quinta-feira, agosto 25, 2011

ALMEIRIM – QUAL SERÁ O “VERDADEIRO VALOR” DAS DIVIDAS DA CÂMARA?

ALMEIRIM – QUAL SERÁ O “VERDADEIRO VALOR” DAS DIVIDAS DA CÂMARA?

“ Será que é possível deixar de tentar manipular pelos seus próprios pensamentos.”

Costuma-se dizer que "presunção e água benta, cada um toma a que quer" e o adágio assenta que nem uma luva aos responsáveis, ou responsável, pela Câmara Municipal de Almeirim, nos últimos anos, em que o pregão mais ouvido por estas bandas- a obra feita - mas a verdade é que entre o marketing e a verdade, vai a mesma distância que separa o Concelho de Almeirim real, do “concelho” da "Alice" em que os senhores autarcas nos querem convencer que vivemos.

E para que o impacto da realidade, que apesar de tudo teima em se mostrar, seja menos violento, vamos continuar a ter obras, muitas pseudo-obras - nem sempre de gosto ou interesse evidentes - para os nossos netos pagarem, inaugurações e muitas festas " à la carte" um pouco por todo o lado - se não existirem personalidades ilustres para nos visitarem, inventam-se concertos com os Carreiras (que não tinha nada contra, desde que cada um pagasse a sua entrada) contribuindo para manter as populações convenientemente anestesiadas e a juntar aos convívios de "culto da personalidade" do costume e coisas do género.

Tudo isto a propósito do endividamento das Câmaras Municipais, que ninguém sabe qual será o seu valor, mas todos sabemos que quem vai pagar, mais tarde ou mais cedo serão os cidadãos, sem que os verdadeiros responsáveis prestam contas destes desmandos. Como podemos ler jornal o Mirante de 11 de Agosto sobre o titulo “ Há câmaras a recorrer a estratagemas para esconder dívidas a fornecedores, na pág. 14 acrescenta um subtítulo “pagamentos deviam ser por ordem cronológica, mas há quem esteja à espera dez anos”,e num mapa, ao fundo desta página reproduz a, da “LISTA DO PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO REGISTADO POR MUNICÍPIO EM DEZEMBRO DE 2010 (N.º 20 - Resolução de Conselho de Ministros n.º 34/2008, publicada no DR n.º 38, 1.ª série, de 22 de Fevereiro”,que consta no “portal autárquico” e cujos dados para a Câmara de Almeirim, no tocante aos pagamentos, em média a fornecedores era, segundo estes dados, aqui publicitados, de cuja credibilidade temos muitas duvidas, de 37 dias em 31 de Dezembro de 2009, de 30 dias em 30 de Junho de 2010 e de 34 dias em 31 de Dezembro de 2010.

Tanto quanto sabemos as dividas a fornecedores, de acordo com o documento entregue na Assembleia Municipal, com data de 14 de Dezembro de 2010, atingia mais de 1,1 milhões de euros, o mesmo documento, agora com data de 15 de Fevereiro de 2011 esse valor de “dividas a fornecedores” já ultrapassava os 1,38 milhões de euros e o datado de 13 de Abril de 2011 essas dividas subiam para mais de 1,5 milhões de euros, sendo que e finalmente o mesmo documento, entregue na Assembleia Municipal, com data de 21 de Junho de 2011 as dividas a fornecedores ultrapassavam os 2,3 milhões de euros!

Não deixa de ser “curioso”, apenas para aqueles que “acham que estas coisas acontecem, por acaso, o jornal “O Mirante” de 18 de Agosto de 2011, volta à publicação de um quadro de “dividas a fornecedores”, onde na “listagem”, sem qualquer referencia aos prazos médios de pagamentos, “aparece” a Câmara Municipal de Almeirim, com um divida a fornecedores que ultrapassa os 2 milhões de euros. Por isso, fomos verificar, aqui , a Relação das dividas a fornecedores da Câmara Municipal de Almeirim (definido como “calendário de facturas a pagar calculado por data de emissão da fractura) situação no 1º semestre de 2011, que é a seguinte:

PERÍODO

MONTANTE

Mais 60 dias, menos 90 dias

243.403,89 €

mais de 90 dias, menos de 120 dias

427.589,34 €

mais de 120 dias, menos de 180 dias

392.127,98 €

mais de 180 dias, menos de 240 dias

396.226,68 €

mais de 240 dias, menos de 360 dias

379.890,30 €

mais de 360 dias

298.460,96 €

TOTAL

2.137.699,15 €

Como é possível que o prazo médio de pagamento aos fornecedores seja de 34 dias ou qualquer outro de valor semelhante, se o valor das dividas a mais de 60 dias atingem mais de 2,13 milhões de euros?

Anotamos que ao valor das dividas a FORNECEDORES, (que de certo será ainda superior a este valor) há que acrescentar o AS DIVIDAS AOS BANCOS que já devem ultrapassar os 9,5 milhões de euros?

Numa Câmara Municipal cujas receitas correntes do “ORÇAMENTO DE ESTADO” se situam á volta dos 5,6 milhões de euros, sendo que só as “Despesas com Pessoal”, devem atingir cerca de 5,5 milhões de euros, como é que vai ter capacidade para pagamento destas dívidas de quase 12 milhões de euros? Será que alguma vez se vai apurar as responsabilidades, pelas acções ou omissões que conduziram a esta situação de completa insolvência?

São estes mesmos “políticos” que no dia-a-dia transformam os nossos concelhos e o nosso País num verdadeiro “aterro sanitário”(as agências de rating classificaram-nos já como lixo) ludibriando os portugueses e dando uma preciosa ajuda para o nosso subdesenvolvimento. Compreende-se, é esse mesmo subdesenvolvimento que enriquece uns e alimenta “as gorjetas de outros” e “sugam” os cidadãos através do aumento dos impostos e das múltiplas taxas e serviços.Em todas as sociedades há gente disposta a desempenhar um papel idêntico ao que desempenham os peixes limpa-fundos nos aquários, comem a caca dos outros para manter o espaço limpo. Invocar “a legitimidade do voto” para justificar tal postura só merece uma gargalhada de desprezo!

PORQUE NÃO CONHECER “UM POUCO DA NOSSA” HISTÓRIA?

PORQUE NÃO CONHECER “UM POUCO DA NOSSA” HISTÓRIA?

“Até hoje, os governos andaram sempre a tentar mudar o País em meia dúzia de anos. Talvez fosse preferível tentarem compreendê-lo."

á precisamente 120 anos, em 1887, o escritor J. P. Oliveira Martins apresentou na Câmara dos Deputados o seu QREN, sob a forma de um Projecto de Lei de Fomento Rural. Também ele queria aproveitar o potencial dos portugueses. Só que, em vez de mestrados e cursos de formação, pretendia dar-lhes terra para cultivarem. Sim, os tempos eram outros. A ideia de Oliveira Martins consistia em fixar a população excedentária do Norte do país nos campos subaproveitados do Sul, em pequenas quintas viabilizadas pelo regadio. Oliveira Martins desejava, como toda a elite sua contemporânea, modernizar o país. Mas sabia que não chegava converter os portugueses às ideologias modernas. Era preciso mudar as suas condições de vida, torná-los mais ricos. E para isso, Oliveira Martins propunha-se fazer de Portugal uma "colmeia rural", em que a maioria da gente tivesse emprego em propriedade própria, e o território fosse uniformemente valorizado. Como foi então acolhido o seu plano? Para uns, tratava-se de uma fantasia, já que não havia dinheiro para as necessárias obras hidráulicas no Alentejo. Para outros, era uma farsa: Oliveira Martins procuraria apenas protagonismo para chegar a ministro. Desde há décadas, que os governos e as luminárias da nação se dedicam afincadamente a gastar dinheiro para ajudar o futuro a nascer. Abundaram sempre os QREN. E há algumas décadas que os seus objectivos, por entre variações de vocabulário e contexto, são os mesmos. A memória corrente reteve as proclamações de Cavaco Silva no fim da década de 1980. Mas recuando mais no tempo, encontram-se estas grandes prioridades: "Aceleração do ritmo de crescimento do produto nacional; repartição equilibrada do rendimento; correcção progressiva dos desequilíbrios regionais de desenvolvimento." Não, não é uma citação do QREN de Sócrates nem das Grandes Opções do Plano de Cavaco Silva, nem reflexo duma intervenção do ministro Álvaro, mas do III Plano de Fomento de Salazar, publicado em 1967. Nas considerações desse Plano, lamenta-se já a falta de "formação profissional" dos portugueses, e a ineficiência da administração pública, cuja "rotina" e "burocracia" podem "comprometer iniciativas públicas e privadas que exigem celeridade". O grande horizonte, em 1967, era claro: "alcançar o mais rapidamente possível os níveis de desenvolvimento da Europa Ocidental", através de uma "reconversão da economia". Já éramos assim há 40 anos. Não reparamos nisto, porque gostamos de reduzir a nossa história recente a uma sucessão de cortes e saltos salutares, do capitalismo para o socialismo (com o PREC), ou das ditaduras para a democracia (com o actual regime). Andamos sempre, como fez Sócrates na apresentação do QREN, a "cortar com a cultura do passado". Para que servirá então lembrar a longa tradição do nosso desenvolvimentista de Estado? Para demonstrar que nada mudou? Não, Portugal mudou. Só que nunca mudou como os seus dirigentes políticos, por entre largas despesas, previram e planearam. Os que, no século XIX, procuraram criar condições para uma "colmeia rural" nunca imaginaram a industrialização do século XX. Os que, nas décadas de 1940 e 50, contaram com uma indústria que sobretudo substituísse importações, foram surpreendidos pelas exportações de vestuário e calçado depois da entrada na EFTA. Quem pensou em explorar esse filão com a adesão à CEE viu-se confrontado na década de 1990 com o seu definhamento e com a expansão dos serviços e da construção civil - uma mudança que comprometeu os ritmos de crescimento económico do passado. Em Portugal, o que estava previsto e planeado quase nunca aconteceu, e o que aconteceu quase nunca foi previsto e muito menos planeado. Por isso, tudo aquilo que verdadeiramente se passou, desde a industrialização até à urbanização, passou-se "desordenadamente", à revelia dos planos e na maior parte das situações com a violação clara das normas legais, sem uma intervenção dos órgãos responsáveis pela fiscalização. Até hoje, os governos andaram sempre a tentar mudar o país em meia dúzia de anos. Talvez fosse preferível tentarem compreendê-lo."

Sun Tzu dizia que: "a suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar"