"Na gigantesca manifestação de ontem provou que os professores estão unidos nas suas reivindicações. Infelizmente para eles, provou também que estão unidos contra a melhoria do ensino, contra os pais e contra os alunos e contra a melhoria de vida no País.
Discordo que os professores sejam encarados como uma corporação. Talvez esse epíteto fosse adequado no passado, mas, ontem, eles comportaram-se antes como uma casta ciosa de privilégios injustificáveis, e exibiram perante o país um egoísmo incompreensível para todos aqueles que se esforçam no desempenho das suas tarefas profissionais e que quotidianamente têm que prestar contas
É sabido que os professores estão indignados. Será essa indignação legítima?Vejamos. Os professores têm horários reduzidos, desfrutam de mais longos períodos de férias, ganham mais do que a generalidade dos trabalhadores com habilitações equivalentes, até há pouco beneficiavam de promoções automáticas, no topo da carreira beneficiam de um dos melhores salários relativos da União Europeia, não são avaliados, não prestam contas a ninguém e gerem-se a si próprios. Queixam-se agora de que o governo os quer obrigar a trabalhar mais e a prestar contas.
Nestas condições, se a sua indignação é legítima, igualmente legítima seria a dos condutores que estacionam as suas viaturas em cima do passeio ou em segunda fila, vítimas das impossíveis condições de circulação que as autoridades querem impor nas cidades ao negarem-lhes direitos a incomodar o parceiro há longo tempo adquiridos.
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