"A gente olha, e outro é
que vê." (provérbio popular)
Nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos
o que nos leva a relembrar que por vezes olhamos, mas não vemos nada. Umas
vezes porque as coisas são demasiado pequenas, outras por serem demasiado
grandes, e outras ainda porque decidimos não querer ver! A verdade é que talvez
seja por não querermos aceitar, como diz a voz do povo, “não se deseja o que
o olhar não veja”, independentemente das razões acabamos sempre por ter uma
visão parcial da realidade. Como disse Madre Teresa de Calcutá: “Muitas
vezes olhamos mas não vemos. Estamos apenas de passagem por este Mundo.
Precisamos de abrir os olhos e ver.”
Penso que todos nós fomos surpreendidos pelos
acontecimentos relacionados com o impacto do “chamado novos vírus” e sofremos
as consequências ao ter de encontrar um novo e diferente “modelo de viver”.
Todos nós temos uma visão própria do “mundo que nos rodeia” e criamos a nossa
“própria realidade” – há quem dia que são modos de ver o mundo que não revelam
a realidade e que julgamos ter uma visão exacta do mundo, quando na verdade,
temos uma visão distorcida. Como disse o escritor Vergílio Ferreira, “uma verdade
só é verdade quando levada às últimas consequências. Até lá não é uma verdade,
é uma opinião.”
Todos nós
sentimos que as nossas sociedades não estavam e não estão bem preparadas, ou
nem sequer minimamente preparadas, para enfrentar o inesperado; ressalva-se
aqui no caso concreto desta pandemia, o exemplar comportamento de todos os que
integram o Serviço Nacional de Saúde, com a excepção para aqueles que o “querem
destruir”. Temos que aceitar que na realidade, e no geral, os “nossos políticos”,
gerem muito bem as “tricas políticas quotidianas”, omitindo ou “esquecendo-se” que
a revolta é a linguagem daqueles que não são ouvidos.
Temos todos uma obrigação de saber ouvir, inclusive os políticos, porque também
são cidadãos, com direitos, mas também com deveres, talvez seja útil relembrar
que quando valorizamos a vida de outras pessoas, também valorizamos a nossa, sendo que , nestes tempos, o nosso maior
receio é que passada a pandemia voltemos
ao habitual, esquecendo o subtil - por mais ameaçador que ele seja - para nos
ocuparmos exclusivamente do ruidoso: como diz um amigo meu, "se tivéssemos
de apostar um jantar, diria que vamos aprender (com esta crise), mas pouco e
tarde".
Tenho a percepção de que chegou o momento de
pensarmos um pouco na complexidade do mundo em geral, ( e não só no que nos
rodeia) e sermos capazes de identificar e antecipar os riscos. Nestes tempos em
que somos “bombardeados “continuamente por uma informação massiva, temos que
ser capazes de pensar e discernir as tendências estruturais que marcam a
mudança. Ou dito por outras palavras:
Faz o que tens de fazer… Independentemente dos resultados no futuro ou dos
fracassos do passado, sem te importares com o que os outros pensam de ti. É uma
forma pretensiosa de dizer “vive o teu presente”, mas dito assim de outra
maneira… pode ser que alguém ultrapasse o chavão e compreenda realmente o seu
significado.
“Recomeça...Se puderes. Sem angústia .E sem pressa. E os passos que deres
,Nesse caminho duro, Do futuro Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances. Não
descanses. De nenhum fruto queiras só metade. “(Miguel
Torga Diário XIII).
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