terça-feira, julho 21, 2020

“Podemos vender o nosso tempo, mas não podemos comprá-lo de volta.” (Fernando Pessoa)


Podemos vender o nosso tempo, mas não podemos comprá-lo de volta.” (Fernando Pessoa)

Temos que ter essa noção do tempo, e um dia, quando tudo isto passar, porque há-de seguramente passar, dificilmente haverá símbolo visível mais marcante da pandemia de covid-19 que vivemos do que as máscaras de protecção social, que se tornaram parte integrante das nossas vidas de um dia para o outro, e em todo o planeta. “Não vamos voltar à antiga normalidade nos próximos tempos. Repito: não vamos voltar à antiga normalidade nos próximos tempos”.( Tedros Adhanom, director-geral da Organização Mundial de Saúde)
A História não é feita para julgar, mas sim para aprofundar e compreender. É essa a boa norma no que diz respeito ao conhecimento do passado. E é nesse sentido que essas máscaras serão a arqueologia deste período. Nada simboliza melhor este tempo que vivemos que aqueles pedaços de pano que nos cobrem o rosto quando saímos de casa. Mas a máscara vai ficar também como símbolo dos debates, dúvidas e contradições que se viveram nestes tempos (quem já esqueceu a discussão sobre se se devia ou não usar, que chegou a envolver a Organização Mundial de Saúde?).
Como nos ensinou nos seus sermões o padre António Vieira, tem de se combinar com o tempo e que “não há poder maior no mundo que o do tempo: tudo sujeita, tudo muda, tudo acaba …… “A razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas.”
Na realidade e no geral ainda nem percebemos bem o que é que perdemos. É certo que alguns perderam a paciência para estar em casa, outros perderam quase a sanidade mental com a gestão do teletrabalho, da telescola dos filhos e mais um mar de “telechatices” por resolver, outros perderam a conta ao número de pessoas que viram morrer, muitos perderam os abraços e os afectos das pessoas de quem mais gostam, demasiados perderam o emprego, muitos perderam o tecto e perderam a capacidade de dar de comer à sua família, enquanto outros perderam as vidas sozinhos nos hospitais, longe dos seus, directos para baixo da terra sem a devida homenagem às suas memórias. O Tempo passa rápido mas deixa as  suas marcas para que nós possamos relembrar alguns momentos de nossas vidas que não voltam mais. Como disse Buda:” Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente.”
São momentos em que temos consciência em que o tempo, tal como o conhecemos, passa velozmente sem parar.  Queremos que ele pare! Talvez não seja bem uma paragem, mas sim a suspensão do tempo que corre…e termos tempo para mudar dentro do que recebemos. Entre o pause e o play, o filme das nossas vidas mudou. O luto do que ficou para trás existirá sempre nas nossas memórias como parte de nós, mas só há uma forma de ultrapassar: aceitar o que perdemos e olhar para o que ainda temos. Já vimos lutos em todas as partes do mundo. Não há fórmulas mágicas, mas  fomo-nos apercebendo que tão importante como valorizar a vida é aceitar a morte. É um desafio por vezes quase perturbador em que nos perdemos aos rodopios em filosofias entre duas premissas que parecem ser contraditórias, mas que precisamos que sejam complementares: valorizar a vida e aceitar a morte. Valorizar o que temos e aceitar o que perdemos. “Deixa partir o que não te pertence mais, deixa seguir o que não poderá voltar, deixa morrer o que a vida já despediu...O que foi já não serve... é passado, e o futuro ainda está do outro lado, e o presente é o presente que o tempo quer te entregar.” (padre Fábio de Melo)

sexta-feira, julho 17, 2020

"Patience is a fundamental element of success." (Bill Gates)

"Patience is a fundamental element of success." (Bill Gates)

All of us as human beings tend to be immediate, but it is fundamental, and much more in these times that are not ours, when we have moments that we no longer know if we are dreaming, or if it was a dream before, to be very patients, as certain objectives to be achieved take more time and require more efforts. The important thing is not to give up and stay focused, because with each passing day, we can be closer, and never let ourselves be overcome by the pessimistic tone of considering the pandemic as the end of time, or at least our time. Challenges exist for everyone, whether to a lesser or greater degree, but they must be viewed in a positive way. When faced with a problem, we must know how to think that it is a beautiful opportunity to demonstrate our knowledge, experiences and experiences. As John Kennedy said: "We all have different talents, but we would all like to have equal opportunities to develop our talents."

We have to admit that we continue to have many doubts in this age of many uncertainties, no longer in relation to a distant future, but in the near future, uncertainties that are deeply disturbing. We have to accept that fear is linked to uncertainty. It is evident that almost everyone, or even everyone, is afraid to say that we are afraid, but we are really afraid. We are afraid in the sense that these times everything is new and uncertain, and it has so affected our lives, with everything we took for granted, that it will in fact change our values ​​and our behaviors and will leave “marks” for all generations. “There is a time when it is necessary to abandon the used clothes, which already have the shape of our body, and forget about our paths, which always take us to the same places. It is the time of the crossing: and if we do not dare to do it, we will have been, forever, on the edge of ourselves. ”(Fernando Pessoa)

I learned a long time ago that, on the path to success, there are many more things that we have to put down than we have to learn, and what we really are is what interests us most. Many circumstances in life are beyond our control, and we need to know how to adapt in order to take advantage of opportunities. Saying NO to some things is just as important as saying YES to other things. It may be that no matter how much our effort, the results do not seem to be close. However, it must not be forgotten that every attitude, however small, has its value. We must know how to perceive changes and “seek” adaptation in the healthiest way possible. So don't give up! Being confident and hardworking is not always easy, but both skills are essential to be able to improve every day and act as the “fuel” we need to face the challenges of everyday life. "Change is the law of life. Those who look only to the past or the present will be forgotten in the future ”(John F. Kennedy)

“A paciência é um elemento fundamental do sucesso.” (Bill Gates)


A paciência é um elemento fundamental do sucesso.” (Bill Gates)

Todos nós como seres humanos tendemos a ser imediatistas, mas é fundamental , e muito mais nestes tempos que não são os nossos, em que temos momentos que já não sabemos se estamos a sonhar, ou se antes é que era um sonho, de ser muito pacientes, pois certos objectivos para serem alcançados demoram mais tempo e exigem mais esforços. O importante é não desistir e manter o foco, pois a cada dia que passa, podemos estar mais perto, e nunca se deixar vencer pelo tom pessimista de considerar a pandemia como o fim dos tempos, ou pelo menos dos nossos tempos. Desafios existem para todos, seja em menor ou maior grau, mas eles devem ser encarados de uma maneira positiva. Ao depararmos com um problema, temos de saber pensar que ele é uma bela oportunidade para demonstrar os nossos conhecimentos, experiências e vivências. Como disse John Kennedy: ”Todos nós temos talentos diferentes, mas todos nós gostaríamos de ter iguais oportunidades para desenvolver os nossos talentos.”
Temos que admitir que continuamos com muitas dúvidas nesta época de muitas incertezas, já não em relação a um futuro longínquo, mas a um futuro próximo, incertezas que são profundamente perturbadoras. Temos que aceitar que o medo está ligado às incertezas. É evidente que quase todos, ou mesmo todos, temos medo de dizer que temos medo, mas temos mesmo medo. Temos medo no sentido que estes tempos tudo é novo e incerto, e mexeu de tal maneira com a nossa vida, com tudo o que tomávamos como garantido, que vai de facto mudar os nossos valores e os nossos comportamentos e vai deixar ”marcas” para todas as gerações. “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”(Fernando Pessoa)  
Aprendi há muito tempo que, no caminho do sucesso, são muitas mais as coisas que temos de largar do que as que temos de aprender, e aquilo que realmente somos é o que mais nos interessa. Muitas circunstâncias da vida fogem de nosso controle, e é preciso que saibamos como nos adaptar para poder aproveitar as oportunidades. Dizer NÃO a algumas coisas é tão importante como dizer SIM as outras coisas. Pode ser que por maior que seja nosso esforço, os resultados não pareçam estar próximos. Porém, não se pode esquecer que toda atitude, mesmo que pequena, possui o seu valor. Temos de saber perceber as mudanças e “buscarmos” a  adaptação da maneira mais saudável possível.  Por isso, não desistas! Ser confiante e esforçado nem sempre é fácil, mas as duas habilidades são imprescindíveis para poder melhorar a cada dia e actuam como o “combustível” que precisamos para encarar os desafios do quotidiano. “A mudança é a lei da vida. Aqueles que olham apenas para o passado ou para o presente serão esquecidos no futuro”(John F. Kennedy)

terça-feira, julho 14, 2020

“A persistência realiza o impossível.” (Provérbio Chinês)


A persistência realiza o impossível.” (Provérbio Chinês)
 
Todos nós passamos por momentos da nossa vida em que temos de ter sempre muita firmeza nas nossas  atitudes e persistência nos nossos ideais, mas temos, o que nem sempre acontece,  de ser pacientes. Não podemos querer que tudo nos chegue de imediato. Há tempo para todo propósito!  O que nós sabemos é que quanto mais fortes estivermos mais pedras vão colocar no nosso caminho, como disse Augusto Cury:”Sem sonhos, as pedras do caminho tornam-se montanhas, os pequenos problemas são insuperáveis, as perdas são insuportáveis, as decepções transformam-se em golpes fatais e os desafios em fonte de medo.”
Nestes tempos que não são os nossos em que vivemos neste lago de vidas paradas, com uma imensas reticências  que nos obrigam a viver , sem sabermos quando e como acaba, embora tendo a consciência plena de que somos  todos parte de um mesmo mundo e, quando um de nós fica melhor, todos melhoramos. Há um provérbio oriental que diz:”Quando se busca o cume da montanha, não se dá importância às pedras do caminho". Por tudo isto precisamos de perseguir os nossos mais belos sonhos. Desistir é uma palavra que tem de ser eliminada do dicionário de quem sonha e deseja conquistar, ainda que nem todas as metas sejam atingidas. Voltaire disse que os sonhos e a esperança foram-nos dado como compensação às dificuldades da vida. Os sonhos são bússolas do coração, são projectos de vida. Os desejos não suportam o calor das dificuldades. Os sonhos resistem às mais altas temperaturas dos problemas. Renovam a esperança quando o mundo desaba sobre nós. “Teria passado a vida  atormentado e sozinho  se os sonhos me não viessem  mostrar qual é o caminho.”(Agostinho da Silva)
A realidade é que mesmos que quiséssemos no dia de hoje, já nenhum de nós seria capaz de reproduzir com exactidão o que sentimos e como vivemos os primeiros tempos da situação que nos foi imposta de “confinamento”. Há claramente um antes e um depois, embora seja ainda cedo para definir quais as tendências,  sentimos que o tempo veio demonstrar que este vírus veio pôr as nossas vidas de pernas para o ar e mexer com os nossos valores e  comportamentos e ao “tentarmos”,  aceitar o querer transformar esta actual situação na “nossa nova normalidade” é um completo disparate que não corresponde a uma realidade que queremos viver, onde a única coisa que ficou até hoje foi o medo, o que não nos parece muito saudável, pois para prevenir a dor daquilo que é imprevisível , não podemos também entrar na dor da resignação. Porque a vida é efémera e esta pandemia veio lembrar-nos disso mesmo. Como disse Augusto Cury : “Apesar dos nossos defeitos, precisamos de ver que somos pérolas únicas no teatro da vida e compreender que não existem pessoas de sucesso ou pessoas fracassadas. O que existe são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles.”

quinta-feira, julho 09, 2020

"As long as life lasts, let's continue with the story." (Carmen Martín Gaite)

"As long as life lasts, let's continue with the story."
  (Carmen Martín Gaite)

We live in a context of total uncertainty, with a new virus and unpredictable behavior, indefinitely. Nothing is more terrible for citizens and especially for politicians, those in charge and others. To speak is almost always to speak too soon. To declare victory is to allow time for defeat in the next corner. To affirm is to make fingers crossed. Guiding is trying to keep things moving. Like many, I thought the pandemic would give me plenty of time to read. Like many, I ended up littered with texts and books about the virus and all its declines, social, political, economic, all matters that are already overwhelming me and do not give me any kind of "enjoyment". “The book has the advantage that we can be alone and at the same time accompanied.” (Mario Quintana)
Sometimes we can think that life is simpler in black and white, however it is much more complex than the answer to the question: whose fault is it? Perhaps that is why, in these moments of great discomfort, we recall what Marie Curie (the first woman to win the Nobel Prize) said: “Nothing in life should be feared, it must be understood only. Now is the time to understand more, to be able to fear less ”.
We have to be aware that sadness and depression are not the same, as we all feel sad at one time or another and that sadness usually has a limited duration and with appropriate emotional reactions to the situation. If we lose someone we love, if there is a separation or separation from someone or something we like, it is expected that we will be sad for a while, but little by little, our mood will improve and we will again want to do things that we give pleasure. It is different in depression. Negative feelings and symptoms do not disappear after a while and even intensify. As Friedrich Nietzsche said: "What does not cause my death makes me stronger." The philosopher's idea is to show how we are able to learn and become stronger emotionally from our life experiences, including (and especially) the most difficult and painful ones.
 Throughout my life I have always recognized that football was for me “a school of learning for life”, as Albert Camus wrote his most famous phrase about sport: “Everything I know with greater certainty about morality and the obligations of men owe it to football ”. Don't think of yourself first. Think of everyone. It is the only way for everyone to think about you. Neither panic nor relaxation. Just awareness of the seriousness of the situation. I quote here a sentence I read a few days ago: “This is a scary moment. But we have lived in scary times before. ”
And just as the use of reading helps us to relativize everything, this certainty also gives us a strange tranquility in such uncertain times. Perhaps because, as Alberto Caeiro (in the skin of Fernando Pessoa) said, better than anyone: "When spring comes, if I am already dead, the flowers will bloom in the same way and the trees will be no less green than last spring. "Reality doesn't need me. I feel enormous joy when I think that my death is of no importance. If I knew that tomorrow would die and spring was the day after tomorrow, I would die happy, because it was the day after tomorrow. If that's yours time, when would she come if not in her time? "

"Enquanto a vida durar, vamos continuar com a história". (Carmen Martín Gaite)


"Enquanto a vida durar, vamos continuar com a história".
  (Carmen Martín Gaite)

Vivemos num contexto de total incerteza, com um vírus novo e de comportamento imprevisível, por tempo indeterminado. Nada é mais terrível para os cidadãos e m especial para os políticos, os que dirigem e os outros. Falar é quase sempre falar cedo demais. Declarar vitória é dar tempo à derrota na curva seguinte. Afirmar é fazer figas. Orientar é tentar manter as coisas a andar. Como muitos, achei que a pandemia me ia dar tempo de sobra para ler. Como muitos, acabei atulhado em textos e livros sobre o vírus e todas suas declinações, sociais, políticas, económicas, tudo matérias que já me estafam e não me dão qualquer tipo de “gozo”. “O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.”(Mario Quintana)
Por vezes podemos pensar que a vida é mais simples a preto e branco, no entanto ela é bem mais complexa do que a  resposta à pergunta: a culpa de quem é? Talvez por isso, nestes momentos de muito desconforto, rememoramos o que disse Marie Curie (primeira mulher a ganhar o Prémio Nobel):  “Nada na vida deve ser temido, deve ser entendido apenas. Agora é a hora de entender mais, de poder temer menos ”.
Temos que ter a noção de que tristeza e depressão não são a mesma coisa, na medida em que todos nos sentimos tristes num momento ou noutro e essa tristeza tem geralmente uma duração limitada e com reacções emocionais adequadas à situação. Se perdemos alguém que amamos, se há uma separação ou afastamento de alguém ou de alguma coisa de que gostamos, é esperado que fiquemos tristes durante algum tempo, mas, aos poucos, o nosso humor vai melhorando e ganhamos novamente vontade de fazer coisas que nos dão prazer. Na depressão é diferente. Os sentimentos e sintomas negativos não desaparecem ao fim de algum tempo e até se intensificam. Como disse Friedrich Nietzsche:” O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.”  A ideia do filósofo é mostrar como somos capazes de aprender e ficar mais fortes emocionalmente a partir das nossas experiências de vida, incluindo (e principalmente) as mais difíceis e dolorosas .
 Ao longo dos meus tempos de vida sempre reconheci que o futebol foi para mim “uma escola de aprendizagem para a vida”, tal como Albert Camus escreveu a sua frase mais famosa sobre o desporto: “Tudo quanto sei com maior certeza sobre a moral e as obrigações dos homens devo-o ao futebol”. Não pense primeiro em si. Pense em todos. É a única forma de todos pensarem em si. Nem pânico, nem descontracção. Apenas consciência da gravidade da situação. Cito aqui uma frase que li à dias: “Este é um momento assustador. Mas já vivemos tempos assustadores antes.
E tal como o recurso á leitura nos ajuda a relativizar tudo, também esta certeza nos dá uma estranha tranquilidade em tempos tão incertos. Talvez porque, como Alberto Caeiro (na pele de Fernando Pessoa) disse, melhor do que ninguém: "Quando vier a primavera, se eu já estiver morto, as flores florirão da mesma maneira e as árvores não serão menos verdes que na primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma. Se soubesse que amanhã morria e a primavera era depois de amanhã, morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?"

quarta-feira, julho 08, 2020

“Quem quer só o que pode, pode tudo quanto quer.”( Proverbio português.)


“Quem quer só o que pode, pode tudo quanto quer.”( Proverbio português.)

Há um ditado popular que diz que “ a vida é a esperança nas linhas da palma das mãos.” Não tenho tantas certezas que me permitam dar alguma credibilidade a este dito popular, tanto mais que nestes tempos que agora passamos, as incertezas decorrentes de uma maior imprevisibilidade nos comportamentos individuais fazem aumentar os riscos. Somos campeões olímpicos da variação colectiva de estados de alma. Ainda assim, não devemos render-nos a esta fatalidade. Estamos a colher o que semeámos. No que gerámos de expectativas não cumpridas, no que não acautelámos no passo decisivo rumo ao desconfinamento que muitos consideraram com uma “libertação colectiva”, esquecendo-se o que era obvio , quando sentimos que ficamos sem chão, embora sentindo com o corpo todo, mas não temos medo de voar e o para sempre é muito pouco tempo. A vida é um relâmpago, passa num instante. E o tempo não sabe esperar. “A forma mais elevada da inteligência humana é a capacidade de observar sem julgar” (J.Krishnamurti)
Tenho a convicção que grande parte das pessoas se consciencializou da sua vulnerabilidade perante a vida, pelo que agora, quando tudo tende a estar mais tranquilo, pode ter a tendência de querer viver de forma mais intensa e imediata. Ultrapassando o receio da infecção, da morte, surge o desejo da vida, do prazer e inevitavelmente alguns excessos. Não tenha pressa de viver, tem tempo. Pratique uma atitude mais humana e empática. Não queira ser super-herói. Não queira voltar a fazer tudo nas primeiras semanas. É humanamente impossível. Pede-se responsabilidade e sublinhe-se que não é só em Portugal que há novos surtos e medidas de reconfinamento. Que atire a primeira pedra quem respeitou TODAS as regras ao longo de quatro meses – e não devemos precipitar-nos a estigmatizar quem contrai o vírus –, mas um surto com origem em situações deste tipo pode pôr em risco toda uma comunidade e a economia de um país. Este parece ser o novo normal: o vírus não vai desaparecer tão cedo e é provável que, até que esteja amplamente disponível uma vacina (ou um antivírico), os surtos de covid-19 vão desparecer da região ou país x para reaparecerem acolá, na localidade y. Que essa viagem não ocorra pelo menos por mera negligência. Divirta-se na jornada da vida, em que a alegria e a boa-disposição são fundamentais. Não deixe que nada nem ninguém lhe roube o sorriso. (…)Foque-se nas soluções e siga com tenacidade rumo à concretização dos seus sonhos. Não deixe que um obstáculo o/a derrube. “Feliz quem não exige da vida mais do que ela espontaneamente lhe dá, guiando-se pelo instinto dos gatos, que buscam o sol quando há sol”.(Fernando Pessoa)

sábado, julho 04, 2020

"Anyone who has something to live for is capable of supporting anything." (Friedrich Nietzsche)

"Anyone who has something to live for is capable of supporting anything." (Friedrich Nietzsche)

Some say that time is a sieve. It disperses the noise, makes all secondary things fall and leaves us what really matters. As I have already written, in these times that are not our times, sometimes we feel, in general, in a phase of a certain existentialism, in which we can never lose sense and be aware of our age, and it is in these moments that do we think strongly about what we are doing here? The reality is that regardless of the scientific issues, it is of elementary common sense to conclude that “many situations of gravity” are linked to situations of despair, frustrated expectations, lack of horizons, inability to overcome difficulties or as an attempt to escape from circumstances of life that he himself refuses to face. It is therefore reasonable to think of this statement attributed to Sun Tzu: "In the midst of chaos there is always an opportunity", which in many cases, it might have been possible to avoid the realization of tragic and irreversible outcomes, if someone had managed to mitigate the causes of so much We are in a time of crisis as a result of a pandemic that has turned the world inside out. As a result, we are at the door of an economic crisis that will turn the lives of many families inside out. behind every door or every cloth we use to hide our weaknesses?
What have we learned from this pandemic? This is an exercise that we probably all did and are still doing, because there will be no one who has not learned something that they will not forget, for the rest of their lives. A pandemic broke out in our lives and a feeling of fear and anxiety hit us. Which means that this is not for fun, we still cling to a chronic optimism that allows us to see the less dark side of these days full of uncertainty, but we live “one day at a time”, managing the routines and emotions of best way we know, but not always sure to be the best way. Perhaps for this reason, it will be very useful to recall here some of the teachings of Buddhism: “Do not live in the past, do not dream about the future, focus your mind on the present moment.” (Buddha)
We have the perception that income, or the lack of it, is certainly one of the biggest causes of suffering and despair within families and leads to extreme situations. In this society facing economic growth, where individual success is closely linked to the ability to accumulate wealth, and where loneliness is a journey that we cannot take on each other, situations of despair related to unemployment, precarious work or low wages are usually seen as collateral damage that the State, always he, can eventually help correct, having the ability to always bear in mind that loneliness is also part of life's experience, and that living life makes us feel well, that happiness of each one of us, cannot be full while the unhappiness is, and we without knowing it, right there beside us. That is why it is very good to have in mind what Eloi Laurent, an American economist, said: "Economic growth is a deadly paradox and it is also an illusion. Huge growth can hide human poverty, as we see in the USA"

“Quem tem algo por que viver, é capaz de suportar qualquer coisa.” (Friedrich Nietzsche)


“Quem tem algo por que viver, é capaz de suportar qualquer coisa.” (Friedrich Nietzsche) 

Há quem diga que o tempo é uma peneira. Dispersa o ruído, faz cair todas as coisas secundárias e deixa-nos o que realmente importa. Como já tenho escrito, nestes tempos que não são os nossos tempos, por vezes sentimo-nos, no geral, numa fase de certo existencialismo, em que nunca podemos perder o sentido e ter alguma consciência da idade que temos, e é nesses momentos que pensamos fortemente sobre o que andamos a fazer aqui? A realidade é que independentemente das questões científicas, é de elementar bom senso concluir que “muitas situações de gravidade” estão ligadas a situações de desespero, de frustração de expectativas, de falta de horizontes, de incapacidade de superar dificuldades ou como tentativa de fuga a circunstâncias de vida que o próprio se recusa a enfrentar. É por isso razoável pensar nesta afirmação atribuída a Sun Tzu: No meio do caos há sempre uma oportunidade", o que em muitos  casos, talvez fosse possível evitar a concretização dos desfechos trágicos e irreversíveis, caso alguém tivesse conseguido atenuar as causas de tanto sofrimento. Estamos num tempo de crise em resultado de uma pandemia que virou o mundo do avesso. Em consequência, estamos à porta de uma crise económica que irá virar do avesso a vida de muitas famílias. Quando e onde conseguimos destapar a realidade que está por detrás de cada porta ou de cada pano que usamos para esconder as nossas fragilidades?
O que aprendemos com esta pandemia? Este é um exercício que provavelmente todos nós fizemos e ainda estamos a fazer, porque não haverá quem não tenha aprendido algo que não irá esquecer, para o resto da vida. Uma pandemia entrou de rompante nas nossas vidas e abateu-se sobre nós um sentimento de medo e ansiedade. O que quer dizer que isto não está para brincadeiras, agarramo-nos ainda a um optimismo crónico que nos permite ver o lado menos negro destes dias carregados de incertezas, mas  vivemos “um dia de cada vez”, gerindo as rotinas e as emoções da melhor forma que sabemos, mas nem sempre certos de ser o melhor caminho. Talvez por isso, será de muita utilidade recordar aqui alguns dos ensinamentos do budismo: “Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente.”(Buda)
Temos a percepção de que os rendimentos, ou a falta deles, é certamente uma das maiores causas de sofrimento e de desespero no seio das famílias e conduz a situações limite. Nesta sociedade virada para o crescimento económico em que o sucesso individual está muito ligado à capacidade de acumular riqueza, e em que a solidão é uma jornada que não podemos fazer uns aos outros, as situações de desespero relacionadas com o desemprego, a precariedade laboral ou as baixas remunerações são normalmente vistas como danos colaterais que o Estado, sempre ele, poderá eventualmente ajudar a corrigir, tendo a capacidade de ter sempre bem presente que a solidão também é parte da experiência da vida, e para que viver a vida nos faça sentir bem, essa felicidade de cada um de nós, não pode ser plena enquanto a infelicidade estiver, e nós sem o saber, ali mesmo ao nosso lado. Por isso, é muito bom termos presente aquilo que disse Eloi Laurent ,um economista, norte americano "O crescimento económico é um paradoxo mortal e também é uma ilusão. Um gigantesco crescimento pode esconder a pobreza humana, como vemos nos EUA"

quarta-feira, julho 01, 2020

“São capazes os que pensam que são capazes”. (Virgilio poeta roman


 “São capazes os que pensam que são capazes”. (Virgilio poeta romano)

“Temos uma vida cheia com muitos memórias, muitos momentos, alguns já passados, outros ainda para vir, há muito para aprender e a ver”. Mas nós é que temos que encontrar essa motivação e há sempre aquele recurso que aparece como uma “solução” para nos ajudar a enfrentar o dia a dia. Quantos não davam para ter estes privilégios?
A vida de cada um de nós corre apressada levando-nos para onde o acaso quer. Não conto como vida o tempo que existo, uma vida sem desafios, sem erros e acertos não passa de mera existência. A realidade é que todos, no geral, e por vezes sentimos que existir não basta, e que não podemos abrir mão de viver! Todos devemos ter uma noção de que a vida é feita de tentativas... de acertos e de erros, de esperanças com surpresas e decepções, de alegrias e tristezas, algumas vezes de sofrimentos que não valem a pena, mas que o coração insiste em esperar e sofrer... mas o que realmente importa é não desistir de viver. Como o próprio nome já diz, o passado ficou para trás e não volta mais. “O tempo que passa não passa depressa. O que passa depressa é o tempo que passou.”(Vergílio Ferreira) E, por isso viva o presente e aprenda com os seus erros e acertos. Nós construímos a nossa história a cada dia, e o passado serve para nos mostrar como a vida está em constante movimento e evolução. Nós fizemos o que fizemos, mas não fizemos tudo o que não fizemos. Como disse Osho:” Esqueça essa história de querer entender tudo. Em vez disso, viva, em vez disso, divirta-se! Não analise, celebre! Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar... Apesar de todas as consequências”
 Nos últimos anos as neurociências e as ciências comportamentais têm mostrado que as capacidades de uma pessoa, a sua inteligência, personalidade e outras dimensões não são realidades fixas à partida, estabelecidas à nascença, que não mudem ao longo da vida. Pelo contrário, a pessoa é maleável, é plástica a vida toda. Um dos factores que mais potenciam a mudança, a melhoria, o bem-estar e a alta performance, sugerem por exemplo as investigações de Carol Dweck, da Universidade de Stanford e a sua grande descoberta que  aquilo em que as pessoas acreditam dá forma aquilo que alcançam”,  é do saber precisamente  que cada ser humano não é algo de fixo.
As nossas convicções acerca de nós próprios e da natureza das nossas capacidades, determinam a maneira como interpretamos as nossas experiências e saber que se pode mudar, que é natural mudar, que se nos esforçarmos, melhoramos, que nada no comportamento está predeterminado ou é uma fatalidade e que o grande modelador, de facto, é aquilo em que acreditamos, o que se visto na perspectiva certa pode libertar a pessoa para chegar onde se propuser. Confrontamos, “a contrario”, lembramos Virgílio, o poeta romano de há 2000 anos: “São capazes os que pensam que são capazes.”