Carta ao Sr. Passos Coelho - Ricardo
Araújo Pereira
Data: Thu,
17 Oct 2013 15:18:48 +0100
Caro sr. primeiro-ministro,
O conjunto de medidas que me enviou para
apreciação parece-me extraordinário. Confiscar as pensões dos idosos é muito
inteligente. Em 2015, ano das próximas eleições legislativas, muitos velhotes
já não estarão cá para votar. Tem-se observado que uma coisa que os idosos
fazem muito é falecer. É uma espécie de passatempo, competindo em popularidade
com o dominó. E, se lhes cortarmos na pensão, essa tendência agrava-se
bastante. Ora, gente defunta não penaliza o governo nas urnas. Essa tem sido
uma vantagem da democracia bastante descurada por vários governos, mas não pelo
seu. Por outro lado, mesmo que cheguem vivos às eleições, há uma probabilidade
forte de os velhotes não se lembrarem de quem lhes cortou o dinheiro da
reforma.
O grande problema das sociedades
modernas são os velhos. Trabalham pouco e gastam demais. Entregam-se a um
consumismo desenfreado, sobretudo no que toca a drogas. São compradas na
farmácia, mas não deixam de ser drogas. A culpa é da medicina, que lhes
prolonga a vida muito para além da data da reforma. Chegam a passar dois e três
anos repimpados a desfrutar das suas pensões. A esperança de vida destrói a
nossa esperança numa boa vida, uma vez que o dinheiro gasto em pensões poderia
estar a se aplicado onde realmente interessa, como os swaps, as PPP e o BPN.
Se me permite, gostaria de acrescentar
algumas ideias para ajudar a minimizar o efeito negativo dos velhos na
sociedade portuguesa:
1. Aumento da idade da reforma para os
85 anos. Os contestatários do costume dirão que se trata de uma barbaridade, e
que acrescentar 20 anos à idade da reforma é muito. Perguntem aos próprios
velhos. Estão sempre a queixar-se de que a vida passa a correr e que vinte anos
não são nada. É verdade: 20 anos não são nada. Respeitemos a opinião dos
idosos, pois é neles que está a sabedoria.
2. Exportação de velhos. O velho
português é típico e pitoresco. Bem promovido, pode ter grande aceitação lá
fora, quer para fazer pequenos trabalhos, quer apenas para enfeitar um
alpendre, ou um jardim.
3. Convencer a artista Joana Vasconcelos
a assinar 2.500 velhos e pô-los em exposição no MoMA, em Nova Iorque.
Creio que são propostas valiosas para o
melhoramento da sociedade portuguesa, mantendo o espírito humanista que tem
norteado as suas políticas.
Cordialmente, Nicolau Maquiavel
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