quarta-feira, setembro 12, 2012

Uma política inaceitável

Uma política inaceitável


Aceitaria um programa de austeridade mais exigente do que oacordado com a troika mas na condição de este visar o pagamento antecipado departe da dívida soberana. Mas não é isso que este governo pretende, apesar daausteridade brutal a dívida aumenta e isso significa que os benefícios não vãopara as gerações como diz Vítor Gaspar, os benefícios estão indo para os quemais beneficiaram dos excessos do passado, se é que os houve, os banqueiros, osdonos das grandes cadeias de distribuição, os grandes capitalistas.
   
Aceitaria uma venda do património do Estado se esta venda se realizasse sem corrupção, com transparência e ao melhor preço. Mas não é isso que este governo fez, vendeu a EDP a preço de saldo ao Partido Comunista Chinês, em troca do negócio conduzido por um assessor secreto que veio de um banco de investimentos duvidoso colocou na administração da empresa gente a quem o governo devia favores políticos.
   
Aceitaria um corte salarial se fosse conseguido no âmbito de um pacto social negociado entre trabalhadores e entidades patronais, onde estivesse garantido que a redução de custos se destinada a investimento ou a redução dos custos e que os benefícios alcançados fossem mais tarde repartidos equitativamente entre empresas e trabalhadores. Mas não é isso que este governo fez, o que o governo fez foi impor uma redução brutal dos salários e pegar no dinheiro para o entregar aos patrões sem lhes exigir qualquer contrapartida, não havendo sequer garantias de que esse lucro fácil não vai ser consumido em putas e bens de luxo ou, pior ainda, exportado para off shores em paraísos fiscais.
   
Aceitaria uma redução dos vencimentos no Estado e mesmo uma redução de quadros se isso fosse feito sem perda de qualidade dos serviços públicos, designadamente, da educação e da saúde e se tal esforço fosse acompanhado de uma redução de despesas desnecessárias e do fim dos benefícios fiscais para as falsas fundações. Mas não é isso que este governo fez, manteve os esquemas corruptos da despesa pública, manteve os benefícios fiscais das fundações dos amigos e reduziu a despesa pública à custa do empobrecimento forçado dos funcionários e dos serviços públicos.
   
Aceitaria um aumento dos impostos desde que a carga fiscal fosse distribuída de forma equitativa. Mas não é isso que este governo tem feito, fez muito pior, não só dispensou os ricos de qualquer aumento da carga fiscal como está a usar o sistema fiscal para institucionalizar o roubo dos mais pobres. O capitalismo português atingiu níveis de abuso até aqui desconhecidos, já não são empresários sem escrúpulos a roubar trabalhadores, é o governo a usar o poder que tem para abusivamente tirar aos pobres sob a forma de impostos para entregar a receita fiscal directamente aos ricos.
   
Aceitaria um programa de austeridade se tivesse por objectivo superar a crise financeira, mas não é isso que este governo está fazendo. Estão ignorando a crise e com o falso argumento da troika um grupo de economistas sem qualquer reconhecimento internacional, com currículos pobres e sem provas dados, amigos do governo e das organizações internacionais que trocavam papers para aumentarem artificialmente o currículo aproveitaram-se da crise e de um primeiro-ministo imbecil para transformar Portugal num laboratório social e os portugueses em ratinhos de experiências. O país é um imenso Auschwitz com uns quantos Josefs Mengeles da economia a fazer experiências com os cidadãos do país.
  
Aceitaria um programa de austeridade concebido e conduzido por um governo de direita, acho inaceitável uma experiência de reformatação do país conduzida por um governo sem mandato para tal e com gente inexperiente, sem grandes princípios éticos e com títulos académicos impressos em papel higiénico.