé às suas ideias e convicções. E relembro
uma frase de Henry Ford: “Quando tudo parece estar com ti, lembra-te que é
contra o vento, e não com o vento a favor, que o avião descola”.
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