sábado, fevereiro 20, 2021

“O Sentido da vida é que ela termina.” ( Franz Kafka)

“O Sentido da vida é que ela termina.” ( Franz Kafka)  .

 De certo modo acontece com a generalidade das pessoas, quando no recurso à nossa memória somos levados a recordar a situações felizes nestes dias tristes, e também nos lembramos que esses dias são construídos de bons momentos e é impossível alguém passar a vida inteira sem uma única visita da tristeza. Talvez nunca venhamos a descobrir o real sentido da vida, mas é muito provável que possamos encontrar algumas formas para viver melhor através do nosso caminho. “De um certo ponto adiante não há mais retorno. Esse é o ponto que deve ser alcançado. O Sentido da vida é que ela termina.” Escreveu Franz Kafka. É isso que nos leva por vezes a esquecer que há apenas um ciclo: nascer, viver e morrer.

Isto tudo vem a propósito de que de repente parece que o País acordou para uma súbita urgência: discussão sobre a guerra no ultramar. O que para muitos nada mais será do que ideias do passado como fantasmas do presente. Na realidade esta temática foi levantada após a “morte do tenente coronel Marcelino da Mata que foi só o militar mais condecorado das nossas Forças Armadas”! O que levou ao aparecimento não só na imprensa mas em especial nas redes sociais de um chorrilho de opiniões avulsas que como o povo usa dizer “ que as redes sociais costumam atirar aos cães vadios”. A realidade é que na nossa opinião aqueles que dizem querer discutir “ a guerra colonial” – eu e muitos nunca estivemos numa guerra colonial, mas sim “estivemos numa guerra do ultramar” – apenas querem a novidade de um novo palco para poderem exibir a sua própria ignorância. Esquecem-se que só a Historia pode discutir a “guerra” e não meia dúzia de iluminados que nem sequer sabem sobre o que “escrevem e falam”! E para a Historia cinquenta anos não é demais! “A vida é desprovida de sentido. Somos nós que lhe  damos sentido. O sentido da vida é aquilo que nós lhe atribuímos. Estar vivo é o sentido.” (Joseph Campbell)

Talvez por isso fico quase sempre numa grande dúvida: as pessoas escrevem mentiras no espaço público com afirmações de certo modo vazias de conteúdo, de certa forma astuciosa, com o objectivo de enganar, porque se enganam ou porque querem “trazer humor” ao debate?  Se assim é “isto tudo não passa de conversa para boi dormir!” Mas, de qualquer modo não deixam de ofender a honra e a dignidade de muitas centenas de milhares de jovens, e ainda hoje há muitos vivos, que tudo deram inclusive a própria vida! Tudo o  resto são instrumentos, peças no interior de uma circunstância que não dominam, nem sequer fazem a mais leve ideia, porque nunca lá estiveram! Que aqui fique bem claro de que não se trata de discutir a “guerra colonial”, ou a “ a guerra do ultramar”, ou como lhe queiram chamar . O que mais  incomoda é a desenvoltura com que,  se julgam e condenam os vivos e os mortos, e até a memória que os vivos têm dos mortos. “O possuir não existe, existe somente o ser: esse ser que aspira até ao último alento, até à asfixia. A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana.”(Franz Kafka)

Como todos devíamos ter a percepção de que a nossa memória colectiva é feita de pessoas comuns, com suas grandezas e misérias. Discuti-la é fascinante. Julgá-la desta forma é miserável. Como disse René Descartes: “O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm.” OU TALVEZ ESTIVESSE ERRADO!

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