MAIS TRUQUES NÃO
SENHOR MOEDAS!
O que me apetece dizer aos senhores políticos no Governo.
“Assim a análise dos efeitos desta proposta
do Governo terá, necessariamente, de ser empírica. De acordo com o modelo
empírico estimado, as alterações dos descontos para a Segurança Social levam a
que se perca cerca de 33000 empregos. Considerando um intervalo de confiança de
95%, os nossos resultados sugerem que a perda de empregos pode ser na ordem dos
68000. Por outro lado, na melhor das hipóteses o impacto sobre a criação de
emprego é praticamente nulo, apenas criaria 1000 empregos. Concluímos também
que na sequência das propostas apresentadas, é de esperar um aumento do peso do
desemprego de longa duração no desemprego total.” ( In God we trust; all others bring data- Estudo
O Emprego e a TSU 2012 disponível aqui.)
Gostaria de vos
sugerir alguns pequenos truques que foram utilizados por François Hollande, que
como devem saber é o primeiro ministro de França, que “cortou o pio” à senhora
Merkel. Vejam um Mundo cheio de coisas boas por onde cortar sem pesar tanto ao
povo que os elegeram bem como aos seus partidos, espero que esta seja última
vez nas próximos décadas que o nosso País, eleja para primeiro ministro um político sem talento, sem cultura e sem
carácter. O que se estende a todos vós políticos profissionais, em acumulação
com “cargos privados” na falta de carácter, um traço essencial da liderança
política.
Significa isso que,
depois de ter virado contra si o grosso da opinião pública que ainda confiava
nele, o governo ainda não enfrentou sequer o essencial do problema. O que virá
a seguir? Decerto, nova revisão dos escalões do IRS, despedimentos na parte
mais vulnerável da função pública, reduções drásticas da quantidade e qualidade
dos serviços de saúde, educação e transportes, agravamento de taxas diversas
(incluindo as do SNS),o continuado roubo de dois subsídios aos reformados e
pensionistas e o mais que adiante se verá. Será que os cidadãos vão ficar
quietos e passivos?
Foi isto é o que o
François Hollande em 56 dias após assumir o cargo, decidiu aplicar em França:
·
Suprimiu 100% dos
carros oficiais e mandou que fossem leiloados; os rendimentos destinam-se ao
Fundo da Previdência e destina-se a ser distribuído pelas regiões com maior número
de centros urbanos com os subúrbios mais ruinosos. ( Em Portugal adquiriu-se
carros de alta cilindrada para o moedas e companhia);
·
Tornou a enviar
um documento (doze linhas) para todos os órgãos estaduais que dependem do
governo central em que comunicou a abolição do "carro da empresa"
provocativa e desafiadora, quase a insultar os altos funcionários, com frases
como "se um executivo que ganha ? 650.000/ano, não se pode dar ao luxo de
comprar um bom carro com o seu rendimento do trabalho, significa que é muito
ambicioso, é estúpido, ou desonesto;
·
A nação não
precisa de nenhuma dessas três figuras " . Fora os Peugeot e os Citroen.
345 milhões de euros foram salvos imediatamente e transferidos para criar (a
abrir em 15 ago 2012) 175 institutos de pesquisa científica avançada de alta
tecnologia, assumindo o emprego de 2560 desempregados jovens cientistas
"para aumentar a competitividade e produtividade da nação.";
·
Aboliu o conceito
de paraíso fiscal (definido "socialmente imoral") e emitiu um decreto
presidencial que cria uma taxa de emergência de aumento de 75% em impostos para
todas as famílias, líquidas, que ganham mais de 5 milhões de euros/ano. Com
esse dinheiro (mantendo assim o pacto fiscal) sem afectar um euro do orçamento,
contratou 59.870 diplomados desempregados , dos quais 6.900 a partir de 1 de
Julho de 2012, e depois outros 12.500 em 01 de Setembro, como professores na
educação pública;
·
Retirou os
subsídios estatais no valor de 2,3 milhões de euros que financiavam exclusivas
escolas privadas, e pôs em marcha (com esse dinheiro) um plano para a construção
de 4.500 creches e 3.700 escolas primárias, a partir dum plano de recuperação
para o investimento em infra-estrutura nacional;
·
Estabeleceu um
"bónus-cultura" presidencial, um mecanismo que permite a qualquer
pessoa pagar zero de impostos se se estabelece como uma cooperativa e abrir uma
livraria independente contratando, pelo menos, dois licenciados desempregados a
partir da lista de desempregados, a fim de economizar dinheiro dos gastos
públicos e contribuir para uma contribuição mínima para o emprego e o
relançamento de novas posições sociais;
·
Aboliu todos os
subsídios do governo para revistas, fundações e editoras, substituindo-os por
comissões de "empreendedores estatais" que financiam acções de
actividades culturais com base na apresentação de planos de negócios relativos
a estratégias de marketing avançados;
·
Lançou um
processo muito complexo que dá aos bancos uma escolha (sem impostos): Quem
proporcione empréstimos bonificados às empresas francesas que produzem bens
recebe benefícios fiscais, quem oferece instrumentos financeiros paga uma taxa
adicional: é pegar ou sair;~
·
Reduzido em 25% o
salário de todos os funcionários do governo, 32% de todos os deputados e 40% de
todos os altos funcionários públicos que ganham mais de ? 800.000 por ano. Com
essa quantidade (cerca de 4 milhões) criou um fundo que dá garantias de
bem-estar para "mães solteiras" em difíceis condições financeiras que
garantam um salário mensal por um período de cinco anos, até que a criança vai
à escola primária e três anos se a criança é mais velha. Tudo isso sem alterar
o equilíbrio do orçamento.
RESULTADOS: O spread
caiu, por magia. A inflação não aumentou. A competitividade da produtividade
nacional aumentou no mês de junho, pela primeira vez em três anos.”
A vingar a orientação anunciada para o nosso
País, dentro de um ano o estamos mais
pobre e a nossa economia terá sido desarticulada. Pior ainda, a amargura e a
desconfiança ter-se-ão apoderado dos corações, porque não é impunemente que se
passa um rolo compressor sobre as legítimas expectativas das pessoas,
suspendendo garantias, coarctando direitos e abolindo vínculos. Uma sociedade
civilizada não é um acampamento que a todo o momento pode ser desmontado sem
aviso prévio. A legitimidade dos sistemas políticos, económicos e sociais é
sustentada pela crença na boa-fé de quem detém o poder aos mais variados
níveis.
Continuamos como estamos, ou emigramos todos !
“Os erros de Pedro Passos Coelho estão listados. É
dele e só dele a responsabilidade da crise política que desaba. É dele e só
dele o romper abrupto da estabilidade social que acumulava quinze meses de
austeridade tolerada. Passos Coelho errou em tudo. No que decidiu, no que
comunicou, no que não fez, até na atitude desleal demonstrada na sua última
oportunidade. Na entrevista à RTP, os portugueses quiseram ouvi-lo – foi das
entrevistas com mais audiência dos últimos anos. Mas o primeiro-ministro voltou
a exibir insensibilidade e incoerência, ao culpar os portugueses pela recessão,
tinham consumido menos do que era esperado.