sexta-feira, setembro 14, 2012

TEMOS QUE PERGUNTAR. QUAL A OPÇÃO O GOVERNO OU O POVO?



TEMOS QUE PERGUNTAR. QUAL A OPÇÃO O GOVERNO OU O POVO?  

A análise e avaliação do que se está a passar no nosso País, parece que toda a gente está CONTRA ESTE GOVERNO, nem sequer “aparecem” os seus poucos apoiantes. .
A Dra Manuela Ferreira Leite, uma militante de peso do partido PSD  a que pertence o primeiro-ministro e ex-governante em representação desse partido, apelou, de uma forma sem precedentes, a um boicote dos deputados da maioria ao orçamento e a uma contestação generalizada das medidas de austeridade anunciadas, nomeadamente a participação em manifestações de rua, na sua afirmação de que este governo “estava fora da lei, pois tomava medidas claramente ilegais…. E estava a destroçar o Pais”
O Dr Bagão Félix, outro militante de peso do outro partido da coligação - o CDS – tem farpeado acutilantemente a obtusidade dessas mesmas medidas, manifestando a sua indignação pela insensibilidade social demonstrada pelo governo e incitando à revolta contra elas.
O social-democrata Rui Machete pediu ao primeiro-ministro para reconsiderar os «sacrifícios exagerados» que está a impor aos portugueses e, em especial, à classe média.
O senhor Engº Belmiro de Azevedo, considerado o maior empregador do País  e que supostamente iria ser um dos grandes beneficiários da transferência de parte significativa dos encargos da TSU das entidades patronais para os trabalhadores, malhou no governo forte e feio.
O presidente do conselho de administração da Sonae questionou o que é que acontece com a economia "quando se sobe uma taxa ou se desce uma taxa", afirmando, por exemplo, que "quando se tira dinheiro ao povo falta dinheiro para comprar coisas, quer seja na economia quer seja nas empresas".
O presidente da CIP verberou o governo pelas medidas que tenciona pôr em prática, nomeadamente a questão da TSU.
O Dr. Nogueira Leita escreveu no seu “facebook” “Se em 2013 me obrigarem a trabalhar mais de sete meses só para o Estado, palavra de honra que me piro, uma vez que imagino que quando chegar a altura de me reformar já nada haverá para distribuir, sendo que preciso de me acautelar”.
“O tempo foi passando e, de tudo o que o PSD prometeu, pouco fez. Fiquei perplexo", afirmou. " A minha tese é muito simples: aumentar impostos ou fazer cortes selectivos na despesa pública tem efeitos recessivos na economia. Houve um aumento excessivo do IVA que levou ao fecho de empresas, ao desemprego e à recessão. Esses aumentos não resultaram em aumentos proporcionais na receita". A voz de Mira Amaral junta-se assim ao rol de ilustres sociais-democratas que tem criticado a actuação do Governo.
Praticamente nenhum economista com o mínimo de autonomia e independência face ao governo apoia as referidas medidas, quase todos as achando inconcebíveis e alguns, mesmo perversas.
As centrais sindicais parecem entender-se novamente para acções comuns.
O PS ameaça, finalmente, abandonar a “oposição moderada” (expressão do “EL País”) que tem seguido e caminhar para a ruptura.
Não há praticamente ninguém que não diga que o País não esteja a ser conduzido para a ruína total com esta política.

É caso para perguntar:

Onde está, afinal, o governo? Num País concreto, formado por cidadãos de carne e osso, ou na estratosfera? Onde está essa famosa gente vinda de universidades estrangeiras, essa brilhante geração de académicos com ideias a fervilhar na cabeça?
Ou será que o governo é que tem razão e toda a gente (ou quase toda a gente) é que paira na idiotia, como naquela história em que o louco, espreitando através do gradeamento do jardim que circundava o manicómio, perguntava aos de fora: Eh lá! Vocês aí são todos malucos?

Ou como naquele poema de Bertolt Brecht em que, a certa altura se diz que:

(…) o Povo
Perdera levianamente a confiança do Governo
E só a poderia reconquistar
Trabalhando a dobrar. Pois não seria
Então mais fácil que o Governo
Dissolvesse o Povo
E elegesse outro?  

Ou citando o Eça de Queirós que com suas palavras escritas no século XIX, ainda hoje elas retratam o que é a nossa classe política:

É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e por corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”

 

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