“Miguel Sousa Tavares acredita que grande problema de Portugal é a dependência crónica portuguesa em relação ao Governo.
Foram os "reis que tomaram a iniciativa e monopolizaram os mercados" nos Descobrimentos, Salazar "não achava que os portugueses conseguissem governar-se a si próprios", no PREC "exigia-se tudo, porque tudo se podia exigir". Ao longo da história de Portugal, Miguel Sousa Tavares encontra um elemento transversal: o espírito de "encosto" ao Governo.
E acha que o futuro de Portugal tem de passar por um espírito mais empreendedorista: "Temos de premiar o mérito, quem arrisca, quem investe" e contrariar "o espírito da cunha política".
Orador num almoço do American Club de Lisboa, ontem, o jornalista e escritor defendeu que a "geração que chega agora ao mercado de trabalho" tem de deixar de obedecer "à geração instalada". Portugal "está a ficar maduro para uma revolta de gerações", destaca Sousa Tavares, pois "quem estuda, tem duas opções: ou vai para o desemprego ou para o estrangeiro". Para além do apelo a "uma revolução de mentalidades", é preciso impedir o abandono do País pelos jovens. "Um país que deixe sair a sua elite jovem está condenado" ao fracasso, destacou.
Miguel Sousa Tavares também quer sangue novo na política. "Gostaria de ver mais jovens na política, mas que não venham das juventudes partidárias, que são quase escolas de crime", sublinhou. Para o jornalista, "é importante que esta nova geração não vire as costas à democracia".
Sousa Tavares defende que esta geração deve de ter a coragem de fazer a "ruptura com aquilo que temos vivido, o 'viver habitualmente' enunciado por Salazar".
Após a sua intervenção, o convidado foi questionado sobre a possibilidade da entrada do FMI em Portugal. "Não acho que tenha de vir. Temos uma crise orçamental séria, mas não uma crise económica brutal", por isso a intervenção não faz sentido. E aproveitou ainda para atacar os partidos que votaram contra o Orçamento. O voto contra "foi uma hipocrisia, porque nenhum desses partidos queria que o Governo caísse. Quem é que queria pegar nisto com o FMI?", questionou.