“Teria
passado a vida atormentado e
sozinho se os sonhos me não viessem mostrar qual é o caminho“ (Agostinho
da Silva)
Por vezes não temos
consciência que o tempo é limitado e por isso não ajuda mesmo nada passar o
tempo com medo do amanhã. O tempo é tudo o que temos. E, talvez chegue o dia, a
todos mais tarde ou mais cedo isso acontece, que venhamos a descobrir de que
temos menos do que julgamos!
“Na solidão da escuridão, quase consegui sentir
a finitude da vida e sua preciosidade. Não damos valor, mas ela é frágil,
precária, incerta, capaz de terminar a qualquer momento, sem aviso”. (John
Grogan in Marley e Eu)
Qual o sentido das
pessoas abraçarem as árvores? Qual o sentido de pessoas conversarem com um
cachorro? Qual o sentido das pessoas admirarem as flores? A resposta é a mesma
para todas as situações descritas. O sentido é a comunhão com a vida. Disse
alguém que “viver e conviver com o que
nos cerca de forma harmoniosa é estabelecer o bem no mundo." Por tudo isto,
o que me faz sentir muito melhor é o olhar para o meu cachorro e pensar
perceber o que ele me diz:” Tem confiança
em mim. Eu sou leal. Dá-me algum tempo para entender o que queres de mim. Sou
irracional, mas capaz de retribuir a tua estima e paciência”. E, por isso
mesmo, que quando temos que tomar uma decisão, que pode ser uma “decisão da
vida”, devemos ponderar e reflectir sobre a mesma. Temos de ter a percepção de
que “o importante da amizade não é conhecer o amiga (o); mas sim saber o que há
dentro dele ou dela!...” Cada amigo (a) novo(a) que ganhamos na vida, melhora e
enriquece-nos como pessoas, não pelo
que nos dão, mas pelo quanto descobrimos
de nós mesmos. Ser amigo(a) não é coisa de um dia. São gestos, palavras, sentimentos
que se solidificam no tempo e não se
apagam jamais. O ou a amigo(a) revela, desvenda, conforta. É uma porta sempre
aberta em qualquer situação.”
Tempos difíceis
acontecem a e com TODOS nós na nossa vida, não importa quantas ferramentas
“utilizamos”, truques, práticas ou rituais que tenhamos como prática - não
importa quantas vezes ou se fazemos ioga ou outras práticas similares ou quantos livros de auto-ajuda nós lemos ou
sessões de terapia que frequentamos.
Nós por vezes, não
podemos ou não nos sentimos com capacidade para contornar as dificuldades,
tanto quanto poderíamos desejar e “desistimos” de tentar. Na verdade são
efeitos, denominados colaterais de se ser humano. Crescemos, e não apenas de
modo e maneiras como queremos ou “sonhamos crescer”, e por isso nunca escapamos
a tempos difíceis, ou que por vezes, nem todos conseguem superar. Mais uma vez
aqui resulta darmos um pouco mais de atenção ao nosso cão: “Não fiques zangado comigo por muito tempo. E não
me prendas num qualquer lugar como uma punição. Tu tens o teu trabalho, os
amigos, as diversões…. Eu só te tenho a ti. Fala comigo de vez em quando. Mesmo
que eu não entenda as tuas palavras, compreendo muito bem a tua voz e o simples
som dela me deixa feliz.”
Na realidade vejo e
sinto que actualmente as pessoas se “focam” mais em querer evitar ou escapar das
dificuldades, que tem quase como seu único objectivo de vida, ao contrário de querer aprender como se tornar mais
tolerante e de maior e melhor compassividade para com os outros. O
que podemos e temos de fazer é trabalhar para não deixar que os tempos difíceis
definam quem somos, qual é o nosso valor ou se somos ou não suficientes e temos
capacidade para superar as dificuldades que se atravessam na nossa vida. A
nossa melhor opção é poder mudar a forma como reagimos aos tempos difíceis e à
maneira como pensamos sobre nós mesmos à medida que eles surgem, o que
realmente e de facto muda tudo. Para isso tal requer alguma prática e muita
paciência, e não significa que nossa crítica interior esteja completamente
envolvida, mas escolher mudar a nossa autopercepção durante alguns momentos da
nossa “ luta” é um dos mais profundos actos de bondade que podemos oferecer a
nós mesmos. Quanto menos vergonha nós tivermos por ter “carregar nessa fase de lutar”,
mais espaço temos para praticar a compaixão à medida que nos movemos através
dela, e mais espaço temos para crescer.
Já alguma vez pensou que todos nós podemos
perdoar-nos por não sabermos o que sabemos agora? E, se nós ainda não o
sabemos, podemos perdoar-nos por isso também? Decisão difícil essa de abrir mão
de sonhos e pessoas porque não se pode lutar sozinho(a)...pois a vida é uma
coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no
desespero inteiro em certos momentos da vida de qualquer pessoa , e por isso não
nos adianta mesma nada, passar o tempo com medo do amanhã!!!
“A
vida é o que eu estou a ver: uma manhã majestosa e nua sobre estes montes
cobertos de neve e de sol, uma manta de panasco onde uma ovelha acabou de parir
um cordeiro, e duas crianças — um rapaz e uma rapariga — silenciosas, pasmadas,
a olhar o milagre ainda a fumegar”. (Miguel Torga, in
"Diário (1941)")