quarta-feira, julho 22, 2009

Código da Contratação Pública - OS AJUSTES DIRECTOS – Será que os propósitos do Governo estão a ser cumpridos?

Como é do conhecimento geral o Governo determinou, como uma medida de combate à crise económica e social, um principio de permitir a contratualização por ajuste directo com empresas de cada Concelho, e assim poder injectar-se no tecido económico do respectivo Município e alavancar a sua economia com estes recursos económicos, sendo que necessariamente “toda a actividade administrativa a cargo de um responsável público, seja ele municipal ou não, deve pautar-se pela prossecução do interesse público, interesse público que impõe à entidade adjudicante o respeito pelos princípios estruturantes da contratação pública como são o da livre concorrência e a igualdade das partes “ (cf.Sentença da 3.ª Secção do Tribunal de Contas n.º 3/2007, de 8 de Fevereiro).

SERÁ QUE ESTES PRINCIPIOS ESTÃO A SER RESPEITADOS PELOS AUTARCAS?

Sempre defendemos, e essa foi e assim será sempre a nossa atitude, de entender que o papel de um autarca é o de gerir com rigor, eficácia, transparência e no estrito respeito pela LEGALIDADE, os dinheiros que recebe do sistema e com eles, não só financiar os gastos inerentes ao funcionamento de um serviço público municipal, as politicas sociais, educativas e de saúde, mas muito em especial saber investir os recursos, financeiros que são sempre escassos, em planos/programas estratégicos aproveitando as potencialidades humanas e técnicas de modo a dinamizar a economia local.

QUANTOS AUTARCAS PERSPECTIVAM E ACTUAM DESTE MODO?
Quando muitas vezes damos conta da verdade e queremos recuperar o tempo perdido, percebemos das enormes dificuldades e “escolhos” de todas as espécies e variedades e das maneiras mais diversas e “criativas”, percebemos que o tempo perdido já não volta, mas neste quadro de relacionamento, digamos “pouco saudável” e de uma enorme insensatez – estamos a falar de gente sem memória, sem princípios e sem valores, quer sejam morais ou éticos - não podemos desistir tendo como principio que “ o direito de mudar de opinião é tão ou mais importante que o de ter opinião”, e concordando plenamente com o expresso pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, de que “ em eleições locais não interessa as filiações partidárias, mas sim os interesses da população local”, o que significa, se não existir a coragem necessária para afastar, aqueles(as) que de facto tem vindo reiteradamente, a “bloquear ou até boicotar”, as mudanças, não só de atitude e comportamentos, mas muito em especial de competência para exercício da cada vez mais exigente gestão dos interesses autárquicos, cada vez mais denominados pelo interesse dos “aparelhos partidários locais”, que por sua vez se encontram dominador por “por grupos de interesses criados nas denominadas juventudes partidárias”, em que a única coisa que sabem fazer é desperdiçar todos os recursos escassos e disponíveis em coisas, que sabem muito bem que não podem fazer, nem são do interesse dos munícipes. Hoje os partidos políticos , com raras excepções, não escolhem os melhores, porque estes não estão lá, muito simplesmente são “impedidos de entrar nesses partidos”. É preciso perceber que se precisa de mudar, mudar de cultura, mudar de mentalidade e dar a vez aqueles que pelo seu mérito podem fazer muito mais e melhor, que não se deixam dominar pelo cálculo de interesses e pelo oportunismo

OS AJUSTES DIRECTOS NA CONTRATAÇÃO PÚBLICA

Nos termos da Lei (Código da Contratação Pública) que “não podem ser convidadas a apresentar propostas empresas com as quais a mesma entidade adjudicante já tenha celebrado, nesse ano económico ou nos dois anos económicos anteriores, contratos cujo objecto seja idêntico ou abranja prestações do mesmo tipo, e cujo preço contratual acumulado seja igual ou superior aos limites do ajuste directo (150.000 ou 1.000.000 euros nas empreitadas de obras públicas, consoante a entidade adjudicante; 75.000 ou 206.000 euros nas aquisições de bens e serviços, consoante a entidade adjudicante); A celebração de quaisquer contratos na sequência de ajuste directo deve ser publicitada, pela entidade adjudicante, neste portal. A eficácia dos referidos contratos está dependente dessa publicação, pelo que, sem ela, não será possível começar a executar o contrato nem efectuar quaisquer pagamentos ao seu abrigo” .
O Decreto-Lei n.º 34/2009de 6 de Fevereiro estabelece no seu nº 1 do artº 1º medidas excepcionais de contratação pública aplicáveis aos procedimentos de concurso limitado por prévia qualificação e de ajuste directo destinados à formação de contratos de empreitada de obras públicas, de concessão de obras públicas, de locação ou aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços, necessários para a concretização de medidas nos seguintes eixos prioritários:
a) Modernização do parque escolar;
b) Energias renováveis, eficiência energética e redes de transporte de energia;
c) Modernização da infra -estrutura tecnológica — Redes Banda Larga de Nova Geração;
d) Reabilitação urbana.
2 — O procedimento de ajuste directo apenas pode ser adoptado para a celebração de contratos destinados à modernização do parque escolar ou à melhoria da eficiência energética de edifícios públicos, nos termos do artigo 5.º
5 — Quando a entidade adjudicante seja um município ou uma empresa do sector empresarial local, a prioridade referida no n.º 1 é estabelecida, por cada investimento ou por cada conjunto de investimentos similares, por deliberação da câmara municipal, nos termos legais.

Artigo 2.º (Transparência)
1 — Os despachos ou a deliberação referidos no artigo anterior são publicados, em simultâneo, no Diário da República e no portal da Internet dedicado aos contratos públicos.
2 — A celebração de contratos na sequência de um ajuste directo ao abrigo do presente regime excepcional deve ser publicitada, pela respectiva entidade adjudicante, no portal da Internet dedicado aos contratos públicos, através de uma ficha de publicitação conforme modelo constante do anexo ao presente decreto -lei e do qual faz parte integrante.
3 — A publicitação referida no número anterior é condição de eficácia do respectivo contrato, independentemente da sua redução ou não a escrito, nomeadamente para efeitos de quaisquer pagamentos.

Artigo 6.º (Escolha das entidades convidadas)
1 — Para efeitos da aplicação do artigo 112.º do Código dos Contratos Públicos, nos procedimentos de ajuste directo adoptados ao abrigo do regime estabelecido pelo presente decreto -lei, deve a entidade adjudicante convidar, pelo menos, três entidades distintas para apresentação de propostas, as quais são obrigatoriamente mencionadas na ficha de publicitação referida no n.º 2 do artigo 2.º
2 — Aos procedimentos de ajuste directo destinados à modernização do parque escolar não se aplicam as limitações constantes dos n.os 2 a 5 do artigo 113.º do Código dos Contratos Públicos.

Código dos Contratos Públicos (Decreto-Lei n.º 18/2008 de 29 de Janeiro)

Artigo 112.º (Noção de ajuste directo)
O ajuste directo é o procedimento em que a entidade adjudicante convida directamente uma ou várias entidades à sua escolha a apresentar proposta, podendo com elas negociar aspectos da execução do contrato a celebrar

Artigo 113.º (Escolha das entidades convidadas)
1 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 128.º, a escolha das entidades convidadas a apresentar proposta no procedimento de ajuste directo cabe ao órgão competente para a decisão de contratar.
2 — Não podem ser convidadas a apresentar propostas entidades às quais a entidade adjudicante já tenha adjudicado, no ano económico em curso e nos dois anos económicos anteriores, na sequência de ajuste directo adoptado nos termos do disposto na alínea a) do artigo 19.º, na alínea a) do n.º 1 do artigo 20.º ou na alínea a) do n.º 1 do artigo 21.º, consoante o caso, propostas para a celebração de contratos cujo objecto seja constituído por prestações do mesmo tipo ou idênticas às do contrato a celebrar, e cujo preço contratual acumulado seja igual ou superior aos limites referidos naquelas alíneas.
3 — Para os efeitos do disposto no número anterior, quando a entidade adjudicante seja o Estado ou uma Região Autónoma, apenas são tidos em conta os contratos celebrados no âmbito do mesmo gabinete governamental, serviço central ou serviço periférico de cada ministério ou secretaria regional, respectivamente.
4 — Para os efeitos do disposto no n.º 2, quando a entidade adjudicante seja um município, são tidos em conta, autonomamente, os contratos celebrados no âmbito de cada serviço municipalizado.
5 — Não podem igualmente ser convidadas a apresentar propostas entidades que tenham executado obras, fornecido bens móveis ou prestado serviços à entidade adjudicante, a título gratuito, no ano económico em curso ou nos dois anos económicos anteriores.