Uma política inaceitável
Aceitaria uma venda do património do Estado se esta venda se
realizasse sem corrupção, com transparência e ao melhor preço. Mas não é isso
que este governo fez, vendeu a EDP a preço de saldo ao Partido Comunista
Chinês, em troca do negócio conduzido por um assessor secreto que veio de um
banco de investimentos duvidoso colocou na administração da empresa gente a
quem o governo devia favores políticos.
Aceitaria um corte salarial se fosse conseguido no âmbito de
um pacto social negociado entre trabalhadores e entidades patronais, onde
estivesse garantido que a redução de custos se destinada a investimento ou a
redução dos custos e que os benefícios alcançados fossem mais tarde repartidos
equitativamente entre empresas e trabalhadores. Mas não é isso que este governo
fez, o que o governo fez foi impor uma redução brutal dos salários e pegar no
dinheiro para o entregar aos patrões sem lhes exigir qualquer contrapartida,
não havendo sequer garantias de que esse lucro fácil não vai ser consumido em
putas e bens de luxo ou, pior ainda, exportado para off shores em paraísos
fiscais.
Aceitaria uma redução dos vencimentos no Estado e mesmo uma
redução de quadros se isso fosse feito sem perda de qualidade dos serviços
públicos, designadamente, da educação e da saúde e se tal esforço fosse
acompanhado de uma redução de despesas desnecessárias e do fim dos benefícios
fiscais para as falsas fundações. Mas não é isso que este governo fez, manteve
os esquemas corruptos da despesa pública, manteve os benefícios fiscais das
fundações dos amigos e reduziu a despesa pública à custa do empobrecimento
forçado dos funcionários e dos serviços públicos.
Aceitaria um aumento dos impostos desde que a carga fiscal
fosse distribuída de forma equitativa. Mas não é isso que este governo tem
feito, fez muito pior, não só dispensou os ricos de qualquer aumento da carga
fiscal como está a usar o sistema fiscal para institucionalizar o roubo dos
mais pobres. O capitalismo português atingiu níveis de abuso até aqui
desconhecidos, já não são empresários sem escrúpulos a roubar trabalhadores, é
o governo a usar o poder que tem para abusivamente tirar aos pobres sob a forma
de impostos para entregar a receita fiscal directamente aos ricos.
Aceitaria um programa de austeridade se tivesse por
objectivo superar a crise financeira, mas não é isso que este governo está
fazendo. Estão ignorando a crise e com o falso argumento da troika um grupo de
economistas sem qualquer reconhecimento internacional, com currículos pobres e
sem provas dados, amigos do governo e das organizações internacionais que
trocavam papers para aumentarem artificialmente o currículo aproveitaram-se da
crise e de um primeiro-ministo imbecil para transformar Portugal num
laboratório social e os portugueses em ratinhos de experiências. O país é um imenso
Auschwitz com uns quantos Josefs Mengeles da economia a fazer experiências com
os cidadãos do país.
Aceitaria um programa de austeridade concebido e conduzido
por um governo de direita, acho inaceitável uma experiência de
reformatação do
país conduzida por um governo sem mandato para tal e com gente
inexperiente, sem grandes princípios éticos e com títulos académicos
impressos em papel higiénico.