“TENHO, COMO TODOS NÓS, O RECEIO DE QUE ISTO NÃO ACABE.” (Marta Temido)
Mas nada disto nos
pode espantar! A realidade é que nestes tempos somos cada vez mais intoxicados
por outro “vírus pandémico”, aquele de que o senhor Trump, e agora os seus
parceiros e sucessores que por aí pululam, por todo o lado, incluindo os “feiticeiros
na imprensa e na política”, onde todos são
“experts” em saúde e são os verdadeiros injectores do vírus - o pseudo-neoliberalismo
- ao postular que "não existe essa coisa de sociedade ..."? Nada que
nos espante!!!” Os bons vi sempre passa/No mundo graves tormentos;E para mais me espantar/Os
maus vi sempre nadar/Em mar de contentamentos.”(Luís de Camões)
No nosso País, como em todo o Mundo, estamos a enfrentar uma guerra tão complicada quanto a
que tem por inimigo um vírus quase invisível, mas de efeitos devastadores na
vida das pessoas por ele afectadas, e por isso seria natural que todos
concentrassem forças no seu combate, confiando na ciência e nos cientista e na
liderança de quem o combate e nos governa, levar de vencida este
novo cabo das tormentas, que deveremos e temos de dobrar. “Depois de procelosa
tempestade, Nocturna sombra e sibilante vento, traz a manhã serena claridade, Esperança
de porto e salvamento. Não se pode ter paciência com quem quer que lhe façam o
que não faz. Quem não sabe a arte, não a estima.”(Luís de Camões)
Nestes tempos, e não só agora no “tempo de
confinamento” é lamentável como toda a imprensa está focalizada no que aparenta
ser negativo e desvaloriza o muito que de positivo vai acontecendo. Todos os
dias, vimos com certo espanto, o empenho dos “ditos jornalistas” em nos fazer
imergir na peça que eles interpretam em vários andamentos (perigo, desastre,
tragédia apocalipse), numa aposta nas minudências a que dão injustificado
ênfase, como se os pecados dos “chicos espertos” sempre prontos a
aproveitarem-se das peculiaridades das situações para delas colherem o melhor
proveito, ao certo é que nos deixam obtusos, anestesiados, irritados ou
aterrorizados, conforme o nosso grau de permeabilidade e de “literacia
mediática”, como se diz hoje, mas não deixam de “deixar directa ou indirectamente
que a culpa de tudo isto” é de quem nos governa, no não reconhecimento que
todos nós contribuímos, com as nossas acções e omissões, para esta catástrofe que
nos oprime e nos enluta. A realidade, em que ninguém sério e honesto pode contestar
de que a actual situação de pandemia, tem sido acompanhada de “uma pandemia de
noticias falsas”. Ora contra esta “pandemia de noticias falsas há uma vacina –chamada
espirito critico.” A criança portuguesa é
excessivamente viva, inteligente e imaginativa. Em geral, nós outros, os
Portugueses, só começamos a ser idiotas - quando chegamos à idade da razão. Em
pequenos temos todos uma pontinha de génio.”(José Maria Eça de
Queirós)
Não negamos a gravidade desta pandemia,
devemos perceber que quanto mais este jornalismo obeso e com a cegueira da
enumeração se aplica a mostrar menos dá a ver, quanto mais imagens nos fornece
mais visão nos confisca, quanto mais nos quer convencer de que toca a realidade
e a verdade mais produz ficção e mentira. Este jornalismo da mesmice — dos
mesmos factos, das mesmas pessoas e do mesmo tom — que encena pela redundância
uma ilusão de totalidade, coloca-nos
perante um enigma: os jornalistas fazem-no por genuína convicção, por convicção
induzida através de um mecanismo coercivo, ou sem nenhuma convicção, mas
enquanto funcionários pragmáticos? Ficaríamos a saber alguma coisa de útil e
mais aprofundada se eles se dispusessem a falar da sua profissão e das
circunstâncias em que trabalham sem ser para cantar hinos e celebrar os
sucessos da instituição que lhes dá emprego. John Maynard Keynes disse uma vez
dos seus pares: “Os economistas estão ao volante da nossa sociedade, mas deviam
estar no banco de trás”. É justo e razoável achar que Keynes tinha razão em
1946, quando fez essa afirmação, e continua a tê-la hoje. Vão para ele os
créditos se dissermos mais ou menos o mesmo de quem vai ao volante deste
jornalismo que nos é servido diariamente na televisão (e não falei sequer dos
jornais onde a grande maioria dos compradores o deixaram de fazer) . E,
finalmente apetece-me dizer que entre o desalento de uns e a angústia de
outros, arriscamos a vida na percepção do muito que ainda temos para construir.
Porque como se costuma dizer “A vida continua”. E continua a exigir de todos a
criatividade, resiliência e estabilidade emocional para nos reinventarmos a
cada momento, mesmo a partir de casa. “Nada na vida tem risco zero!” “Eu sei
que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. À parte isso, eu tenho em mim
todos os sonhos do mundo.”(Fernando Pessoa)
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