Segundo afirmações do Presidente da Associação Sindical dos Juízes, Dr. António Martins, o "melhor remédio" contra a corrupção é "a prevenção" e sublinhou que em Portugal os grandes casos de corrupção "não chegam efectivamente a julgamento".
Depois das declarações feitas por Marinho Pinto, da manifestação de preocupação (não mais do que isso) tornada pública pelo Presidente da Republica, da entrevista dada por Cravinho, estas declarações, a corresponderem à verdade (que quase toda a gente dá como certas) é caso para dizer que o rei vai nu nesta nossa, débil, democracia e frágil Estado.
Comentando, a título pessoal, as recentes declarações do ex-deputado socialista João Cravinho de que a “grande corrupção de Estado e política está a aumentar” o presidente da Associação Sindical dos Juízes referiu que todas as pessoas, incluindo as que "estão dentro do sistema judicial", constatam que "grandes casos de corrupção não chegam efectivamente a julgamento".
Afirmando ainda, o Presidente da ASJP, que "se daqui partíssemos para a ideia de que não existia corrupção era óptimo, mas intuitivamente não parece ser essa a realidade", observando que, ao nível dos países europeus, Portugal não surge bem cotado nos estudos internacionais sobre corrupção.
"É inadmissível que todos os contratos públicos não sejam claros e transparentes de modo a que a sociedade aprecie se o dinheiro dos contribuintes foi bem ou mal gasto", vincou.
O juiz desembargador disse ainda, a título de exemplo, não fazer sentido que a sociedade não tenha acesso ao estudo que esteve na base do concurso público da Ponte Rainha Santa, em Coimbra, que teve um aumento de quase 300 por cento nos custos.
Subjacente a esta matéria, António Martins diz haver adjudicações por "um valor irrealista e depois os custos disparam", pelo que "é nesta perspectiva que há que tornar as coisas transparentes e cristalinas".
E assim por diante num, inacabado, rosário de contas mal paradas e pior explicadas, António Martins referiu vários exemplos afirmando de seguida que "Bastava copiar o modelo preventivo finlandês nessa matéria", admitindo que, se calhar, isso implicaria um outro modelo de financiamento dos partidos políticos portugueses.
Continuamos a aceitar que se esconda o gato com o rabo de fora ou, para defesa do rigor, da transparência e do reforço da democracia, somos capazes de assumir de vez que o actual estado de coisas não se compadece com um perpetuar de situação e há coragem de se tomarem medidas reformistas de métodos de trabalho? Pergunto eu aqui e agora.
Pelos vistos “isto” já lá não vai com simples retoques de cosmética. Aceitamos continuar a “maquilhar” a velha realidade?