“Há
quem diga que são os nossos sonhos que sustentam o mundo na sua órbita”(Carl
Jung)
Li esta frase em qualquer lado, do qual não sei
precisar quem a escreveu, de que a “atenção e carinho estão para a alegria da
alma, como o ar que respiramos está para a saúde do nosso corpo.” E decorrente
desta “lembrança” já disse Ana Fraiman que : “As nossas memórias não
correspondem, necessariamente, a factos vividos, mas ao registo de afectos e
significados. Como pérolas de um enorme tesouro, ao resgatá-las do baú submerso
das recordações, conseguimos colocar tudo em seu devido lugar.” Talvez
seja a importância do dia a dia com os acontecimentos, em especial nestas últimas
décadas em que surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de
uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, com impacto
negativamente no modo de vida de toda a família . “Quando somos abandonados
pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a
solidão é quase incurável.”(Augusto Cury)
Como
foi relatado por vários autores o fenómeno da solidão na terceira idade está longe de ser
algo novo, mas tem ganhado nos últimos anos, novas proporções, em especial relacionado
com um estilo de vida que exclui a “presença
a troco de nada”,
“não há
solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com
que o mundo pareça um deserto.”(Francis Bacon)
Todos nós sentimos que temos “forças”, mas também
temos de saber que cada força tem sua fraqueza e, que toda capacidade tem suas limitações. Às
vezes, aqueles que amam a ordem e de seguir todas a regras que, na sua quase
totalidade, são impostas pela sociedade, têm uma compreensão tradicional dos limites
adequados do comportamento e, por isso, devido a essa limitação, não conseguem
ver as terríveis possibilidades disponíveis para aqueles que estão dispostos a
ir além de todos os limites “legais”, prescindindo até do seu grau de exigências!
Como disse Fernando Pessoa: “O meu passado é tudo quanto não consegui ser.
Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o
momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o
texto.”
Na nossa vida há acontecimentos que se encontram,
no geral, sob o nosso controlo, como o casamento, o divórcio, a constituição da
família, a escolha da profissão, enquanto outros acontecimentos não se podem
controlar e são situações, quase sempre de muito sofrimento, e muitas vezes dolorosas,
como por exemplo, a viuvez, o desemprego, a solidão. “Os mais jovens têm a
percepção de que a solidão é um sentimento muito presente nos mais velhos. É
também comum fazer-se uma associação directa entre a velhice e a solidão, visto
que se considera normal a existência deste sentimento por parte do idoso. Esta
visão espelha muitas das atitudes comuns sobre o envelhecimento, pois, de um
modo geral, os idosos são considerados conservadores, inflexíveis, passivos,
com doenças físicas e mentais. A generalização reforça os mitos e estereótipos,
chegando a verificar-se muitas atitudes discriminatórias que afectam esta
camada da população “(Butter, 1975). Como disse Vinicius de Morais ,“a maior
solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se
recusa a participar da vida humana.”
É por isso que o sofrimento dos mais idosos,
provocado pelo sentimento de solidão, é considerado como uma das experiências
mais penosas e problemáticas a que se torna urgente responder. Este sentimento
não acontece só em casos de vivências isoladas, mas também no seio das próprias
famílias e em instituições, onde há, frequentemente, falta de comunicação,
participação social e afectiva. Meditação, ioga, escrita, manifestação, um
olhar positivo para a vida, tempo na natureza, livros de auto-ajuda, sono
regular, vitaminas, socialização, caminhada e qualquer outra forma de
autocuidado são formas ou métodos de grande importância e muito úteis nesta
fase da vida. Cada um de nós tem várias ferramentas e práticas que nos apoiam no
nosso bem-estar e nos ajudam a nos sentir bem. E…Devemos nos permitir não
apenas sentirmos "bons", mas também sentirmos "agora" - e
"agora" significa sentir o que é, inclusive o que dói.“ Enquanto
puderes erguer os olhos para o céu, sem medo, saberás que tens o coração puro,
e isto significa felicidade.” (Anne Frank)