SERÁ PRECISO RECONSTRUIR OU REABRIR A ECONOMIA? (3ª
parte)
Tenho a percepção que todos reconhecem que estes
não são os nossos tempos, mas também, há momentos em que no nosso pensamento
surge uma questão essencial: Como vamos construir o nosso futuro?
Recuso
como sempre reusei aceitar aquela, não mais que uma ladainha, ( se quiserem
tretas para enganar os incautos) de que o nosso país não tem recursos e por isso
“vivemos acima deles” !!! Como se devem relembrar, isto da memória por vezes é
mesmo “lixado”.. foi esta pseudo“filosofia neoliberal” utilizada para fanar ou
se quiserem surripiar os rendimentos, em especial do trabalho, das reformas e pensões da maioria dos portugueses, e que
favoreceu uma minoria, bem determinada, que até há pouco tempo se manteve
“calada”, para ver se passava pelos “pingos da chuva”, mas que já começa a
“deitar a cabeça de fora”. Temos que estar muitos atentos e reagir de
modo a defender os nossos direitos de cidadania e não mais nos “vexarem” com os
“pseudo deveres”, que tão “bem sabem inventar”, com ideias neoliberais que, na
verdade, se provaram cada vez mais erradas.
No nosso País temos muitos recursos (materiais e
humanos) e os nossos políticos devem, e tem de “saber” desenhar políticas públicas capazes de
os utilizar, criar valor, gerar riqueza e emprego e construir um futuro
diferente. Neste sentido, os políticos, com sentido de servir o interesse publico,
tem que desenhar e pôr em funcionamento projectos-âncora capazes de evitar o
colapso e transformar a nossa economia, com competências técnicas, independência das vária “corporações”, com um sentido ético do serviço da “Res Publica”e
pugnar pelos interesses dos cidadãos que “dizem” representar.
Para quem tem estado atento, tem sido claro que
desde o início desta crise que
economistas , com uma visão social da sociedade, têm argumentado que esta é uma
óptima oportunidade para reformar o sistema económico. Cito apenas, Mariana
Mazzucato, da University College London, pensa que é uma boa altura para
aumentar os níveis de investimento, criar novas instituições públicas, direccionar
os esforços de inovação, reformular a lógica das parcerias com os privados e
exigir que o dinheiro público tenha como contrapartida, não só a transição para uma economia mais “verde”,
mas também que as “pessoas subsidiados” possam ter como o dever a sua
comparticipação para o social e as empresa sejam “obrigadas” ao retorno dos
meios financeiros subsidiados. (Isto é claro que os subsídios com dinheiros
públicos tem de ser utilizados para “salvar empresas e os postos de trabalho” e
não para “salvar patrões”.)
Temos a noção que este conjunto de algumas medidas,
que com o dever de cidadania, iremos preconizar, terão de ser incorporadas numa visão
estratégica para Portugal e, posteriormente, traduzidas em acções estratégicas
mensuráveis, visíveis e publicitadas em função de resultados e não de meras
intenções, como tem, no geral acontecido.
Precisamos
de um projecto para a agricultura para apoiar os agricultores, consolidar a
economia e as redes logísticas locais e melhorar a nossa balança alimentar.
Precisamos de um grande projecto para a floresta e para o interior que seja capaz
de valorizar a floresta, criar emprego e
aumentar a coesão territorial, sem o recurso às “centrais de biomassa”. Precisamos
de um projecto de reconversão industrial para explorar a capacidade de
reinvenção das cadeias logísticas e apoiar as empresas nacionais de múltiplos
sectores. Precisamos de um projecto de reindustrialização
explorando o potencial dos recursos minerais e energéticos nacionais como o
lítio, o cobalto, o níquel, o nióbio, o tântalo, as terras raras, as energias
renováveis como a solar, o gás e o hidrogénio. Precisamos de um
projecto, não só para as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto,
transformando-as em macrorregiões inteligentes e competitivas à escala global
investindo na integração dos sensores, dados e tecnologias digitais e
mobilizando todo o ecossistema de inovação com as empresas, centros de
investigação, universidades e autarquias. Precisamos de um grande projecto para
completar as infra-estruturas físicas indispensáveis, que seja uma alavanca
para a indústria da construção, que passa por completar as infra-estruturas
digitais e acelerar a transição digital apoiando as Escolas, as Universidades e
os Centros de Investigação, a Administração Pública e as empresas com um programa
especial de apoio às PME. Precisamos de um projecto para o sistema de saúde
incluindo os equipamentos e recursos do Serviço Nacional de Saúde, mas também o
apoio às empresas que se reinventaram nesta crise e produzem equipamentos que
podem capitalizar à escala global.
Por isso, não voltemos “á teoria de que somos
pobrezinhos” e de que o País não tem recursos. Tem recursos e deve desenhar
políticas públicas capazes de os produzir, criar valor, gerar riqueza e emprego
e construir um futuro diferente bem diferente para todos os portugueses.
Nós Cidadãos fomos, somos e seremos co-responsáveis
pela situação portuguesa. Temos de ter consciência que a mudança não acontecerá
se não adoptarmos e impusermos uma política de rigor, de transparência, de
trabalho, de respeito, e de responsabilidade, se não o fizermos, estaremos a
legitimar que o destino de um Serviço Público se trace à revelia dos interesses
de Portugal e dos Portugueses.
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