SERÁ PRECISO RECONSTRUIR OU REABRIR A ECONOMIA?
Está lançada a discussão, e não só entre “economistas
políticos”, a partir de duas palavras que “parecem esconder” o seu verdadeiro
significado politico e que envolvem aqueles que defendem a “abertura imediata
da economia” e os que “defendem que há que aproveitar para reconstruir a
economia”. A realidade é que o conceito de “reabrir” está a ser conotado com os
“economistas e políticos conservadores e neoliberais” e o conceito de
“reconstruir” é defendido pelos “economistas e políticos inovadores e
defensores do estado social”.
Como
alguém já disse “isto não está para brincadeiras, neste mundo em crise, e se
nada fizermos o futuro será sombrio”. Para evitá-lo e pensar em soluções,
devemos olhar para os mundos possíveis contidos na realidade que enfrentamos.
Antes de mais devo dar a conhecer a minha
declaração de interesses como ex-profissional e estudioso destas relações
sociais, e salvo melhor conhecimento e entendimento na minha opinião a economia
não precisa de ser reaberta, ela precisa é de ser estrategicamente
reconstruída. A discussão sobre quando reabrir a economia , perdoem-me a linguagem directa, e como alguém já disse, “prima facie stupid”. A noção de que a
economia pode ser reaberta com as coisas a voltar rapidamente ao normal, seja o
que for, reflecte uma marca exclusivamente de “um tipo de pensamento mágico”,
de todos aqueles que por princípios “neoliberais” defendem o sistema financeiro
a todo custo em detrimento das pessoas. O que os países precisam é de reconstruir o sistema económico, não
apenas para recuperar dos danos causados pela “pandemia”, mas também e essencialmente
para encontrar soluções para os problemas estruturais de longa data na
economia, e não reabrir a economia. Como disse o filosofo alemão Immanuel Kant, “toda
reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da
aplicação do nosso próprio esforço”
Não temos dúvidas que vivemos tempos de grande
incerteza e esta bastante prolongada, incerteza que advém do “vírus
coronavírus” e nas suas múltiplas faces e na previsão da possibilidade de novas
vagas até aparecer uma vacina. Ate hoje o único refugio para essa incerteza são
os cientistas e as suas investigações científicas sobre este vírus, e esperamos
que os mesmos tenham uma rápida resposta. Temos de ter plena consciência que o método
científico exige rigor, confrontação de hipóteses, validação cruzada da
investigação, humildade no trabalho e ambição nas respostas. As nossas
expectativas é que esta investigação irá marcar a história da ciência, torná-la
mais aberta, com maior rapidez na disseminação da informação e maior cooperação
e entreajuda dos cientistas a nível mundial, neste mundo em que vivemos com o
notório excesso de informação e mas muito défice de pensamento.
Como sempre foi a nossa posição recusamos a
admissão da qualificação de que “somos um país que não tem recursos”. Temos
recursos, quer humanos, quer materiais e temos é de ter a capacidade de
desenhar políticas públicas capazes de os produzir, criar valor, gerar riqueza
e emprego e construir um futuro diferente .Neste sentido, o país tem que
desenhar e pôr em funcionamento projectos-âncora capazes de evitar o colapso e
transformar a economia. Tudo isto não justifica, já ouvi par aí uns “zunzuns”
de por detrás de precisarmos de grandes projectos para a floresta e para o
interior, os mesmos sejam quase exclusivamente baseados na construção de
centrais de biomassa, com a justificação e fundamentação de valorização dos
lixos florestais, de promover a limpeza da floresta, produzir bioenergia, criar emprego e aumentar a coesão
territorial. Trata-se de uma estratégia completamente com efeitos contrários
conforme podemos ver no documentário produzido por Michael Moore “Planet of the
Humans” de maio de 2020. Há uma razão, entre outras, para isto: damos
muita ênfase nas nossas sociedades à economia e às finanças, que são sem dúvida
muito importantes. Mas há que dar a devida atenção às Ciências Sociais como a
Sociologia, à Biologia, à Epidemiologia e às Ciências da Saúde e muitas mais.
São vitais para pensarmos a complexidade do mundo e sermos capazes de
identificar e antecipar os riscos. Bombardeados continuamente por uma
informação massiva, temos que ser capazes de pensar e discernir as tendências
estruturais que marcam a mudança. O filósofo americano
Nelson Goodman chamou a atenção para os “mundos possíveis que estão dentro do
mundo real”. Nestes temos de crise, mais importante do que prever o futuro, que
ninguém sabe o que vai ser, é olharmos para esses mundos possíveis que estão
dentro da realidade sombria que vivemos e encontrarmos formas de minimizar os
riscos que se nos colocam. Isto não está para brincadeiras.” Todos
os dias, ao que parece, traz outro indicador de nosso declínio: a nação que
pode fazer tornou-se numa terra que não pode lidar com uma pandemia…. Como tudo
pode dar errado, tão rápido? Bem, nós sabemos a resposta. Como Joe Biden a colocou,
"o pecado original da escravidão mancha o nosso país hoje". (Paul
Krugman- economista norte-americano, vencedor do Nobel de Economia de 2008
sobre a actual situação nos Estados Unidos 3 jun 2020)