NUNCA É TARDE DEMAIS……..
“Um euro gasto a cobrir os prejuízos de um banco privado é um
roubo aos contribuintes”.
Atravessamos um
período em que se usa e abusa dos facebook e redes sociais como forma de
"informação", e por isso deverá ser prioridade procurar os dados, para podermos
tirar as nossas conclusões, baseadas em
factos reais e não nas convicções, que temos e devemos e podemos continuar a ter, para “os templos”
que cada um frequenta ou não – isso será um problema, uma opção de liberdade
individual de cada um. Devemos saber que durante décadas a comunicação social
foi usada de forma oculta para manipular a opinião pública, e nem sempre de
forma ingénua (vide a grande mentira sobre a guerra do Iraque e as armas
químicas do Sadam, os “casos” ainda esclarecidos na eleição de Trump, ou ainda
á bem pouco aquela da “queda duma aeronave em Pedrógão”). Ou seja, a
comunicação social "respeitável", tinha o monopólio das "fake
news", e também elas faziam parte do seu "core business". Neste
momento perdeu esse monopólio. E quando se passa de monopólio para um mercado
de concorrência, o trauma é sempre enorme.
Mas não será
nenhuma destas razões que os jornalistas, e especialmente directores e editores
de órgãos de comunicação social, reagem com uma rara violência a uma simples
página de Facebook ou nas redes sociais. A razão é mais simples: os jornalistas, que se dedicam ao
escrutínio, odeiam ser escrutinados. Sobretudo quando percebem que esse
escrutínio é ouvido e lido por muita gente. Estão, aliás, muito pouco
habituados a ser escrutinados de forma sistemática. E esse escrutínio torna-se
especialmente cruel quando a quase totalidade das empresas de comunicação
social está virtualmente falida.
A este propósito
a entrevista de hoje do Dr Ricardo Salgado, que se pode ler aqui https://www.dinheirovivo.pt/banca/galeria/ricardo-salgado-o-banco-de-portugal-e-que-criou-os-lesados-do-bes/ e que, foi quase “omitida, suprimida” pela imprensa,
nomeadamente , talvez porque o entrevistado afirma que “acerca do colapso do BES,
durante toda a entrevista deita culpas ao governador do Banco de Portugal e a
Passos Coelho”, leva-nos a relembrar que está
em causa muitos milhões de euros,
que foram suportados pelos impostos dos portugueses, nomeadamente, pelos
reformados, pensionistas e pelos que
dependem do salário, que o governo presidido pelo senhor Passos Coelho decidiu
“fanar, surripiar”, em especial a estes portugueses, com a aplicação de impostos extraordinários que atingiram, em exclusivo
os respectivos rendimentos destes cidadãos. Uma primeira questão para onde foram esses milhões de euros e para quem?
Quem foram os “beneficiários” desses
milhões de euros? Porque é que os
impostos pagos pelos portugueses, nomeadamente os impostos extraordinários, que
durante 4 anos (2011-2015) foram aplicados compulsivamente e ilegalmente aos
reformados e pensionistas, de acordo com a decisão do Tribunal Constitucional, não
foram devolvidos aos seus legítimos beneficiários?
Hoje sabemos que mais de 3 milhões de portugueses foram espoliados
dos seus rendimentos, nomeadamente os reformados e pensionistas, enquanto
os beneficiários dessa espoliação não
ultrapassará os 200 mil, entre os quais os cerca dos 10 mil mais ricos do
País, por isso o que impede que até hoje, ainda
não fosse publicitada a listagem desses “beneficiários” dos “ditos créditos
bancários”, que foram, estão e tem de ser suportados pelos impostos dos
portugueses?
Por isso tem actualidade
fazer uma leitura profunda e atenta do parecer da Procuradoria Geral da Republica sobre a imputação de responsabilidade
civil aos enfermeiros “pelos danos causados aos utentes, quando
designadamente não seja salvaguardada a prestação de determinados serviços",
se , no caso em apreço foram salvaguardados pelo então governo do senhor Passos Coelho os serviços prestados pelo Estado
de modo a reduzir ou evitar os danos causados aos reformados e pensionistas?
Foi o PS que teve
um papel determinante na inspiração constitucional do princípio da legalidade
(que significa que todos os processos conhecidos têm de ser investigados), foi
o PS que sempre defendeu e reforçou a autonomia do Ministério Público, foi o PS
que impulsionou a criação e a extensão dos departamentos de investigação e
acção penal, foi o PS a força democrática a que os sectores moderados das
magistraturas sempre recorreram para moderar os ímpetos destrutivos de algumas
políticas dos governos PSD e PSD/CDS, o
que é que impede, que sobre esta matéria se esclareça os cidadãos? O que impede
que se responsabilize quem tem que ser responsabilizar? É preciso, muito
mais na política, ajudar a construir alternativas. Caso contrário a exigência
torna-se apenas numa forma de suicídio democrático. A questão é se para além de
escrutinar e exigir ainda somos capazes de construir e de manter alternativas ao “desvio de direitos e deveres de cidadania” praticados pelo governo do
senhor Passos Coelho?
E por aqui me
fico. Nunca é tarde para tentarmos
corrigir erros das nossas vidas. Depende de nós próprios e de aceitar corrigir
esses erros.