Deixem-se de Tretas e contem a
verdade aos portugueses: a direita esteve em todas as intervenções do FMI
Acabemos de uma vez por todas com o mito
de ter sido SEMPRE o PS o responsável pelas intervenções do FMI
em Portugal. Isso é pura e simplesmente falso e não se percebe como o
próprio PS, talvez enterrado na vergonha absoluta de estar sempre ligado ao
problema, não se preocupa em desmistificar este conto para crianças.
Quando acontece o primeiro resgate, em
1977, o governo português é efectivamente liderado por um socialista, Mário
Soares. Mas o PSD também está neste
governo. Carlos Mota Pinto estava lá. Até o oráculo dos moralistas,
Henrique Medina Carreira lá estava. Era ministro das Finanças. Não
teve também ele responsabilidades? Para além do mais, Portugal ainda recuperava
de 40 anos de ditadura e a transição, conturbada e instável ainda se fazia
sentir. Para além da crise petrolíferaque atingiu a Europa com
violência na década de 70. Não tenho qualquer interesse em fazer a defesa de
Mário Soares, desprezo-o absolutamente. Tanto quanto desprezo este tipo
de propaganda barata de alguma direita velha velha velha dos tempos
da União Nacional.
O segundo resgate ridiculariza ainda
mais os idiotas que enchem a boca para tentar responsabilizar o PS em
regime de exclusividade. Principalmente os idiotas laranjas. O segundo resgate
acontece em 1983,com um governo de bloco central que
integrava PS e PSD. Mário Soares era primeiro-ministro? Era sim
senhor. Mas isso não apaga da história que o PSD integrava este governo,
governo esse que foi precedido por um governo integralmente de
direita, com PPD, CDS e PPM e que terminou com a demissão do primeiro-ministro
Pinto Balsemão. Não terá também este governo responsabilidades nesta
intervenção? Enfim, os propagandistas da direita nacional, em particular os
afectos ao PSD não têm um pingo de vergonha na cara. Canalhas, sempre a fugir
com o cu à seringa.
A terceira intervenção do FMI é aquela
que podemos colar ao PS, isto se excluirmos as variáveis com impacto directo no
problema como a crise internacional, dizem os especialistas que a maior desde
1929, ou a herança de décadas de despesismo, incompetência, má gestão e
corrupção com as chancelas de PS e PSD, ocasionalmente transportadas pelo táxi
do Caldas. Afinal de contas, foram 6 anos de José Sócrates e companhia com
PPP’s a surgir em cada esquina.
Mas é bom lembrar que o actual
governo ajudou a precipitar aquilo que alguns hoje vêm como inevitável mas
que nunca saberemos se o seria ou não. Até Durão Barroso e Angela Merkel
aplaudiram o PEC IV e a própria chanceler não poupou nas criticas à oposição irresponsável de
Passos Coelho/Portas por dificultar a hipotética solução. Sabemos
hoje que, como de costume, o poder falou mais alto e ou havia eleições no país
ou na São Caetano. Passos escolheu o partido e o poder. Também conhecemos o compromisso do actual governo de
ir além da Troika e os resultados das suas opções: aumento contínuo do fosso entre
ricos e pobres, emigração em massa, precariedade generalizada,
aumento brutal da carga fiscal, degradação das condições laborais,
deterioração do SNS, desinvestimento na Educação em paralelo com o aumento
das transferências para o ensino privado, onde inúmeros governantes do PS e do
PSD têm interesses, e uma agenda para os próximos quatro anos com uma
prioridade: desmantelar o Estado Social. Se querem exterminar o que resta da
social-democracia tudo bem, é uma decisão do partido e os militantes que não
estiverem bem que se amanhem. Mas não aldrabem mais os portugueses. Porque
não há intervenção do FMI neste país sem o dedo do lado direito do espectro.
Aprendam a viver com isso