“É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal.” (Sócrates- o filósofo)
Li em qualquer lado que “a vida não era a mesma depois que se penetra no reino das palavras”. A realidade é que depois de um tempo sozinho, cada coisa ganha um novo nome e cada momento vem com um novo sentido. Temos que ter a percepção de que as pessoas que se importam connosco são as que estão cá até hoje. Sentimos que o tempo é cada vez mais longo, que as distâncias são cada vez mais curtas, tudo isto leva-nos a ter de continuar a encontrar coisas para estarmos ocupados. Umas das grandes lições que estes tempos do “covid19” nos deu é que não somos, como por vezes julgávamos, infalíveis. Hoje, todos temos a percepção de que somos muito mais frágeis do que pensávamos. Como há dias disse um amigo meu “o Covid19 tem sido para muitas e muitos de nós o grande medo das nossas vidas.”
Um dos sintomas da sociedade moderna que todos
nós já encaramos um dia, é que somos todos “muito bons a criticar”, mas poucos
temos a coragem de apresentar alternativas. Quando ouvimos que uma atitude vale mais que
mil palavras, em geral deixamos essa frase passar como um sintoma de “fala barato”, mas se pararmos para
pensar, ter atitude faz toda diferença na nossa vida! Expressar
a gratidão com palavras e atitudes e a nossa vida mudará muito de modo
positivo. Como disse o Dalai Lama: Ӄ durante as fases de maior adversidade
que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros.”
Ao
contrário do que dizem “os profetas da desgraça” que por aí proliferam, hoje
vivemos mais tempo e melhor. E no futuro
podemos talvez prever, ou será esse o nosso sonho, de que será muito
mais o hospital ao domicilio, os cuidados continuados de saúde ao domicilio,
isto é tentar cuidar das pessoas na sua própria casa. Acima de tudo devemos respeito
aos nossos velhos, a maior parte da vezes, tão maltratados em lares, muitas
vezes pagos a peso de ouro, e que apostar no vale-tudo é um sinal das desgraças
que podem chegar. Há que pensar no modo como hoje a sociedade no seu conjunto
trata os velhos, levando-os para as diversas despensas para “os empacotar” . Não
quero ficar por aqui nestas palavras “talvez fortes e injustas para alguns”, mas responsabilidade é colectiva, é da sociedade que
estamos a criar e cujas consequências fingimos não ver ou até não saber!
“Quando próximo, fingimos estar longe; quando
longe, fingimos estar próximo.”(SUN TZE)
Há homens e mulheres que de tudo se servem para
atingir os seus fins, o que até pode não o fazer por mal, mas
quando para atingir um fim enveredam por certas condutas tornam-se tão ou mais
rasteiros que os repteis. Há momentos da nossa vida que julgamos estar acima de
tudo e de todos, não ouvimos nada, nem ninguém e seguimos em frente como nada
conseguisse parar-nos nos nossos objectivos. E, a certa altura, caímos que nem
tordos! Tinha razão o filósofo Heraclito, há dois milénios: “não é possível
um homem banhar-se duas vezes nas águas do mesmo rio, porque já não é o mesmo
rio nem o mesmo homem”.
Hoje já temos a noção de que a epidemia de
Covid-19, na sua intensa estranheza e nas consequências nefastas que temos
presenciado, forçará uma inevitável e até necessária alteração substancial no
nosso modo de viver, dado que todos nós, ao nascer, somos, como naturalmente
constatou Hannah Arendt, recebidos pelos mais velhos que nos protegem e educam.
É esta a única harmonia possível, na vida de todo o ser humano – uma estreita
intimidade entre Passado, Presente e Futuro. O horizonte parece
cinzento e incerto e só nos resta sobreviver e ultrapassar esse ano que para nós,
nesta altura “parece perdido”, ou talvez assim não seja?.
Todos nós elegemos
uma forma de agir em relação às circunstâncias da vida, e, em qualquer tempo
histórico, os homens escolhem entre as possibilidades que se lhes apresentam. Ainda
bem que o mundo está a acordar e a perceber que investir na saúde é investir na
segurança e na estabilidade. “A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a
morte é jogo escuro das ilusões. O grande rio tem seu trajecto, antes do mar
imenso. Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados
e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali,
avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano
Eterno da Sabedoria.” (Chico Xavier)