“A vida não é tão longa que alguém possa se cansar dela.“(Amin Maalouf)
Como alguém já disse a nossa vida é como um livro, cada dia uma página nova, cada hora uma vírgula. Mas “nem o lápis pode escrever o futuro e nem a borracha apagar o passado”. Nos dias de hoje confundimos informação conhecimento e saber. Na realidade temos muita informação nos mais diversos meios de acesso, mas essa hipertrofia leva-nos a uma paralisia. Acumulamos muito conhecimento técnico, mas muito raramente sabemos convertê-lo num tipo de saber que dialogue com a vida no sentido mais amplo. E é isso que tantas vezes nos faz falta! A teoria e a prática fazem parte da mesma respiração, o pensar pode ser pensarmos juntos para que possamos criar os saberes e as práticas que dialoguem com a vida com a simples intenção de poder cuidar melhor do nosso colectivo. Como dizia o escritor Amin Maalouf, o “desejo de saber pode ser infinito, sendo algo a que todos nós poderíamos entregar, porque é um universo inesgotável, ao contrário dos recursos do nosso planeta. Não somos apenas visitantes neste planeta, ele pertence a nós assim como pertencemos a ele. O seu passado é nosso, assim como o seu futuro” Até chegarmos aos tempos de agora com esta grave pandemia que todo o mundo enfrenta, as notícias falsas raramente tiveram a capacidade de provocar a morte de milhares de pessoas. Mas agora, caso um número significativo de pessoas acreditar que usar uma máscara reduz a circulação do ar nos pulmões ou caso acreditem noutras mentiras que não vamos aqui reproduzir, é possível que o número de infectados se torne incontrolável. “Isto é tudo de uma magnitude nunca vista. Costumávamos falar do perigo da desinformação para a saúde da democracia, é uma coisa abstrata, agora não, agora são as vidas das pessoas que estão em perigo. Estamos a olhar para o um momento único que é o desenvolvimento da vacina e mesmo assim um há pessoas que dizem não confiar na ciência”, disse Adrienne LaFrance, editora executiva da “Atlantic”, na sessão “O perigo das Fake News em 2020”.
Porque é que “uma mentira já deu a volta ao
mundo antes de a verdade ter calçado as sapatilhas”? As”
fake news” ou notícias falsas ganharam destaque nos últimos tempos,
principalmente por duas razões: devido à facilidade e velocidade de
disseminação, e pelo impacto que podem gerar, sendo exemplo na influência
eleitoral de alguns políticos, casos de Trump Bolsonaro e Johnson. Só que
a manipulação e as notícias falsas, as
citações truncadas e mesmo inventadas, tudo isto tem muitas décadas - para não
dizer mais de um século, quando no século XIX a “yellow press” fazia o que
fosse preciso para vender jornais. Havia até um certo Joseph Pulitzer, que hoje
dá nome ao prémio de jornalismo mais importante do mundo, que na altura, com o
seu “New York World”, publicava alguma desinformação. “A desinformação é tão contagiosa e tão
problemática como o vírus porque há pessoas que não escolhem as fontes de
informação às quais têm acesso.
Esta é
uma questão muito séria e preocupante, devido às possíveis consequências nos
cidadãos.”(Rasmus Kleis Nielsen, Director
of the Reuters Institute for the Study of Journalism)
A nossa visão do mundo envolve aquilo que o mundo
nos parece ser e como os outros pensam e agem. Todos nós somos constantemente
influenciados pelo ambiente em que estamos inseridos. Um misto de informações
que surgem da cultura local, da nossa família e de outras pessoas. Mas nestes
tempos “as viroses” de informações
falsas influenciam de forma directa na consciência colectiva que
nos bombardeiam com mensagens diariamente, com enorme velocidade com que elas
se espalham, principalmente se seu criador as promove e as compartilha de
várias contas e redes ao mesmo tempo. É importante observar que as
consequências de compartilhar ou ser levado por informações falsas podem ser
muito graves, não apenas por causa das campanhas maliciosas por trás dessas
mensagens falsas e que, em alguns casos, procuram roubar informações e atacar a
privacidade, mas também para aquelas que afectam directamente a saúde. Embora,
às vezes, esse tipo de informação possa expressar as nossas próprias ideias,
isso não implica que seja uma informação confiável e verdadeira.“ Determinação,
coragem e autoconfiança são factores decisivos para o sucesso. Se estamos
possuídos por uma inabalável determinação, conseguiremos superá-los.
Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e
despidos de orgulho.”(Dalai Lama)