“O Sentido da vida é que ela termina.” ( Franz Kafka) .
Isto tudo vem a
propósito de que de repente parece que o País acordou para uma súbita urgência:
discussão sobre a guerra no ultramar. O que para muitos nada mais será do que
ideias do passado como fantasmas do presente. Na realidade esta temática foi
levantada após a “morte do tenente coronel Marcelino da Mata que foi só o
militar mais condecorado das nossas Forças Armadas”! O que levou ao
aparecimento não só na imprensa mas em especial nas redes sociais de um
chorrilho de opiniões avulsas que como o povo usa dizer “ que as redes sociais
costumam atirar aos cães vadios”. A realidade é que na nossa opinião aqueles
que dizem querer discutir “ a guerra colonial” – eu e muitos nunca estivemos
numa guerra colonial, mas sim “estivemos numa guerra do ultramar” – apenas
querem a novidade de um novo palco para poderem exibir a sua própria
ignorância. Esquecem-se que só a Historia pode discutir a “guerra” e não meia
dúzia de iluminados que nem sequer sabem sobre o que “escrevem e falam”! E para
a Historia cinquenta anos não é demais! “A vida é desprovida de sentido. Somos
nós que lhe damos sentido. O sentido da
vida é aquilo que nós lhe atribuímos. Estar vivo é o sentido.” (Joseph Campbell)
Talvez por isso fico quase
sempre numa grande dúvida: as pessoas escrevem mentiras no espaço público com
afirmações de certo modo vazias de conteúdo, de certa forma astuciosa, com o
objectivo de enganar, porque se enganam ou porque querem “trazer humor” ao
debate? Se assim é “isto tudo não
passa de conversa para boi dormir!” Mas, de qualquer modo não deixam de
ofender a honra e a dignidade de muitas centenas de milhares de jovens, e ainda
hoje há muitos vivos, que tudo deram inclusive a própria vida! Tudo o resto são instrumentos, peças no interior de
uma circunstância que não dominam, nem sequer fazem a mais leve ideia, porque
nunca lá estiveram! Que aqui fique bem claro de que não se trata de discutir a
“guerra colonial”, ou a “ a guerra do ultramar”, ou como lhe queiram chamar . O
que mais incomoda é a desenvoltura com
que, se julgam e condenam os vivos e os
mortos, e até a memória que os vivos têm dos mortos. “O possuir não existe,
existe somente o ser: esse ser que aspira até ao último alento, até à asfixia.
A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade
humana.”(Franz Kafka)
Como todos devíamos
ter a percepção de que a nossa memória colectiva é feita de pessoas comuns, com
suas grandezas e misérias. Discuti-la é fascinante. Julgá-la desta forma é
miserável. Como disse René Descartes: “O bom senso é a coisa do mundo mais
bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de
contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele
que têm.” OU TALVEZ ESTIVESSE ERRADO!
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