O
OPORTUNISMO E A ÂNSIA DO PODER
“A ânsia de poder não é originada da
força, mas da fraqueza.” Erich
Fromm
A propósito, ainda,
dos incêndios, erradamente nominados de Pedrogão, quando os mesmos “invadiram”
outros concelhos, não deixa de ser intrigante a azáfama dos pseudo jornalistas
duma imprensa pirómana. Ao analisar as
redes de intriga que o actual PSD fabricou para lançar o medo e a suspeição no
Estado, que Passos Coelho ensaiou de forma canhestra com o suicídio inventado
pelo provedor da Misericórdia, candidato do PSD à Câmara de Pedrógão, isto é Passos Coelho deu-se ao luxo de transmitir
boatos aos jornalistas sem cuidar de
saber nem confirmar o que ouvira. É uma atitude absolutamente inaceitável,
porque é imoral e, como tal, merece ser condenada por todos.
Temos aqui uma clara
fotografia dos apoiantes da actual direcção do PSD, impacientes por mortes,
para saciarem a voracidade, a que há acrescer neste incêndio trágico em que,
pseudo jornalistas noticiaram erradamente, durante duas horas, que um avião de
combate às chamas tinha caído, incluindo a identidade do piloto entretanto
falecido, nada nos devia já admirar, por era tempo de estarmos habituados “a
fenómenos do “tipo entroncamento” no espaço público.
Assistir agora ao
patético ultimato do líder parlamentar do PSD, na sua colossal ignorância, a
exigir ao Governo a lista de mortos sob sigilo judicial, é não perceber o
funcionamento democrático da separação dos poderes nem ponderar se é esse o
desejo dos familiares. Este “senhor”, sabia muito bem que a referida “listagem”
estava protegida pelo segredo de justiça, determinado pelo Ministério Público
(Procuradoria Geral da Republica), assim como sabia que a regra da separação de
poderes impede o poder executivo de interferir com o poder judicial. O Governo não
podia ordenar ao poder judicial que divulgasse tais informações.
“Acontece que o Governo cumpre a lei, mas a
questão que esteve em aqui em causa foi o aproveitamento político imoral feito
pelo PSD e CDS-PP em relação à tragédia de Pedrógão Grande. É absolutamente
inaceitável que, num Estado de Direito e numa democracia avançada como a
portuguesa, estes dois partidos da oposição façam aproveitamento político de
uma tragédia”
Na verdade pensamos que tudo isto só se pode
explicar a título de um descabelado oportunismo político, quando o cheiro a poder “faz salivar como cães
esgalgados”, ao mesmo tempo retira
racionalidade e entorpece a mente. Mas ao descer a níveis de "reserva
mental" tão óbvios como este, já é um exagero que retira credibilidade
política. Manifestamente, a direita que se caracterizou como “neoliberal” está
sem norte na oposição. Acredito que aqueles que frequentam estas escolas se
apaixonem perdidamente pelo poder, pela ideia de exercer supremacia sobre os
outros, de vir a tirar todo o tipo de dividendos, de decidir sobre a vida das
pessoas… Aí está a fraqueza de quem carrega esta ânsia! Mas, quando se procura
o poder, sem um projecto mobilizador, um programa para sufragar ou uma simples
ideia construtiva, esperando que caia nos “braços do clube politico” que se
frequenta, fomenta-se a decadência ética dos partidos e a erosão do respectivo
regime democrático.
O que fica bem claro
é que quem se afadigou a desmantelar as estruturas do Estado, lhe retirou as
alavancas do poder e deixou os serviços
públicos num caos, não aguenta o período de nojo que a decência recomendava nem
o alívio que a mudança de Presidente da Republica e Primeiro Ministro trouxeram ao País. À falta de políticos e de
política fazem ruído, criam talibãs, soltam jagunços e largam os acólitos a
uivar, grasnar e crocitar intrigas na esperança de receberem destroçado o País
para cuja ruína usaram o poder e reincidem na oposição.
Para terminar, reflicta-se
nas palavras de um sábio oriental que disse que “conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é
verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é
verdadeiro poder.”
Armindo Bento (cidadão aposentado)