domingo, junho 07, 2020

SERÁ PRECISO RECONSTRUIR OU REABRIR A ECONOMIA? (3ª parte)


SERÁ PRECISO RECONSTRUIR OU REABRIR A ECONOMIA? (3ª parte)

Tenho a percepção que todos reconhecem que estes não são os nossos tempos, mas também, há momentos em que no nosso pensamento surge uma questão essencial: Como vamos construir o nosso futuro?
 Recuso como sempre reusei aceitar aquela, não mais que uma ladainha, ( se quiserem tretas para enganar os incautos) de que o  nosso país não tem recursos e por isso “vivemos acima deles” !!! Como se devem relembrar, isto da memória por vezes é mesmo “lixado”.. foi esta pseudo“filosofia neoliberal” utilizada para fanar ou se quiserem surripiar os rendimentos, em especial do trabalho, das reformas  e pensões da maioria dos portugueses, e que favoreceu uma minoria, bem determinada, que até há pouco tempo se manteve “calada”, para ver se passava pelos “pingos da chuva”, mas que já começa a “deitar a cabeça de fora”. Temos que estar muitos atentos e reagir de modo a defender os nossos direitos de cidadania e não mais nos “vexarem” com os “pseudo deveres”, que tão “bem sabem inventar”, com ideias neoliberais que, na verdade, se provaram cada vez mais erradas.
No nosso País temos muitos recursos (materiais e humanos) e os nossos políticos devem, e tem de  “saber” desenhar políticas públicas capazes de os utilizar, criar valor, gerar riqueza e emprego e construir um futuro diferente. Neste sentido, os políticos, com sentido de servir o interesse publico, tem que desenhar e pôr em funcionamento projectos-âncora capazes de evitar o colapso e transformar a nossa economia, com  competências técnicas,  independência das vária “corporações”, com um  sentido ético do serviço da “Res Publica”e pugnar pelos interesses dos cidadãos que “dizem” representar.
Para quem tem estado atento, tem sido claro que desde o início desta  crise que economistas , com uma visão social da sociedade, têm argumentado que esta é uma óptima oportunidade para reformar o sistema económico. Cito apenas, Mariana Mazzucato, da University College London, pensa que é uma boa altura para aumentar os níveis de investimento, criar novas instituições públicas, direccionar os esforços de inovação, reformular a lógica das parcerias com os privados e exigir que o dinheiro público tenha como contrapartida, não  só a transição para uma economia mais “verde”, mas também que as “pessoas subsidiados” possam ter como o dever a sua comparticipação para o social e as empresa sejam “obrigadas” ao retorno dos meios financeiros subsidiados. (Isto é claro que os subsídios com dinheiros públicos tem de ser utilizados para “salvar empresas e os postos de trabalho” e não para “salvar patrões”.)
Temos a noção que este conjunto de algumas medidas, que com o dever de cidadania, iremos preconizar,  terão de ser incorporadas numa visão estratégica para Portugal e, posteriormente, traduzidas em acções estratégicas mensuráveis, visíveis e publicitadas em função de resultados e não de meras intenções, como tem, no geral acontecido.
 Precisamos de um projecto para a agricultura para apoiar os agricultores, consolidar a economia e as redes logísticas locais e melhorar a nossa balança alimentar. Precisamos de um grande projecto para a floresta e para o interior que seja capaz de valorizar  a floresta, criar emprego e aumentar a coesão territorial, sem o recurso às “centrais de biomassa”. Precisamos de um projecto de reconversão industrial para explorar a capacidade de reinvenção das cadeias logísticas e apoiar as empresas nacionais de múltiplos sectores. Precisamos de um projecto de reindustrialização explorando o potencial dos recursos minerais e energéticos nacionais como o lítio, o cobalto, o níquel, o nióbio, o tântalo, as terras raras, as energias renováveis como a solar, o gás e o hidrogénio. Precisamos de um projecto, não só para as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, transformando-as em macrorregiões inteligentes e competitivas à escala global investindo na integração dos sensores, dados e tecnologias digitais e mobilizando todo o ecossistema de inovação com as empresas, centros de investigação, universidades e autarquias. Precisamos de um grande projecto para completar as infra-estruturas físicas indispensáveis, que seja uma alavanca para a indústria da construção, que passa por completar as infra-estruturas digitais e acelerar a transição digital apoiando as Escolas, as Universidades e os Centros de Investigação, a Administração Pública e as empresas com um programa especial de apoio às PME. Precisamos de um projecto para o sistema de saúde incluindo os equipamentos e recursos do Serviço Nacional de Saúde, mas também o apoio às empresas que se reinventaram nesta crise e produzem equipamentos que podem capitalizar à escala global.         
Por isso, não voltemos “á teoria de que somos pobrezinhos” e de que o País não tem recursos. Tem recursos e deve desenhar políticas públicas capazes de os produzir, criar valor, gerar riqueza e emprego e construir um futuro diferente bem diferente para todos os portugueses. Nós Cidadãos fomos, somos e seremos co-responsáveis pela situação portuguesa. Temos de ter consciência que a mudança não acontecerá se não adoptarmos e impusermos uma política de rigor, de transparência, de trabalho, de respeito, e de responsabilidade, se não o fizermos, estaremos a legitimar que o destino de um Serviço Público se trace à revelia dos interesses de Portugal e dos Portugueses.

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