quarta-feira, junho 17, 2020

"A gente olha, e outro é que vê." (provérbio popular)



"A gente olha, e outro é que vê." (provérbio popular)

Nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos o que nos leva a relembrar que por vezes olhamos, mas não vemos nada. Umas vezes porque as coisas são demasiado pequenas, outras por serem demasiado grandes, e outras ainda porque decidimos não querer ver! A verdade é que talvez seja por não querermos aceitar, como diz a voz do povo, “não se deseja o que o olhar não veja”, independentemente das razões acabamos sempre por ter uma visão parcial da realidade. Como disse Madre Teresa de Calcutá: “Muitas vezes olhamos mas não vemos. Estamos apenas de passagem por este Mundo. Precisamos de abrir os olhos e ver.”
Penso que todos nós fomos surpreendidos pelos acontecimentos relacionados com o impacto do “chamado novos vírus” e sofremos as consequências ao ter de encontrar um novo e diferente “modelo de viver”. Todos nós temos uma visão própria do “mundo que nos rodeia” e criamos a nossa “própria realidade” – há quem dia que são modos de ver o mundo que não revelam a realidade e que julgamos ter uma visão exacta do mundo, quando na verdade, temos uma visão distorcida. Como disse o escritor Vergílio Ferreira, “uma verdade só é verdade quando levada às últimas consequências. Até lá não é uma verdade, é uma opinião.”
 Todos nós sentimos que as nossas sociedades não estavam e não estão bem preparadas, ou nem sequer minimamente preparadas, para enfrentar o inesperado; ressalva-se aqui no caso concreto desta pandemia, o exemplar comportamento de todos os que integram o Serviço Nacional de Saúde, com a excepção para aqueles que o “querem destruir”. Temos que aceitar que na realidade, e no geral, os “nossos políticos”, gerem muito bem as “tricas políticas quotidianas”, omitindo ou “esquecendo-se” que a  revolta é  a linguagem daqueles que não são ouvidos. Temos todos uma obrigação de saber ouvir, inclusive os políticos, porque também são cidadãos, com direitos, mas também com deveres, talvez seja útil relembrar que quando valorizamos a vida de outras pessoas, também valorizamos a nossa,  sendo que , nestes tempos, o nosso maior receio  é que passada a pandemia voltemos ao habitual, esquecendo o subtil - por mais ameaçador que ele seja - para nos ocuparmos exclusivamente do ruidoso: como diz um amigo meu, "se tivéssemos de apostar um jantar, diria que vamos aprender (com esta crise), mas pouco e tarde".
Tenho a percepção de que chegou o momento de pensarmos um pouco na complexidade do mundo em geral, ( e não só no que nos rodeia) e sermos capazes de identificar e antecipar os riscos. Nestes tempos em que somos “bombardeados “continuamente por uma informação massiva, temos que ser capazes de pensar e discernir as tendências estruturais que marcam a mudança.  Ou dito por outras palavras: Faz o que tens de fazer… Independentemente dos resultados no futuro ou dos fracassos do passado, sem te importares com o que os outros pensam de ti. É uma forma pretensiosa de dizer “vive o teu presente”, mas dito assim de outra maneira… pode ser que alguém ultrapasse o chavão e compreenda realmente o seu significado.
“Recomeça...Se puderes. Sem angústia .E sem pressa. E os passos que deres ,Nesse caminho duro, Do futuro Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances. Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade. “(Miguel Torga  Diário XIII).

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