domingo, maio 24, 2020

O princípio do nada é um passo no caminho. “A esperança é o sonho do homem acordado.”(Aristóteles)


O princípio do nada é um passo no caminho. “A esperança é o sonho do homem acordado.”(Aristóteles)

Li um dia destes que alguém terá dito que “o destino é um lugar de onde nunca verdadeiramente se parte”, talvez assim seja ou talvez não. Ao certo  é que nestes tempos em que impera a incerteza como um principio onde o certo é incerto, a verdade é dúvida, o real é irrelevante, mas ninguém estava preparado para as incertezas que estamos a viver, e onde a    incerteza dos acontecimentos, sempre mais difícil de suportar do que o próprio acontecimento. O pior dos sentimentos é a indecisão, é ela que coloca em dúvida todas as certezas que  achávamos que tínhamos, todas as verdades que  acreditávamos e todos os caminhos que seguíamos. Temos de concluir que não são as realidades da vida e as lutas diárias que nos consomem... são as dúvidas e as incertezas que nos corroem, o no dizer do escritor francês Victor Hugo,” que a vida já é curta, mas nós tornamo-la ainda mais curta, desperdiçando tempo.”
É por isso, talvez que todos temos a necessidade de algumas certezas. Claro que nenhuma vida é feita, inteiramente, de certezas. Mas a maior parte de nós prefere viver do lado da certeza do que do lado da dúvida nestes temos de, por vezes, sentir a ansiedade que nos sufoca. Não precisa de lábios para se fazer ouvir, diz o que pensa com a força da mais poderosa emoção. Nos últimos dois meses, vivemos em permanente estado de ansiedade. Sempre o coração na ponta da língua. A vida transformada numa migalha do que era. Mas ainda vamos no princípio do caminho. No princípio do nada. Não há uma cura, não foi descoberta uma vacina. O vírus continua à solta e pouco ou nada sabemos sobre ele. Será que a  “normalidade”, tal como a conhecíamos, será reposta com o desconfinamento?
Numa crónica escrita pelo cardeal José Tolentino Mendonça onde fala, entre outras coisas, deste futuro que nos escapa, e da importância da memória: “ As memórias são, como se sabe, moedas para ser usadas no país do futuro”, escreve, com palavras vestidas de sabedoria. Ainda não sabemos que futuro é esse, nem que país vai sobreviver à pandemia. Mas memórias deste tempos estranhos não nos faltam, embora todos sentimos que há que preencher este vazio do barulho agora inexistente, pois  continuam a faltar-nos as  pessoas na vida. Falta-nos as escolhas. Falta-nos os hábitos que, por mais que nos esforçamos, não entram nos nossos desábitos. No entanto como disse Eleanor Roosevelt: “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.”
 Quase todos podemos dizer que “temos saudades da nossa vida, pelo menos daquela que estávamos habituados. Temos que ter consciência que estamos perante um “adversário” desconhecido que nos obriga, a mim e a todos nós  a renascer para uma vida diferente. Todos nós sentimos medo de ser infectados e temos a obrigação e dever de tudo fazer, cumprindo as indicações, por respeito por nós próprios e pelos outros. Temos saudades das nossas rotinas, como todos os seres humanos,, mas temos que nos adaptar a esta nova realidade, mesmo sabendo que é perigosa e invisível, sendo que estes tempos nos levam, a todo, as ter mais consciência como é preciosa a nossa saúde e a liberdade de viver a vida. Talvez comece a sentir que me falta tempo, para não ter o tempo de que preciso. Tudo passa e, um belo dia, todo este tempo, que agora nos é imposto, eu diria melhor “aconselhado”, apenas irá parecer-nos um pesadelo de uma noite….ou como já disse alguém, e ainda bem que ainda há gente bem intencionada para nos fazer sorrir e assim podermos continuar a caminhar! “Onde quer que nos encontremos, são os nossos amigos que constituem o nosso mundo.”(William James)