ATÉ QUANDO VAMOS FINGIR QUE NÃO PERCEBEMOS?
De
acordo com a nossa percepção das coisas, a maior parte das pessoas sabem que na
política há portuguesa há muito lugar para o combate trauliteiro e lugar nenhum
para a sensatez e os compromissos no interesse público da generalidade dos
cidadãos.
Ainda a
propósito do sucesso politico na gestão das contas publicas em 2016, não me
parece estranho que Passos Coelho tenha falta de memória, é que depois de ter
prometido votar no PS se este respeitasse as metas do défice, de ter apelado à
direita europeia que boicotasse o governo, de ter esperado a rejeição do OE
pelo Eurogrupo, de ter exigido um plano B, de ter anunciado a vinda do diabo,
não consegue aceitar os resultados! Mais parece um presidente de um clube
desportivo mau perdedor, a dizer que houve um penalti por assinalar!!
Este e
outros mais fazem parte daquele “grupo” de políticos, que “conseguiram capturar parte do poder politico” que gostam de navegar
algures entre a ilusão e a irrealidade, o malabarismo e a irresponsabilidade, a
propaganda e a manipulação e as inverdades e os factos alternativos, sem
qualquer profissionalismo num reino de amadorismo, formando um grupo de políticos
palavrosos e inconsequentes, na imitação de uma turma de liceais imprevisíveis,
incoerentes e incapazes de perceber onde estão e ondem vivem.
Na
verdade o que esta “gente” não quer aceitar é que o sucesso nesta redução do
défice é extremamente positiva, e por várias razões: Demonstra à saciedade que
existia alternativa ao “não havia alternativa”! Que essa alternativa não
passava pela simples austeridade sempre sobre os mesmos, (reformados, pensionistas
e os que vivem do salário), tidos por únicos responsáveis pelo descalabro das
contas públicas. Porque se demonstra que os Bancos portugueses (melhor
banqueiros) e internacionais, os verdadeiros grandes responsáveis tinham, não
pés de barro, mas pés de areia e movediça… Que a paz social, as reversões e a
confiança geral que, por si só, impulsionam a economia, são mais importantes
que quaisquer discursos macroeconómicos, sempre discutíveis e dependentes de
posicionamentos ideológicos já caducos.
Também
é verdade que não basta ter descido em 2016. É preciso que a trajectória
continue descendente, e o Governo assim promete e tem orçamentado. Porquê?
Porque só assim se fundamenta sem quaisquer hesitações e suspeitas por parte
das instituições europeias a sua sustentabilidade e a certeza de um caminho
correcto para afirmação política deste Governo e desta solução governativa. E
quando se fala em pelotões, como se de uma prova ciclista se tratasse, é bem
melhor ir à frente, do que se ter que fazer um esforço de recuperação que pode
ser inútil.
Por
isso, neste momento, tendo-se alcançado aquilo que nunca se alcançou, tendo-se
conseguido uma afirmação perante a CE que não existia, sendo possível
apresentar argumentos, em suma, creio ser salutar continuar este caminho, para
mim o caminho certo. Quem não estiver de acordo que objecte e apresente outro “Não são tempos para brincar, mas brinca-se!”
Até quando vamos nadar a fingir que não vemos ou não percebemos?
Armindo
Bento (Economista –aposentado)