domingo, março 03, 2019

“Teria passado a vida atormentado e sozinho se os sonhos me não viessem mostrar qual é o caminho“ (Agostinho da Silva)


  “Teria passado a vida  atormentado e sozinho  se os sonhos me não viessem  mostrar qual é o caminho(Agostinho da Silva)


Por vezes não temos consciência que o tempo é limitado e por isso não ajuda mesmo nada passar o tempo com medo do amanhã. O tempo é tudo o que temos. E, talvez chegue o dia, a todos mais tarde ou mais cedo isso acontece, que venhamos a descobrir de que temos menos do que julgamos!
“Na solidão da escuridão, quase consegui sentir a finitude da vida e sua preciosidade. Não damos valor, mas ela é frágil, precária, incerta, capaz de terminar a qualquer momento, sem aviso”. (John Grogan in Marley e Eu)
Qual o sentido das pessoas abraçarem as árvores? Qual o sentido de pessoas conversarem com um cachorro? Qual o sentido das pessoas admirarem as flores? A resposta é a mesma para todas as situações descritas. O sentido é a comunhão com a vida. Disse alguém que  “viver e conviver com o que nos cerca de forma harmoniosa é estabelecer o bem no mundo." Por tudo isto, o que me faz sentir muito melhor é o olhar para o meu cachorro e pensar perceber o que ele me diz:” Tem confiança em mim. Eu sou leal. Dá-me algum tempo para entender o que queres de mim. Sou irracional, mas capaz de retribuir a tua estima e paciência”. E, por isso mesmo, que quando temos que tomar uma decisão, que pode ser uma “decisão da vida”, devemos ponderar e reflectir sobre a mesma. Temos de ter a percepção de que “o importante da amizade não é conhecer o amiga (o); mas sim saber o que há dentro dele ou dela!...” Cada amigo (a) novo(a) que ganhamos na vida, melhora e   enriquece-nos como pessoas, não pelo que nos dão, mas pelo  quanto descobrimos de nós mesmos. Ser amigo(a) não é coisa de um dia. São gestos, palavras, sentimentos que se solidificam no tempo  e não se apagam jamais. O ou a amigo(a) revela, desvenda, conforta. É uma porta sempre aberta em qualquer situação.”
Tempos difíceis acontecem a e com TODOS nós na nossa vida, não importa quantas ferramentas “utilizamos”, truques, práticas ou rituais que tenhamos como prática - não importa quantas vezes ou se fazemos ioga ou outras práticas similares  ou quantos livros de auto-ajuda nós lemos ou sessões de terapia que frequentamos.
Nós por vezes, não podemos ou não nos sentimos com capacidade para contornar as dificuldades, tanto quanto poderíamos desejar e “desistimos” de tentar. Na verdade são efeitos, denominados colaterais de se ser humano. Crescemos, e não apenas de modo e maneiras como queremos ou “sonhamos crescer”, e por isso nunca escapamos a tempos difíceis, ou que por vezes, nem todos conseguem superar. Mais uma vez aqui resulta darmos um pouco mais de atenção ao nosso cão:Não fiques zangado comigo por muito tempo. E não me prendas num qualquer lugar como uma punição. Tu tens o teu trabalho, os amigos, as diversões…. Eu só te tenho a ti. Fala comigo de vez em quando. Mesmo que eu não entenda as tuas palavras, compreendo muito bem a tua voz e o simples som dela me deixa feliz.”
Na realidade vejo e sinto que actualmente as pessoas se “focam” mais   em querer evitar ou escapar das dificuldades, que tem quase como seu único objectivo de vida, ao contrário  de querer aprender como se tornar mais tolerante e de maior e melhor compassividade para com os outros. O que podemos e temos de fazer é trabalhar para não deixar que os tempos difíceis definam quem somos, qual é o nosso valor ou se somos ou não suficientes e temos capacidade para superar as dificuldades que se atravessam na nossa vida. A nossa melhor opção é poder mudar a forma como reagimos aos tempos difíceis e à maneira como pensamos sobre nós mesmos à medida que eles surgem, o que realmente e de facto muda tudo. Para isso tal requer alguma prática e muita paciência, e não significa que nossa crítica interior esteja completamente envolvida, mas escolher mudar a nossa autopercepção durante alguns momentos da nossa “ luta” é um dos mais profundos actos de bondade que podemos oferecer a nós mesmos. Quanto menos vergonha nós tivermos por ter “carregar nessa fase de lutar”, mais espaço temos para praticar a compaixão à medida que nos movemos através dela, e mais espaço temos para crescer. 
 Já alguma vez pensou que todos nós podemos perdoar-nos por não sabermos o que sabemos agora? E, se nós ainda não o sabemos, podemos perdoar-nos por isso também? Decisão difícil essa de abrir mão de sonhos e pessoas porque não se pode lutar sozinho(a)...pois a vida é uma coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no desespero inteiro em certos momentos da vida de qualquer pessoa , e por isso não nos adianta mesma nada, passar o tempo com medo do amanhã!!!
“A vida é o que eu estou a ver: uma manhã majestosa e nua sobre estes montes cobertos de neve e de sol, uma manta de panasco onde uma ovelha acabou de parir um cordeiro, e duas crianças — um rapaz e uma rapariga — silenciosas, pasmadas, a olhar o milagre ainda a fumegar”. (Miguel Torga, in "Diário (1941)")

Sem comentários: