sexta-feira, fevereiro 05, 2021

“TENHO, COMO TODOS NÓS, O RECEIO DE QUE ISTO NÃO ACABE.” (Marta Temido)

 “TENHO, COMO TODOS NÓS, O RECEIO DE QUE ISTO NÃO ACABE.” (Marta Temido)

 Sentimos todos que nestes tempos nos invade um grau de grande incerteza nas nossa vidas, é uma realidade que não podemos, nem conseguimos deixar de pensar.

Mas nada disto nos pode espantar! A realidade é que nestes tempos somos cada vez mais intoxicados por outro “vírus pandémico”, aquele de que o senhor Trump, e agora os seus parceiros e sucessores que por aí pululam, por todo o lado, incluindo os “feiticeiros na imprensa e  na política”, onde todos são “experts” em saúde e são  os verdadeiros  injectores do vírus - o pseudo-neoliberalismo - ao postular que "não existe essa coisa de sociedade ..."? Nada que nos espante!!!” Os bons vi sempre passa/No mundo graves tormentos;E para mais me espantar/Os maus vi sempre nadar/Em mar de contentamentos.”(Luís de Camões)

 No nosso País, como em todo o Mundo, estamos  a enfrentar uma guerra tão complicada quanto a que tem por inimigo um vírus quase invisível, mas de efeitos devastadores na vida das pessoas por ele afectadas, e por isso seria natural que todos concentrassem forças no seu combate, confiando na ciência e nos cientista e na liderança de quem o combate e nos  governa, levar de vencida este novo cabo das tormentas, que deveremos e temos de dobrar. “Depois de procelosa tempestade, Nocturna sombra e sibilante vento, traz a manhã serena claridade, Esperança de porto e salvamento. Não se pode ter paciência com quem quer que lhe façam o que não faz. Quem não sabe a arte, não a estima.”(Luís de Camões)

 Nestes tempos, e não só agora no “tempo de confinamento” é lamentável como toda a imprensa está focalizada no que aparenta ser negativo e desvaloriza o muito que de positivo vai acontecendo. Todos os dias, vimos com certo espanto, o empenho dos “ditos jornalistas” em nos fazer imergir na peça que eles interpretam em vários andamentos (perigo, desastre, tragédia apocalipse), numa aposta nas minudências a que dão injustificado ênfase, como se os pecados dos “chicos espertos” sempre prontos a aproveitarem-se das peculiaridades das situações para delas colherem o melhor proveito, ao certo é que nos deixam obtusos, anestesiados, irritados ou aterrorizados, conforme o nosso grau de permeabilidade e de “literacia mediática”, como se diz hoje, mas não deixam de “deixar directa ou indirectamente que a culpa de tudo isto” é de quem nos governa, no não reconhecimento que todos nós contribuímos, com as nossas acções e omissões, para esta catástrofe que nos oprime e nos enluta. A realidade, em que ninguém sério e honesto pode contestar de que a actual situação de pandemia, tem sido acompanhada de “uma pandemia de noticias falsas”. Ora contra esta “pandemia de noticias falsas há uma vacina –chamada espirito critico.” A criança portuguesa é excessivamente viva, inteligente e imaginativa. Em geral, nós outros, os Portugueses, só começamos a ser idiotas - quando chegamos à idade da razão. Em pequenos temos todos uma pontinha de génio.”(José Maria Eça de Queirós)

 Não negamos a gravidade desta pandemia, devemos perceber que quanto mais este jornalismo obeso e com a cegueira da enumeração se aplica a mostrar menos dá a ver, quanto mais imagens nos fornece mais visão nos confisca, quanto mais nos quer convencer de que toca a realidade e a verdade mais produz ficção e mentira. Este jornalismo da mesmice — dos mesmos factos, das mesmas pessoas e do mesmo tom — que encena pela redundância uma ilusão de totalidade,  coloca-nos perante um enigma: os jornalistas fazem-no por genuína convicção, por convicção induzida através de um mecanismo coercivo, ou sem nenhuma convicção, mas enquanto funcionários pragmáticos? Ficaríamos a saber alguma coisa de útil e mais aprofundada se eles se dispusessem a falar da sua profissão e das circunstâncias em que trabalham sem ser para cantar hinos e celebrar os sucessos da instituição que lhes dá emprego. John Maynard Keynes disse uma vez dos seus pares: “Os economistas estão ao volante da nossa sociedade, mas deviam estar no banco de trás”. É justo e razoável achar que Keynes tinha razão em 1946, quando fez essa afirmação, e continua a tê-la hoje. Vão para ele os créditos se dissermos mais ou menos o mesmo de quem vai ao volante deste jornalismo que nos é servido diariamente na televisão (e não falei sequer dos jornais onde a grande maioria dos compradores o deixaram de fazer) . E, finalmente apetece-me dizer que entre o desalento de uns e a angústia de outros, arriscamos a vida na percepção do muito que ainda temos para construir. Porque como se costuma dizer “A vida continua”. E continua a exigir de todos a criatividade, resiliência e estabilidade emocional para nos reinventarmos a cada momento, mesmo a partir de casa. “Nada na vida tem risco zero!” “Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. À parte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo.”(Fernando Pessoa)

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