“A única história que temos é a nossa e ela não nos pertence.”(Ortega y Gasset)
Por vezes temos um “entendimento” que a vida é sobre os outros e não sobre nós. E talvez por isso, passamos tanto tempo na vida dos outros que por vezes até nos esquecemos de cuidar da nossa própria vida, e quase sem darmos por isso a nossa memória fica entorpecida entre as brumas do último devaneio, num estado de espirito
de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e
imagens ."Pois tudo que é verdadeiramente grandioso, como o universo,
não tem começo. Aparece, de repente, na nossa frente, sem se anunciar, como se
tivesse existido sempre ou caísse do céu." (Boris Pasternak, Doutor
Jivago)
Quando escolhemos aceitar uma coisa como
verdadeira…. nenhum facto poderá contradizer esse modelo mental e percepção do
mundo, que entretanto, nem sempre corresponde à realidade, trata-se de uma
escolha que nada tem a ver com factos!. Acreditamos em algo e isso torna-se
real, mesmo que não o seja. É por isso que devemos escolher bem o que queremos
acreditar, pois é nessa escolha de ideias que vamos poder moldar as nossas
decisões." Qualquer um pode contar as sementes numa maçã, Mas
não podemos contar as maçãs numa semente. “(Robert H. Schuller)
Todos
devíamos ter em mente que temos um “actual inimigo comum” que é o vírus
(Covid19) e que este não é o momento para outras “disputas” nomeadamente as
politicas. A minha opinião, para não dizer convicção, é que a vida é mesmo
assim, com altos e baixos e muitas “conquistas” e “derrotas” pela vida fora,
mas o segredo é mesmo nunca desistir, devemos sempre escutar e até aceitar o
conselho dos outros, mas nunca desistir da nossa própria opinião. Como
disse o Engº António Guterres: “ou lutamos juntos ou somos derrotados.
Estamos todos no mesmo mar, mas enquanto alguns navegam em iates, outros
agarram-se aos destroços”.
A pandemia de “covid-19” é um
acontecimento extremo para o qual não nos preparámos. A nossa incapacidade de
pensar prospectivamente é directamente proporcional à incerteza e
vulnerabilidade que estamos a sentir. Chegados aqui perguntarão a razão porque
decidi hoje abordar este tema? A resposta mais simples é porque na verdade
sinto uma enorme inquietação e alguma “instabilidade psicológica”, ligada a
esta situação de “viver nos tempos do coronavírus”, e notar que há muitas
perguntas sem resposta, ou as respostas são tão contraditórias que já não sabemos em que “cientistas”
acreditar, ou até se as “estatísticas” são assim tão rigorosas? Do que devemos
ter medo? A isto tudo há que juntar todas as informações “falsas” e a questão
essencial sem resposta, como pode neste mundo de hoje, uma verdadeira tragédia
transformar-se, literalmente diante dos nossos olhos, numa “história” que
“parece” estar na moda e em relação à qual não vemos o seu fim….? Hoje estamos
às cegas, esperando um regresso a uma nova normalidade que não sabemos qual é
…mas que temos a nítida sensação que já nada será como dantes. O que talvez já saibamos é que vamos querer, primeiro, a saúde pública e não a saúde do lucro,
mas logo depois empregos dignos e não precários, casas para habitar e não para
lucrar, educação universal e gratuita não elitizada. Vamos ainda querer viver
num mundo de igualdade, não de exploração; de cooperação entre os povos, não de
guerra ou competição. Vamos querer o ambiente e não a sua destruição, o tempo e
não a submissão, a sociedade — não o poder ou populismo. Ambicionaremos outras
coisas das quais nem sequer nos lembrámos ainda. Ao vírus do medo contrapomos
este: o da esperança, para o qual, ao contrário da covid-19, esperemos que
não haja vacina nem imunidade. “A lição é a seguinte: nunca desista, nunca, nunca,
nunca. Em nada. Grande ou pequeno, importante ou não. Nunca desista. Nunca se
renda à força, nunca se renda ao poder aparentemente esmagador do inimigo.” (Nunca se Renda -Winston Churchill)