A VERDADE É COMO O AZEITE. “VÊM SEMPRE
AO DE CIMA”
Pode-se
muito legitimamente não gostar, nem concordar com determinadas opiniões. E eu
não gosto da “tendência” actual e “maioritária” forma de “fazer noticia”, quem
mais não é que uma tentativa de “criação de factos”, com objectivos de defesa
de interesses privados em detrimento do interesse publico. Não temos duvidas
que neste caso concreto do que se “designou chamar” – de inquérito parlamentar
à CGD – mais não é que uma tentativa desesperada de determinados agentes políticos,
maioritariamente do PSD e do CDS que
procuram “ensarilhar” o sistema politico de modo a privatizar a Caixa Geral de Depósitos,
prosseguindo o propósito enunciado pelo desgoverno de má memória de Passos
Coelho.
Neste
caso concreto está também, bem claro que o
PSD e o CDS-PP procuram explorar o nicho da devassidão da vida privada
dos cidadãos, e isso é inconstitucional e por isso ilegal e para criar um facto
político, violando a Constituição e a lei, que não permite o acesso a
comunicações pessoais. a violação do segredo da correspondência ou das
comunicações constitui inadmissível ataque ao direito à reserva da vida,
estabelecendo-se no nº 4 do artigo 34° da CRP a sua inviolabilidade.
Todavia
no meu exercício de cidadania não desvio as atenções para questões colaterais
que acabam por constituir “faits divers”. E isso nunca faço, já que “A verdade
é como o azeite: Vem sempre ao de cima”.
Os
critérios editoriais (a hierarquia da informação e a abordagem aos factos) podem
e dever ser questionados: Porque é que os mesmos jornais e tvs que ignoraram
olimpicamente os números oficiais do défice e do crescimento económico ocupam
agora a agenda com aquilo que, mais ou menos grave, se pode definir como uma
trica, chicana, futilidade própria da revista numa “promoção acelerada” de “políticos”
que queremos esquecer?
Temos
que notar que há uma selva no panorama da imprensa no nosso Pais, que
descobrimos diariamente num contorno da ausência de quaisquer valores e onde “vale
tudo”, mas, não nos podemos admirar pois há muito que se instalou uma deriva de
direita no mundo da informação. Estes dias têm sido particularmente vivos na
exemplificação da inquinação reinante e no desaparecimento dos traços
identificadores da qualidade da opinião, assente num carácter plural que
garantia uma clara expressão democrática, de que a informação é causa e efeito.
Perfilho
um sistema de valores que incluem a profunda convicção que o exercício da
cidadania e em particular o direito de opinião, devem ter uma dimensão ética.
Creio firmemente que os meios não justificam os fins, já que os meios
utilizados podem pôr em causa valores universais que devem constituir a nossa
matriz identitária e o nosso “corpus” doutrinário. À semelhança de José
Saramago “Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma
falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro.”.
Pessoalmente,
recuso-me a ser um iluminado, daqueles que tudo fazem para convencer os outros,
ainda que o adagiário nos advirta que “O excesso de luz produz a cegueira”. A
partir daí “Sonhava o cego que via” e o que é trágico é que “O pior cego é o
que não quer ver”. O iluminado enquanto cego está fortemente condicionado, já
que “Um cego não pode ser juiz em cores”, além de que “Um cego não pode ser
guia de outro cego”, pois “Se o cego guia o cego, correm ambos o risco de
cair”.