Os ricos vivem da
existência de pobres!
Os poucos muito ricos vivem da existência de
muitos muito pobres. Em 1654, o Padre António Vieira disse-o de forma frontal e
imorredoura: "Não só vos comeis uns aos outros, senão que
os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os
pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como
os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só
grande."
No Portugal da crise
há milhões que estão a ser condenados a perder o pouco que têm e há uns poucos
que estão a aumentar o muito que já tinham. Os 3,3 mil milhões acrescentados à
riqueza de 25 pessoas em Portugal num ano mostram à evidência que a pergunta insistente
a quem exige um caminho alternativo à austeridade - "sim, mas onde é que
vai buscar o dinheiro?" - deve ser feita, e cada vez mais, a quem acha que
a austeridade é o caminho, sob a forma de "pois, mas para onde
é que vai o dinheiro?".
Em Portugal a
pobreza democratiza-se, ao passo que a riqueza se aristocratiza a cada momento
que passa. A história dos 25 que hoje dominam a riqueza do país é feita de
combate à concorrência (e não do seu reforço), de luta por posições
monopolistas (tantas vezes com a cumplicidade do Estado), de fusões e tomadas
de capital - frequentemente acompanhadas decruzamentos familiares efectivos -
tanto intra como intersectoriais. Não há em Portugal, nunca houve, capitalismo
popular, ele é um embuste.
Na semana em que o
Governo aprovou o Orçamento mais agressivo das pessoas de que há memória no
tempo da nossa democracia, ficámos a conhecer o rosto e o nome de quem está a
ganhar mais com esta política. Essa coincidência no tempo traz-nos de volta a
reflexão incómoda do Padre António Vieira: "A diferença que há
entre o pão e os outros comeres é que para a carne há dias de carne, e para o
peixe dias de peixe, e para as frutas diferentes meses
do ano; porém, o
pão é comer de todos os dias, que sempre e continuadamente se come: e isto é o
que padecem os pequenos. São o pão quotidiano dos grandes; e assim como o pão
se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos."
“Associação cívica Transparência e Integridade diz que Administração
Pública e política transformaram-se numa "central de negócios que
favorecem os jogos de corrupção".
O vice-presidente da associação cívica Transparência e
Integridade criticou ainda a incapacidade portuguesa de recuperar para o Estado
os activos financeiros capturados aos arguidos em casos de corrupção. Morais
lembrou casos de corrupção na Expo-98, Euro-2004, o caso dos submarinos e os
casos do Banco Português de Negócios (BPN) e do Banco Privado Português (BPP),
para dizer que a corrupção tem sido “crescente” e “latente” e notou que, em
relação “aos poderosos”, o Estado coloca-se frequentemente numa "posição
de respeitinho", senão mesmo de "cócoras".
No Índice de
Transparência do poder local a Câmara de Almeirim encontra-se no lugar 263º
entre os 308 Municípios do País????????
(http://poderlocal.transparencia.pt/camara/229)
SEM COMENTÁRIOS?????
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