SERIA “BURLESCO” SE NÃO FOSSE GRAVE!
“Nunca
será possível ultrapassar por lei a falta de ética das pessoas. Se alguém não é
sério, é uma questão de tempo para isso surgir”. (Dr. Rui Rio ex-presidente
da Camara Municipal do Porto)
Num País, como Portugal, onde a imprensa se diz
“ livre” e o direito à liberdade de expressão é um valor que tem consagração na
Constituição, somos levados a pensar que “vivemos no melhor dos mundos” com
condições de exercício de cidadania claros e transparentes, sem ter a “sensação”
de que uma prática insidiosa de propaganda politica é introduzida
sistematicamente de forma dissimulada, diariamente, e quase sem excepções no
chamado “jornalismo”, em “obediência” a suas estratégicas de clara manipulação,
quer no tocante a falta de pluralidade de opinião nos painéis consultados,
induzindo o público na errada percepção de que há apenas uma solução para um
determinado problema; quer a nível opinativo, com opiniões enviesadas que são
apresentadas como factos objectivos.
Aliás, cada vez é menos compreensível porque
não é seguida a prática de outros países, onde este problema, que enfraquece a
nossa democracia, e cuja responsabilidade não pode ser só assacada à classe
politica, mas também à comunicação social e à justiça, é controlado através da
declaração pública de interesses. Isto é, por cá isso não se passa, e os espaços de informação estão repletos de
opinadores que são apoiantes de determinados partidos – muitas vezes, são até
filiados nesses partidos –, mas não declaram a sua sensibilidade política.
Segundo
julgamos saber os deputados na Assembleia da República, tem em preparação um “novo
pacote da transparência na vida pública”, sendo que na vida pública não se pode
considerar apenas os políticos, mas também, “os magistrados, os detentores dos órgãos de comunicação social e os
editores desses órgãos, e aqueles que condicionam o que sai, como sai e se sai
“ a quem deve ser exigido a respectiva
declaração de interesses.
Num país
onde ainda há imenso a fazer pela literacia política e económica dos cidadãos, este tipo de propaganda política,
disfarçada de jornalismo independente, é uma das maiores ameaças à nossa
liberdade e formação intelectual. Isto é uma receita para o desastre, para
a descredibilização do jornalismo. Nos jornais, os “opinadores televisivos”
insistem na esquizofrénica teoria de que os trabalhadores devem ter menos
direitos laborais e salários mais baixos, pois isso é para seu bem. Nos
indicadores económicos, verificamos que a desigualdade distributiva – o fosso
entre mais ricos e mais pobres – e o nível de vida dos portugueses têm vindo
progressivamente a agravar-se. Se cortar direitos e salários fosse solução para
a situação económica do país, Portugal estaria agora a viver uma prosperidade
fulgurante. E, no entanto, sabemos que
esta política trouxe apenas mais dívida pública, mais desemprego e mais pobreza.
Paradoxalmente, hoje sabemos claramente que entre os economistas, tanto em
Portugal como no estrangeiro, cada vez é mais forte o consenso em volta da
constatação de que a austeridade foi um
erro colossal, tendo causado estagnação crónica em alguns países e agravado ainda mais as contas públicas
noutros, com impactos gravíssimos nos indicadores da actividade social e
económica desses Estados
Mas cá, estranhamente ou talvez não, os zés e
os camilos deste país insistem: “isto
estava a correr bem e era preciso cortar ainda mais.” E, quando são
contestados, lançam a carta da vítima, alegam que estão a ser pressionados e
dizem que a Esquerda lida mal com a liberdade. Os tipos que usam o seu papel
privilegiado no jornalismo económico português para fazer propaganda pela
Direita são os mesmos tipos que alegam que a Esquerda lida mal com a liberdade.
Isto é um pouco como a equipa de futebol
que não têm capacidade para ganhar um jogo, a queixar-se de que perdeu o jogo
por má arbitragem.
Vide
nas Redes Sociais
Publicação de um artigo de Camilo Lourenço e o vídeo com
as declarações de José Gomes Ferreira podem ser consultados aqui: