quinta-feira, agosto 17, 2017

O SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTES DE PASSAGEIROS (XI Parte - continuação)

O SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTES DE PASSAGEIROS 
(XI Parte - continuação)

 O CUMPRIMENTO  DA LEI É ASSIM TÃO DIFICIL? OU O “REQUERIMENTO QUE SE “PERDEU” NOS CORREDORES DO MINISTÉRIO DAS FINANÇAS!!

“Quando o Governo não cumpre nem  faz cumprir a lei, algo não está bem

UM MEMORANDO PROSPECTIVO SOBRE O SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. (continuação)

Não podemos esquecer que é a falta de eficácia e eficiência na acção politica e da gestão da “coisa pública”, que conduz a uma progressiva falta de credibilidade das politicas e da acção governativa.


MEDIDAS MEDIATAS PARA TODAS AS EMPRESAS DE REDUÇÃO DE CUSTOS OPERACIONAIS  Atendendo-se à especificidade da estrutura-laboral  destas empresas, serviço publico de transporte de passageiros e se de facto, se sequer implementar um conjunto de medidas que, necessariamente irão provocar uma redução dos custos operacionais  (custos com pessoal e fornecimento de serviços externos), com efeitos imediatos, (medidas de curto prazo) que não dispensa uma intervenção de reorganização estrutural e organizacional profunda nestas empresas, teria que se actuar, nomeadamente nas variáveis seguintes:

  • Extinção das numerosas empresas “ditas participadas”, com cessação de funções dos diversos administradores; (quais são os custos que estas empresas suportam com a Ferconsult, Metrocom , Fernave etc)?; 
  • Cessação de funções das numerosas e não justificáveis situações de prestação de serviços, por exemplo segundo julgamos saber dum elevado numero de juristas nos seus quadros e suportam custos elevados com a contratação de pareceres externos;
  •  Redução do número de Directores e outras chefias, algumas sem qualquer tipo de funções, que se estima nestas sete empresas envolverem entre 400/600 individualidades (entre outros ex-administradores, ex-politicos etc);
  • Exigência de rigoroso cumprimento de uma efectiva prestação de serviço, (exige uma completa reorganização dos horários de trabalho e das respectivas escalas de serviço com respeito e adequação à actividade do serviço publico de transportes – horários para servir os clientes e não horários para servir os trabalhadores das empresas) com efeitos significativos nos custos do trabalho, dito “extraordinário”, que só por si representa entre 10%-20% dos custos com pessoal (entre 100 a 200 milhões de euros/anuais)  anotamos que em empresas como o Metro, Transtejo/Soflusa os trabalhadores operacionais exercem as suas funções em apenas em, cerca de 50% do horário de trabalho efectivo;
  • Melhoria no controlo na aquisição de materiais que efectiva uma redução de cerca de  10%/15%  custos operacionais ou seja uma redução de cerca de  200/300 milhões de euros/ano;
  • Reformulação das estruturas hierárquicas e organizacionais nas empresas que tem que sofrer um profunda reformulação no sentido de corresponder ás necessidades de adopção dos princípios de governo das sociedades, contribuindo deste modo para uma maior transparência da gestão e da actividade dos gestores, garantindo a segurança e a fiabilidade dos sistema de controlo e, consequentemente, maior eficácia e eficiência no desempenho das organizações, é notório a insuficiência em matéria de definições estratégicas, controlo de gestão e reporte de informação nestas empresas – os gestores tem que ter uma maior proximidade, na acção e na gestão, dos operacionais nas empresas; o que implica uma redução de mais de 70% das actuais estruturas superiores de direcção;

a)      Melhoria da Gestão de Recursos Humanos - apostar na qualidade como postura profissional, valorização dos postos de trabalho, formação profissional e estabilidade laboral alicerçada num apoio social complementar;
b)       Profundo reforço das competências de liderança - a nível interno pela reformulação reforço da competitividade, rigor no controlo dos investimentos e das receitas; e a nível externo pela inovação e agressividade na promoção dos serviços prestados pela empresa;
c)      Introdução dos conceitos de qualidade, rapidez, comodidade e segurança, como elementos fundamentais para a prossecução de um serviço público de transporte de passageiros; Melhoria da oferta intermodal nos diversos modos de transporte inerentes á prestação do serviço público;

·         Criação de um “holding” para a gestão de todos os “meios” de transporte de Lisboa e outra no Porto melhoria na gestão e organização dos respectivos serviços, melhor aproveitamento dos recursos e meios disponíveis, e redução dos custos, entre outros de gestão, administrativos e comerciais. O estudo e implementação de um novo e diferente modelo empresarial com a criação de uma “Holding” á semelhança, por exemplo de Viena ( Áustria), permitindo uma redução de custos pelo melhor aproveitamento dos recursos e meios disponíveis. ( Metro, Carris, Transtejo/Soflusa e CP (área de Lisboa ou do Porto) numa única empresa, permite uma redução de custos estruturais e administrativos, uma maior eficácia e aproveitamento das potencialidades e recursos disponíveis); ( Salvo melhor entendimento e conhecimento o sistema de “ir-se privatizando parcelarmente será altamente prejudicial para o interesse público);
·         TITULARIZAÇÃO DO ENDIVIDAMENTO([1]), DE MÉDIO/LONGO PRAZO E RESPECTIVA TRANSFERÊNCIA PARA UMA “GESTORA” DA DÍVIDA e das previsíveis fontes de financiamento de modo a “desonerar” os elevados encargos com os serviços da dívida, que, neste momento, já deve ultrapassar os 17,4 mil milhões de euros, (em 2017 já ultrapassou os 30 mil milhões) com a criação de uma entidade gestora deste “fundo de titularização (a concentração numa só entidade gestora do fundo será mais vantajosa em termos negociais de “lançamento de obrigações” para financiamento deste fundo, que prioritariamente deveria captar a “poupança dos portugueses”) com o objectivo de permitir o saneamento económico e financeiro das empresas. Esta medida de “contratualização da dívida”, deverá ser acompanhada de outras medidas, nomeadamente as “fontes de financiamento  “e de medidas disciplinadoras na gestão e organização do serviço público de transporte de passageiros, , pois caso contrário a transferência do endividamento, , nada resolverá e tudo voltará ao mesmo daqui a uns anos.; (Junho 2012) .
·         Como previsíveis outras fontes de financiamento deste “empréstimo obrigacionista” para   pagamento da divida, entre outras, temos o IVA sobre o preço a bilhética (6%), parte do IMI na área servida pelo Metropolitano, e previsivelmente, parte das tarifas sobre a entrada de veículos em certas zonas de Lisboa e Porto e dos respectivos parqueamentos


Na liderança é importante haver reverência mas desde que exista sentido crítico e vontade para mudar as situações para melhor e beneficiando de forma justa e equilibrada. É isto que quase não se vê. Pessoalmente, acho que é preciso envolvermos e estudarmos os assuntos com espírito aberto, assumir os erros quando existem, criticar de forma construtiva e fazer bem o trabalho para quem pode tomar decisões.
Mas, na verdade um gestor (quer se considere um gestor/economista ou um economista/gestor) é um individuo, com um completo domínio das ferramentas teóricas de gestão, capaz de identificar as vantagens competitivas (pontos fortes e fracos) da sua organização, as ameaças e as oportunidades do meio envolvente, estabelecer programas estratégicos de intervenção em interacção com uma visão estratégica capaz de conciliar a multifuncionalidade, no caso concreto, de uma prestação de serviço público de transportes e implementar as medidas adequadas, liderando as pessoas da organização de modo eficaz e eficiente” de modo a alcançar a competitividade económica dos respectivos sistemas de transportes, como forma de vir a assegurar a sustentabilidade económica, ambiental e social, nas empresas.

(Continua)



[1]   Segundo sabemos de ouvir dizer, em finais de 2001 uma entidade bancária estrangeira propôs a aquisição de toda a divida existente na altura, com juros de 1%, e com as condições de as empresas fazerem a gestão dos seus rendimentos através dessa entidade bancária. Com a “queda do governo em Dezembro de 2001” tal solução foi posteriormente abandonada, segundo julgamos saber por “exigência” dos bancos portugueses”.